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Críticas

Cineplayers

A série criada por Mel Brooks, parodiando 007, funciona em sua versão atualizada.

7,0

As coincidências da vida são realmente engraçadas: nunca havia assistido a nenhum episódio sequer da série dos anos 60 que originou este Agente 86. Porém, no exato dia em que vi o filme e cheguei em casa, estava começando um episódio da série. Óbvio que o assisti por inteiro, afinal, além de ser base para a crítica que viria a escrever em seguida, serviria como curiosidade para saber as diferenças e origens do personagem tão engraçado que é este Maxwell Smart, antes vivido por Don Adams, hoje copiado por Steve Carell. A questão é que é praticamente a mesma coisa, o que pode agradar ou desagradar a medida de suas expectativas.

A história é a mesma: integrante da corporação de agentes secretos americanos da CONTROLE, Maxwell Stewart (Steve Carell) vê seu sonho de ser promovido à agente se tornar realidade quando a KAOS, vilões russos de risadas maquiavélicas e ações catastróficas, descobre a identidade dos agentes secretos da CONTROLE e destroem sua base principal. Como Max não é um agente conhecido ainda, parte em busca da sede da KAOS, que está construindo bombas de destruição em massa, ao lado da sensual Agente 99 (Anne Hathaway), outra não conhecida pelos vilões da agência, para acabar com seus planos malignos.

Pelo que vi do seriado, até mesmo algumas piadas são reaproveitadas, como, por exemplo, a da pílula, já que esse episódio mostra exatamente a mesma gracinha de “como farei para que eles a engulam?”. Há também a aparição do Agente 13, em uma ponta do arrogante Bill Murray, o agente que sempre aparece em árvores, pedras, etc, para dar notícias a Max, o nosso 86. Há uma série de menções ao seriado, o que fará os fãs mais árduos delirarem, principalmente por terem mantido a ingenuidade do personagem intacta.

Isso me leva a pensar que, mesmo com esse monte de piadas recicladas, o filme é bom por fazer esse reaproveitamento de forma competente, engraçada e simples, sem precisar inventar ou tornar tudo inovador demais. Porém, a cópia exata de Dom Adams feita por Steve Carell soa mais como uma imitação do que uma releitura, já que até a voz é copiada do Max do seriado. Quando pensei nessa delicada situação de recriar um ícone, lembrei de Steven Martin na nova versão de A Pantera Cor-de-Rosa, que conseguiu manter as principais características do inspetor, sem necessariamente fazer uma cópia da versão clássica do personagem. Mas, justiça seja feita, Carell funciona.

Uma grande e bela surpresa foi Anne Hathaway, a quem cheguei até a fazer referência como um dos prós desse filme em nosso fórum. Apesar dela já ter mostrado o corpo em alguns outros trabalhos, sempre fiquei com a imagem da menina simples de O Diabo Veste Prada na cabeça, afinal, ela nunca havia sido sensual. Só que aqui ela assume um papel muito mais provocante, algo que não esperava, nunca, daquela menina – ou melhor, daquela mulher. Linda, marcando presença e, principalmente, com uma química bastante eficiente com Carell, mostra que as opções passadas de Jennifer Love Hewitt e Rachel McAdams foram mais do que superadas. É a minha nova queridinha em Hollywood e quem acompanharei os trabalhos de mais perto a partir de agora.

Já The Rock... err... Dwayne Johnson (ainda não me acostumei com essa troca de nome) faz o papel do Agente 23, que para quem acompanha a série, tem noção desde o início de sua função na trama. Porém, quem nunca viu um episódio sequer, saberá mesmo assim, tamanha sua previsibilidade. Mas continuo achando-o bom ator, mais uma vez mostrando um bom timing para a comédia e aceitando papéis perfeitos para a mescla de seu talento / físico. Já Alan Arkin faz o papel do chefe com pouca inspiração, mas também não há nem como culpá-lo, já que sua recorrência na série é pequena realmente, ao contrário de Terence Stamp, que se tornou um vilão sem carisma algum e completamente fora dos padrões propostos pela trama. Há ainda uma série de rostos famosos no elenco, como David Koechner, Masi Oka, James Caan, entre outros, em pequenos papéis.

Se você gosta de piadas leves, mas bem sacadas, e algumas com apelação para o lado físico da coisa, mas sem exageros, Agente 86 é a pedida certa para seu cineminha da semana. Mesmo não sendo nem um pouquinho original, é uma bela homenagem para todos que já gostam do seriado, além de um prato cheio novinho para quem nunca acompanhou as aventuras do atrapalhado Max na TV. Está tudo lá, os personagens, suas geringonças, os absurdos de roteiro (pessoas que correm na mesma velocidade de um avião? Ok)... Até as mesmas piadas. Mas é como Chaves: não importa quantas vezes veja a mesma coisa, todas serão engraçadas.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 15:39

O filme é engraçado e de uma forma que não se vê hoje: não-apelativo.

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