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Os melhores filmes de 2008

Depois de divulgada a lista dos piores filmes de 2008, eis que agora a equipe do Cine Players escolheu a lista dos 10 melhores filmes lançados no ano passado, dentre os exatamente 331 títulos que desembarcaram em nossos cinemas, incluindo relançamentos e novas produções.

Foram citados 47 longas-metragens, dos mais diversos gêneros. Curiosamente, dois dos filmes mais citados pelos editores não entraram na lista final: Vicky Cristina Barcelona, com quatro dentre treze citações possíveis, e Apenas Uma Vez, com cinco. O décimo lugar, por exemplo, foi citado apenas três vezes.

Entretanto, a listagem final realmente representa aquilo que os editores do site consideram como o melhor da safra que passou. Vamos a eles:

 

Enquanto o cinema romeno crescia narrando tragédias com humor negro, como "A Morte do Senhor Lazarescu" e "A Leste de Bucareste", 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias surgiu como uma produção perigosamente amarga, que não alivia em momento algum o espectador que acompanha o terrível dia de Otília, protagonista do drama. Com o aborto como tema principal, Cristian Mungiu apresentou o retrato de uma jovem que aceita as piores condições possíveis para resolver um grave problema, que, ainda por cima, não é seu. A obra, que permanece com quem a assiste por muito mais tempo do que o de sua duração, foi merecidamente vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2007. Conrado Heoli

   

Linha de Passe acaba sendo o melhor filme brasileiro de 2008, pelo menos dentro do cinema mainstream (ou seja, ignorando aquelas obras obscuras que são lançadas em uma ou duas salas do país e sequer chegam às locadoras quando isso deveria acontecer, meses mais tarde). Apesar de tratar pela enésima vez a temática da favela, agora na cidade de São Paulo, o filme de Walter Salles é extremamente feliz ao conseguir fugir das caricaturas quase que completamente, criando um filme de múltiplas histórias centradas em uma mesma família da periferia, todas bastante críveis e cheias de ótimas qualidades artísticas. Tecnicamente, Salles prova mais uma vez estar em forma ao criar uma combinação de beleza e feiura que agrada aos olhos ao mesmo tempo em que não enfeita a pobreza. Uma grande obra. Alexandre Koball

  

A história violenta do Irã contada aos olhos de uma criança de maneira delicada e excepcional, tamanha competência que faz outros filmes do gênero, como "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" parecem brincadeira de criança. Em Persépolis, questionamentos são levantados, denúncias são feitas, protestos contra alguns costumes ficam óbvios. Conteúdo, técnica e fluidez na narrativa, perfeição em todos os casos. Rodrigo Cunha

 

Desejo e Reparação tem duas partes bem distintas (e o próprio cartaz do filme mostra essa separação). A primeira é um espetáculo, uma aula de cinema. É uma história contada de forma original, em que é feita a melhor construção de personagens em alguns anos. Após o clímax, seria possível fechar essa parte com uma nota 10. O que vem depois, no entanto, não é tão preciso. Pesou a tarefa da difícil transposição do livro de McEwan – essencialmente metalinguístico – e a trama perdeu força. Ainda assim, pode ser visto como um grande filme, uma obra ousada e intensa. Rodrigo Rosp

 

 

Em O Escafandro e a Borboleta, Julian Schnabel volta a falar sobre o tema que domina sua – ainda curta – filmografia: a arte como única salvação para a vida. Depois de lançar suas câmeras ao pintor Basquiat e ao poeta Reinaldo Arenas, o diretor nos conta história de Jean-Dominique Baubi, bem-sucedido editor da revista Elle que, aos 42 anos, foi vítima de um derrame cerebral. A única comunicação com o mundo exterior era seu olho esquerdo. Com um espetacular uso da câmera subjetiva, Schnabel – e seu diretor de fotografia Januz Kaminski – soube retratar como ninguém as limitações motoras do protagonista. Mesmo puxando pela memória, não me recordo de um filme que conseguisse atingir esse objetivo com tamanho sucesso. Além disso, O Escafandro e a Borboleta traz a cena mais tocante exibida nos cinemas brasileiros em 2008: a confissão de Baubi à sua fonoaudióloga (assombrosa interpretação de Marie-José Croze) que deseja morrer. Régis Trigo

  

Este é um daqueles filmes que te deixa uma marca, uma vontade. Chris McCandless – interpretado por Emile Hirsch – em sua busca pelo coração selvagem da liberdade, correu o suficiente para, ao aproximar-se dela, descobrir que ninguém pode ser feliz sozinho. Sean Penn encontrou nesta história real o misto de gana de mudança e doçura, e Na Natureza Selvagem foi/é uma das mensagens mais bonitas do cinema em 2008. Vale cada centavo do ingresso. Geo Euzebio

 

 

Batman - O Cavaleiro das Trevas foi lido de maneira ideológica por muita gente. Propositadamente, Christopher Nolan abriu lacunas para tal fato. Todavia, o filme vai muito além do simples panfleto: finalmente amadurecido como cineasta, Nolan mostra o rico universo do personagem em uma obra policial urdida, violenta e extremamente niilista. Superando seus antigos exageros visuais, o diretor emprega uma cinematografia rítmica e intensa ora na manipulação da câmera, ora na edição e na mise-en-scène fragmentada. Tudo isso pontuado pela música de dois veteranos (James Newton Howard e Hans Zimmer) e pelas interpretações acuradas do elenco – sendo Heath Ledger o destaque óbvio. Batman – O Cavaleiro das Trevas é uma obra-prima com força narrativa e originalidade suficiente para ser eleito um dos melhores filmes de 2008 pelo Cine Players. Carlos Vinícius

 

 

Não há exageros em afirmar que WALL·E, além de ser a melhor animação de 2008, é também um dos melhores filmes do gênero no cinema. Existem razões suficientes: partindo de um virtuosíssimo trabalho de computação gráfica, seus realizadores deram vida e humanidade a um carismático robozinho em sua tragicômica solidão no planeta Terra do futuro; uma história com lampejos de originalidade rara de se ver em longas animados, conseguindo a façanha de ser, ao mesmo tempo, um entretenimento familiar e uma obra de relevância cinematográfica; um argumento que remonta clássicos tão díspares do cinema quanto "A General", de Buster Keaton e "2001: Uma Odisseia no Espaço", de Stanley Kubrick. Sobretudo, uma obra que, sem didatismos e de forma bem-humorada, nos leva a uma reflexão sobre os rumos da civilização. Juliano Mion

 

 

Paul Thomas Anderson, o maior autor que Hollywood gerou nos últimos vinte anos, usa diferentes dicotomias para construir Sangue Negro, sem dúvida uma das grandes obras produzidas pelo cinema nesta década. O filme, livremente inspirado pelo romance Oil!, de Upton Sinclair, se assume tanto como um épico da formação do estado norte-americano quanto um retrato intimista de um ser humano, o memorável Daniel Plainview - em desempenho extraordinário de Daniel Day Lewis. É também um retrato um tanto tragicômico de uma sociedade regida por dilemas morais nem sempre seguidos, pelos quais tensões sociais, políticas e religiosas afloram todo o tipo de violência física e psicológica. Simplesmente genial. Andy Malafaya

 

 

O filme que consagrou de vez o talento dos irmãos Coen praticamente nada tem em comum com as comédias absurdas que ocupam boa parte de suas filmografias. Pelo contrário, é uma obra densa e com variadas possibilidades de interpretação, que exige a inteligência do espectador para ser completamente apreciada. Com uma direção segura, que subverte as expectativas da platéia e conduz a história em um nervoso clima de realismo, os cineastas construíram em Onde os Fracos Não Têm Vez uma melancólica reflexão sobre a degradação de nossa sociedade, onde a existência vivida com valores perde espaço para a desumanização que cresce a cada novo dia. Uma mensagem forte, mas transmitida de maneira sutil, através de nuances do inteligente roteiro, como os personagens repletos de significados. Onde os Fracos Não Têm Vez é uma daquelas obras que cresce a cada nova visita. Exatamente como os grandes filmes devem ser. Silvio Pilau

 

Seguem agora os escolhidos por cada editor:

Alexandre Koball: 1. Senhores do Crime / 2. Onde os Fracos Não Têm Vez / 3. O Escafandro e a Borboleta / 4. O Gângster / 5. Linha de Passe / 6. Os Indomáveis / 7. Na Natureza Selvagem / 8. Fim dos Tempos / 9. 2 Dias em Paris / 10. Batman - O Cavaleiro das Trevas

Andy Malafaya: 1. Sangue Negro / 2. WALL·E / 3. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 4. Persépolis / 5. Juízo / 6. Na Natureza Selvagem / 7. Do Outro Lado / 8. Canções de Amor / 9. O Nevoeiro / 10. A Era da Inocência

Carlos Vinícius: 1. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 2. Sangue Negro / 3. Fim dos Tempos / 4. Onde os Fracos Não Têm Vez / 5. Não Estou Lá / 6. 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias / 7. Na Natureza Selvagem / 8. WALL·E / 9. Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet / 10. Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto

Conrado Heoli: 1. WALL·E / 2. 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias / 3. O Escafandro e a Borboleta / 4. Sangue Negro / 5. Na Natureza Selvagem / 6. Canções de Amor / 7. Apenas uma Vez / 8. Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto / 9. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 10. O Nevoeiro

Eduardo Ross: 1. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 2. Sangue Negro / 3. Na Natureza Selvagem / 4. WALL·E / 5. Onde os Fracos Não Têm Vez / 6. O Escafandro e a Borboleta / 7. Fim dos Tempos / 8. Linha de Passe / 9. Não Estou Lá / 10. Vicky Cristina Barcelona

Geo Euzebio: 1. Onde os Fracos Não Têm Vez / 2. Sangue Negro / 3. Na Natureza Selvagem / 4. Linha de Passe / 5. Speed Racer / 6. Ainda Orangotangos / 7. 2 Dias em Paris / 8. O Nevoeiro / 9. Personal Che / 10. Vicky Cristina Barcelona

Juliano Mion: 1. Onde os Fracos Não Têm Vez / 2. Sangue Negro / 3. WALL·E / 4. Desejo e Reparação / 5. Na Natureza Selvagem / 6. Ensaio sobre a Cegueira / 7. Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto / 8. O Escafandro e a Borboleta / 9. Não Estou Lá / 10. Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

Priscila Sampaio: 1. Onde os Fracos Não Têm Vez / 2. WALL·E / 3. Desejo e Reparação / 4. Sangue Negro / 5. Persépolis / 6. Na Natureza Selvagem / 7. Juno / 8. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 9. Apenas uma Vez / 10. Ensaio sobre a Cegueira

Régis Trigo: 1. O Escafandro e a Borboleta / 2. Onde os Fracos Não Têm Vez / 3. Climas / 4. Persépolis / 5. Do Outro Lado / 6. 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias / 7. Fatal / 8. Paranoid Park / 9. Apenas uma Vez / 10. A Era da Inocência

Rodrigo Cunha: 1. Onde os Fracos Não Tem Vez / 2. WALL·E / 3. Desejo e Reparação / 4. Persépolis / 5. Sangue Negro / 6. Marley e Eu / 7. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 8. Vicky Cristina Barcelona / 9. Apenas uma Vez / 10. Queime Depois de Ler

Rodrigo Rosp: 1. Fatal / 2. Vicky Cristina Barcelona / 3. Ainda Orangotangos / 4. Paranoid Park / 5. O Sonho de Cassandra / 6. A Espiã / 7. Desejo e Reparação / 8. Queime Depois de Ler / 9. Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet / 10. Cloverfield - Monstro

Silvio Pilau: 1. Sangue Negro / 2. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 3. WALL·E / 4. Onde os Fracos Não Têm Vez / 5. O Orfanato / 6. Na Natureza Selvagem / 7. Desejo e Reparação / 8. Apenas uma Vez / 9. [REC] / 10. O Caçador de Pipas

Tatiane Crescêncio: 1. Batman - O Cavaleiro das Trevas / 2. Marley e Eu / 3. Busca Implacável / 4. WALL·E / 5. 007 - Quantum of Solace / 6. Quase Irmãos / 7. Linha de Passe / 8. Última Parada 174 / 9. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal / 10. Onde os Fracos Não Têm Vez

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