O filme se ancora no tour de force de Teron e se ressente de um maior distanciamento e imparcialidade na construção de seu roteiro. Por ter sido realizado no calor do momento, Aileen fora executada meses antes do inicio da filmagem, a produção não teve a competência necessária de trabalhar com o material disponível, tornando a obra mero retratar de fatos sabidos, sem uma maior reflexão.

Crítica velada a falta a maquinização do ser em todos os setores da vida comum, inclusive no crime. É notório que viver uma "não existência" é o maior dos crimes cometidos pelo ser humano. E Clint questiona com profundidade que o único bem que possuímos que é nosso é nosso tempo e o que fazemos com ele. Em linguagem simples, direta, personagens sem profundidade por opção (que dói mais) contrastam com a grande maioria que é condicionada a ser isso e vegeta. Final dota de significado a vida.

A força do filme vem dos efeitos visuais e da soberba interpretação de Lon Chaney, certamente um dos 20 maiores atores da história do cinema. Mais de um século de vida, e apesar da reviravolta final permanece atualizadíssimo. A direção de Woorsley se centra em Blizzard, que realmente rouba todas as cenas. Pena que Chaney não prosseguiu no Cinema sonoro devido sua morte prematura, assim ficamos sem saber como seria essa transição, já que o cinema silencioso exigia outra forma de atuar.

Acabei de assistir. Jóia rara. Cineasta sabe dar seu recado de forma clara e simples. Não inventa e capta momentos de rara beleza e verdade. O povo, uma única família. Não importa a língua, as crenças, os costumes. Todos um só rebanho. E conheci cada palmo da São Paulo retratada. Na mesma época, andando a pé. O cenário sim conheci, já os personagens é tarefa impossível. É mundo demais para se desvendar em uma só existência: reais, sonham e possuem as necessidades mais pueris.