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Críticas

Cineplayers

Direção assombrosa e total falta de credulidade marcam esta história da passagem da infância para a adolescência.

1,0

Melissa (María Valverde), adolescente de uma família classe média, está se descobrindo mulher, e conseqüentemente, sua própria sexualidade. Platonicamente apaixonada por um rapaz mais velho da escola, recebe a oportunidade de um primeiro contato em uma festa na rica mansão do rapaz. Só que, ao invés de receber um sonhado beijo, Melissa é levada a fazer sexo oral, para logo em seguida ser deixada de lado. Ainda apaixonada, perde a virgindade em uma outra ocasião, de uma maneira ainda mais agressiva, e descobre-se perdida em um mundo de devassidão.

"100 Escovadas antes de Dormir" é baseado em livro, homônimo ao título nacional, que causou rebuliço na Itália, pois a autora afirmava que tudo o que estava escrito ali tinha acontecido realmente. E, vindo da Sicília, uma das regiões italianas mais conservadoras, só aumentava mais a sua polêmica. 

Acertar em um filme sobre ou para adolescentes deve ser algo muito difícil, afinal não é todo dia que encontramos algo significativo. Há muito daquelas comédias infestadas de piadas de banheiro, mas algo que traduza fielmente, ou ao menos parcialmente, esse momento de transição entre o mundo infantil e o novo mundo adulto, não. 

O grande problema aqui se chama Luca Guadagnino, o diretor. Há muito, mas há muito tempo que eu não via um trabalho tão equivocado como o deste rapaz, que também é um dos roteiristas. Ele não esconde sua inaptidão nem no início do filme, quando filma, sem pudores, cenas com atores falando para a câmera, tilts de apresentação de personagens do pé à cabeça e, o mais chocante, utiliza-se de um artifício que parece saído daqueles cinegrafistas de festas infantis: em uma cena, ele aproxima e afasta a câmera de seus personagens através de zoom, recurso que nem principiante tem coragem de utilizar. Além disso, transforma uma história que pede pinceladas fortes, em algo suspeitamente superficial, que acaba por não convencer ninguém.

E material para passar longe disso ele tinha de sobra, afinal sua protagonista, após os incidentes traumáticos em sua iniciação, passa a participar de jogos de sedução, a marcar encontros às escuras pela internet com sadomasoquistas, chega a fazer uma orgia com cinco homens, além de passar a ser humilhada na escola quando suas histórias passam a ser conhecidas pelos colegas. Mas tudo mostrado de forma mais implausível possível, mas emoldurado por trilha sonora moderninha e artifícios desnecessários como legendas na tela que apenas tentam disfarçar os equívocos e tentar aproximar-se do seu público-alvo.

A jovem espanhola María Valverde esforça-se para dar a sua personagem um mínimo de credibilidade ante tantos erros de seu condutor, e se fosse somente por ela o filme teria sido outro. Valverde ilumina a tela com o jeito ingênuo de sua personagem antes de todos os fatos que a perverterão e mostra-se vacilante (no bom sentido) nos momentos de carga sexual. A veterana Geraldine Chaplin, como a avó da garota, é outra que tem forte presença. É a personagem de Geraldine, inclusive, quem dá as tais cem escovadas no cabelo da menina, pois após isso os cachos do cabelo se desfazem e a pessoa passa a estar livre novamente de suas aflições. Grande metáfora...

Comentários (2)

Rosana Botafogo | segunda-feira, 12 de Novembro de 2012 - 01:32

Não achei o filme tão ruim nem a direção tão horripilante assim, mas gostei da crítica...

Jônatas O Romântico | quinta-feira, 13 de Dezembro de 2012 - 20:57

O Filme ruim, mas não chega tanto como Andy descreveu, mas a direção é muito, mas muito ruim.

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