Telecine Recomenda: Finais Surpreendentes!
O cinema está cheio de histórias emocionantes - assustadoras, cômicas ou comoventes, todo mundo tem um filme de cabeceira cujo impacto da narrativa nunca saiu da memória. Tanto é que muitos costumam listar filmes com grandes reviravoltas, que transformam toda a percepção que o público tinha da obra até então. Obras como Clube da Luta e O Sexto Sentido são dois clássicos exemplos. Mas é claro que não apenas de reviravoltas inesperadas se fazem finais surpreendentes, mas também a audácia de roteiristas em apostar em conclusões corajosas e o talento em fechar histórias cativantes de um jeito que todo mundo vai lembrar. O Cineplayers, em parceria com o Telecine, lista dez filmes disponíveis no serviço de streaming da rede. Esquente a pipoca e prepare-se para a surpresa!
O filme que praticamente criou o gênero zumbi - o andar lento, a fome de carne humana e o isolamento dos sobreviventes são clichês todos estabelecidos em preto-e-branco pelo diretor George A. Romero. O clássico do horror é angustiante e claustrofóbico, com o elenco de personagens sendo cada vez mais reduzido e com cada vez menos opções de refúgio. De gelar a espinha até hoje e com um final chocante, crítico e pessimista.
Baseado no romance de Richard Matheson (autor também de Eu Sou a Lenda e O Incrível Homem Que Encolheu), Em Algum Lugar do Passado é uma emocionante história do amor com uma temática fantástica: viagens no tempo. Antes de filmes como Questão de Tempo, o longa traz o eterno Superman Christopher Reeve como um escritor contemporâneo apaixonado por uma atriz do início do século. Esse romance impossível ficou muito conhecido por um final que explora a tragédia do amor impossível utilizando a mitologia construída para a narrativa até então. Prepare os lenços, pois a choradeira é certa!
O ex-Monty Python Terry Gilliam é um cineasta único, conhecido por seu estilo visual turbulento e excêntrico. E nenhum filme representa isso tão bem quanto Brazil, a história de um homem que vive em uma distopia burocrática futurista e ganha sua chance de escapar daquilo tudo quando se apaixona por uma terrorista. Em meio a imagens assustadoras e evocativas, Gilliam consegue tanto soar ocasionalmente poético quanto mais frequentemente terrível. Um exemplo disso é o final muito bem-arquitetado que brinca com o lirismo e com o lúdico para então criticar os terrores da opressão do sistema.
Talvez os mais novos não lembrem, mas no final da década de noventa só se falava em A Bruxa de Blair. Filmado como um documentário perdido realizado por três estudantes desaparecidos, a obra trouxe uma carga forte de realismo que deixou muitos impressionados e abriu precedente para todo um novo gênero de cinema - o found footage, que também fez sucesso em [REC] e Atividade Paranormal. Muito disso se deve ao icônico e até hoje misterioso final, fonte de muitas perguntas e poucas respostas, onde o horror sugerido durante toda a obra se materializa, porém nunca se fechando totalmente. Ainda hoje, permanece com um dos desfechos mais fortes do cinema de horror.
Uma injustiça histórica foi reparada aqui: Martin Scorsese venceu finalmente o Oscar de Melhor Direção com o típico filme de gângster que fez todo mundo amar - com um gostinho diferente, já que este é o remake do chinês Conflitos Internos. Com isso, temos um filme curioso, onde um criminoso (Matt Damon) se infiltra na polícia e um policial (Leonardo DiCaprio) se infiltra na máfia irlandesa chefiada por Frank Costello (Jack Nicholson). Enquanto um tenta descobrir e expor o outro, os resultados são impensáveis e sangrentos. Os momentos finais são literalmente imprevisíveis, com reviravoltas repentinas e ousadas, e quem não foi pego desprevenido pelo que acontece realmente não deve se surpreender com mais nada!
Desde Incêndios, o diretor canadense Denis Villeneuve vem se destacando como um dos principais novos nomes do cinema. Seu olhar apurado e bastante plástico faz com que suas incursões nos filmes de gênero tenham resultados bastante únicos. Os Suspeitos, por exemplo, é mais do que o típico filme de investigação policial em busca de vítimas de sequestro; o personagem detetive de Jake Gyllenhaal é determinado, porém jovem e nem sempre respeitado; já o personagem de Hugh Jackman, de início um homem pacato, revela-se um indivíduo sombrio e brutal. O final é especialmente cruel com o espectador, não só porque suspeitas são confirmadas ou corrigidas, mas também porque, apesar de termos um desenlace, nem tudo termina bem. Com isso, o resultado é um desfechos mais agridoces em muito tempo.
Confinado a responder à mesa de emergências após um conflito de trabalho, o policial Asger vai enfrentar uma noite infernal - e nós vamo juntos com ele. Essa é a proposta de Culpa, filmado em apenas um ambiente e com apenas um ator fisicamente presente. Acompanhamos junto a ele o drama de uma mulher que pede ajuda após ter sido sequestrada e tenta não avisar o sequestrador. O filme carrega consigo um final estilo “soco na cara”, pois nos lembra que nem tudo é o que parece. De deixar quem assistiu engolindo a seco por tirar conclusões precipitadas.
Escrito e dirigido por Leigh Whannel (roteirista por trás de franquias como Jogos Mortais, Sobrenatural e que esse ano estreou O Homem Invisível), Upgrade é no mínimo curioso. Descrito pela Wikipédia americana como um filme “cyberpunk de horror físico e ação”, o filme é realmente tudo isso: a história faustiana de um homem que, após perder a esposa e ficar tetraplégico durante um assalto, concorda em receber um implante de inteligência artificial que o fará andar de novo. Mas além disso, o sistema STEM também propõe vingança ao protagonista. A partir daí, o filme torna-se cada vez mais violento até um final chocante, com uma reviravolta bem sacada e um desfecho cruel. Upgrade é a prova que o cinema de baixo orçamento ainda vive e respira muito bem, obrigado.
Após o sucesso de Corra!, Jordan Peele voltou em Nós mais ambicioso do que nunca, fazendo um filme de terror explorando a questão dos sósias e sugerindo de maneira sutil em seu roteiro uma discussão sobre sociedade e identidade. Do que nós somos capazes e o quanto conhecemos dos subterrâneos de nós mesmos parece ser a principal tônica desse terror classudo e iconográfico, carregado de cores fortes e uma performance assustadora de Lupita Nyong’o. O final é ambíguo, pois é tão apoteótico e épico quanto intimista, calcado tanto em uma revelação de explodir a cabeça quanto imagens apocalípticas. O diretor realmente não estava para brincadeira.
Desde o trailer, ninguém saberia explicar sobre o que realmente era o filme de Kléber Mendonça Filho, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes. Com uma estética violenta e uma narrativa calculista, Bacurau é um suspense abertamente sobre a resistência de uma comunidade do Sertão nordestino frente à ameaça representada por uma dupla de motoqueiros que surge certo dia na cidade. Inspirado tanto pelo Cinema Novo em filmes como Os Fuzis e A Hora Vez de Augusto Matraga quanto pelo faroeste spaghetti de obras como Quando Explode a Vingança e Vamos a Matar, Companheiros, o filme é um triunfo de ambientação e preparação de terreno. Seu final aberto gritando por vingança é com certeza poderoso, deixando uma sensação de tensão que permanece enquanto os créditos sobem.
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