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Críticas

Cineplayers

Muitos tiros e ação desenfreada, ao melhor som do rei Elvis.

5,5

3000 Milhas para o Inferno é uma mistura de Onze Homens e Um Segredo com Vida Bandida, mas bem inferior a ambos.

Um grande elenco que não é aproveitado, uma história manjada e Elvis, muito Elvis. Essa é a fórmula de "3000 milhas para o Inferno", filme lançado direto em VHS e DVD por aqui prometendo "muita ação e adrenalina" (pelo menos é o que pode ser visto nos vários cartazes espalhados pelas locadoras). Mas o que você acaba ganhando é muito sangue e violência.

Elvis acaba de sair do prédio

Logo de cara já se tem uma idéia do que está por vir. A apresentação mostra uma luta entre escorpiões computadorizados que é até legal nos primeiros cinco minutos, mas que, a partir daí, perde totalmente o sentido. Depois dessa cena dispensável, o telespectador é apresentado à Michael (Russell), um ex-detento pronto para retornar à vida de crimes. Para isso, ele se reencontra com o "parceiro" Murphy (Costner), um dos muitos filhos ilegítimos e não reconhecidos de Elvis Presley que convive com esse estigma como se fosse um sósia do "pai", inclusive adotando algumas de suas características mais marcantes (costeletas, alguém?). A gangue, que também é formada por Gus (Arquette), Hanson (Slater) e Franklin (Bokeem Woodbine) planeja roubar o Hotel Cassino Riviera, um dos mais famosos de Las Vegas, durante uma convenção da Semana Internacional do Rei do Rock. Todos eles vestidos à caráter, é claro. Michael ainda tem tempo para conhecer Cybil (Cox), que, seguindo à risca o clichê, se apaixona pelo bandidão.

Um pouco menos de conversa, um pouco mais de ação

Já deu para perceber que este é mais um filme de ação estúpido, cuja trama e personagens porcos servem apenas como desculpa para os tiroteios e explosões. Admito que algumas das cenas são mesmo marcantes (mais pelo seu alto teor "maduro" do que qualquer outra coisa), mas nada de tirar o fôlego. O diretor Demian Lichtenstein tentou fazer com que a película ficasse o mais cool possível, usando tomadas curtas e rápidas para dar um efeito chamativo, mas que a deixou com um ar de video-clipe. O filme apresenta algumas falhas no roteiro, como personagens que desaparecem de uma hora para a outra sem maiores explicações, e também sofre de falta de requinte (o plano arquitetado para o roubo do cofre nem pode ser comparado ao de Ocean e cia., devido à sua simplicidade). O que poderia se esperar de um antigo diretor de vídeos musicais da MTV?

Robin Hood: O príncipe dos ladrões

Se você for um fã de Kevin Costner, prepare-se: ele não faz mais o papel de bom-moço. A pedido do próprio, pela primeira vez o ídolo interpreta um vilão. E que vilão! Murphy é o típico bad boy, de boca suja e sem nenhum escrúpulo. Ele é mau. Ele mata tudo o que vê. Ele odeia policiais. Ele apaga o cigarro em criancinhas indefesas. Ele... Bem, você entendeu. Apesar de trabalhar bem, chega a ser engraçado vê-lo encarnando Robin Hood mais uma vez (há uma cena em que ele dá umas flechadas como nos velhos tempos, só que de maneira menos heróica). Kurt Russell fica um pouco atrás, embora o culpado por isso seja o cara que criou seu personagem. O estereótipo de "bandido-que-vira-mocinho" já foi usado pelo menos umas 800 vezes, em 800 filmes diferentes. Quem rouba a cena é Jesse (David Kaye), o filho mão-leve de Cybil que acompanha Michael por toda parte. O moleque trabalha melhor que muita gente no elenco, como o rapper norte-americano metido a superstar Ice-T (você nem imagina o que esse cara chega a fazer nos momentos finais; ainda bem que foi só uma ponta, diferente do outro Ice, o Cube, em Anaconda).

Em suma, 3000 Milhas para o Inferno (queria entender o porquê de Graceland ter virado Inferno) pode ser considerado um misto da idéia principal de Onze Homens e Um Segredo com a ação desenfreada de Vida Bandida, mas sem chegar nem a seus pés, mesmo não sendo de todo ruim e tendo sido lançado bem antes que os dois (pelo menos nos EUA). Se você procura ver algo só para tirar um lazer desencanado, sem se preocupar com trama ou atuação, esse filme foi feito para você. Agora, mesmo que você assista-o sem compromissos, é bom que não tenha nada contra caras que usam topetes, costeletas e roupas cheias de brilho coladas no corpo, porque senão é melhor ficar com as outras opções.

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