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Críticas

Cineplayers

Nos olhos de um soldado caçado, toda a crueza de uma guerra sem farda.

9,5

Brigas por ocupação indevida de países, por colonizadores que dominam suas colônias, por religião entre vizinhos... triste observar que isso existe desde o início dos tempos, atravessou séculos e ainda perdura. Tudo classificado como "crime de guerra"; motivação, ódio. De onde ele vem? Não se sabe. Essa urgência, essa intensidade, essa barbárie sem sentido está impressa nas 24 horas que ocupam 90% de ´71, estreia destruidora de Yann Demange em longa-metragem.

Não tem muitas palavras capazes de descrever a tensão real que o cineasta consegue de cara, e fecha como marca aos 20 minutos, com um inesperado tiro na cara de um personagem. Que espirra no protagonista e em nós. Daí tem início a via crucis desse jovem pai solteiro mandado para uma guerra sem trincheira, mas igualmente letal. É um dia de caçada humana, onde a cada esquina de um vilarejo na Irlanda pode tranquilamente guardar seu último instante vivo.

Se equiparando somente aos recentes filmes de Kathryn Bigelow, Demange volta aos anos 70 para que conheçamos a origem de uma matança que não cessa, sempre com a desculpa de "ideais, liberdade, justiça", que gera uma brutalidade, uma desumanização poucas vezes vista entre homens sem farda. Homens comuns, jovens, crianças, já de olhar turvo, cuja vida já se esvaiu antes de ser retirada.

Através das imagens perturbadoras, de sua montagem febril e de uma trilha sensacional, estamos na Irlanda dos anos 70 fugindo ao lado daquele jovem soldado, perdido homem, alma já em frangalhos. Um filme que com poucos ajustes de roteiro, coisa mínima mesmo, poderia ser considerado top do ano. Assim como ficou, garantiu só a pecha de melhor estreia de 2014.

Visto durante o Festival do Rio 2014

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