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Críticas

Cineplayers

Um filme de terror acima da média. Um dos melhores do ano no gênero.

6,5

Seis amigas com gosto por aventuras se reencontram, após traumático acidente envolvendo a família de uma delas, com a finalidade de explorar uma caverna subterrânea em algum lugar das Montanhas Rochosas. As dificuldades enfrentadas são previsíveis até que ocorre um desabamento. Descobrem-se presas no lugar e, pior, ameaçadas por seres sedentos por sangue.

É nessa premissa bastante simples (e que tinha rendido longa-metragem semelhante, o execrável A Caverna) que se desenvolve um dos melhores filmes de horror lançados no Brasil esse ano. Dirigido com inventividade pelo britânico Neil Marshall, que já havia experimentado o gênero com o interessante Cães de Caça, mostra logo no prólogo a que veio, com uma nova – e aflitiva – perspectiva para um acidente automobilístico. Depois, explorando a claustrofobia que o cenário naturalmente provoca: quando a protagonista Sarah (Shauna MacDonald) fica presa em um dos túneis, a câmera de Marshall parece movimentar-se de acordo com os movimentos da moça, girando de um lado para o outro, avançando e retrocedendo, provocando grande desconforto.

O diretor explora medos triviais para provocar tensão, como o escuro e o desconhecido, sem que isso signifique necessariamente sustos ou soluções fáceis. Abusando de planos fechados, ambientes com pouquíssima iluminação e construção crescente de clima, é um grande exercício de estilo, que mostra extremo cuidado com o quê mostrar e quando mostrar. Mostra disso é que os antagonistas são apresentados gradativamente, primeiramente através de vultos, depois em tomadas distantes, para finalmente chocar a platéia com um belo close de sua aparência nojenta. 

Outra grande sacada é incluir uma subtrama, apenas sugerida através de olhares, gestos e situações, que exige maior atenção por parte de quem está assistindo, pois é com esse desenvolvimento que auxilia a transformação da frágil Sarah em alguém capaz de cometer um ato de extrema irracionalidade, já perto do fim da projeção. 

Se há um grande revés no longa, este é a escolha por parte dos responsáveis em elevar o ritmo do filme em detrimento de um maior desenvolvimento das personagens. Os mandamentos sagrados de uma produção do gênero é envolver o espectador com as situações e com quem as está vivenciando, para provocar algum tipo de reação quando estas forem – de preferência, brutalmente – descartadas. Como o filme é curto, pouco mais de uma hora e meia, não há tempo de muita identificação com as personagens, e o impacto fica comprometido.

Mas esse pequeno problema não é capaz de amenizar a força do filme, que não deixa de mostrar sangue, muito sangue, para delírio dos apreciadores do gênero. A violência mostrada é gráfica, explícita, mas nem por isso agressiva como àquela mostrada em Viagem Maldita, outra produção recente de horror. Indício que classe e competência existem até na hora de uma bela machadada no crânio de alguém.

Para finalizar, há de se destacar a bela arte do pôster, referenciando a fotografia "In Voluptate Mors", que Philippe Halsman tirou de Salvador Dalí – mesma referência que o pôster de O Silêncio dos Inocentes já tinha usado, de forma mais discreta e menos eficiente.

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