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Críticas

Cineplayers

Um mundo árabe refleto de magia, fantasia e paixão. Um dos melhores filmes da Disney, vencedor de 2 Oscar.

8,0

Nunca vou esquecer do dia que fui à primeira vez sozinho ao Cinema, ainda mais porque o filme era bom. Aliás, excelente, um marco na história da Disney. Coloquei minha roupa, chamei meu irmão mais novo e, com apenas 11 anos, estava indo ao Cinema perto de minha casa. O antigo Cisne, zona Oeste do Rio de Janeiro, em Jacarepaguá, mais precisamente. Lembro do cartaz, da sensação ao entrar no Cinema, de tudo realmente. Lembro também do dia que o Cinema foi demolido para a construção da Linha Amarela. Mas deixando o lado sentimentalóide de lado, Aladdin é realmente um dos melhores filmes que a Disney já produziu. Divertido, leve, sentimental, engraçado; inúmeros adjetivos podem ser relacionados a essa obra-prima da Disney de personagens marcantes e diversão para dar e vender.

A história fala sobre um menino pobre da cidade, Aladdin, que se apaixona um certo dia pela princesa da região, que havia fugido do castelo por se sentir presa demais, Jasmine. Desse amor impossível surgem diversas situações engraçadíssimas, tocantes e de uma certa profundidade que não costumamos encontrar nos desenhos animados atuais. Profundidade? Isso mesmo. Vou dar um exemplo bem simples: na cena que Aladdin leva Jasmine para poder conhecer o lugar onde mora, não são simples diálogos entre os dois que está rolando. Dá para sentir uma ambigüidade nos diálogos construídos para que os mais velhos entendessem, onde claramente Aladdin está falando de uma coisa, Jasmine de outra e, somente nós, os espectadores, percebemos isso. Para os dois é um diálogo normal, mas como conhecemos o background dos personagens, podemos saber que eles estão falando de assuntos diferentes.

Mas não é só do amor entre Jasmine e Aladdin que o fogo queima sua brasa. Temos o fiel escudeiro do nosso ladrãozinho do bem, o macaco Abu. Inteligentíssimo, algumas vezes o bicho se mete em roubada, outras vezes ajuda o seu dono e companheiro. A cena em que ele se encontra com o tapete mágico é hilária, além de muito bem feita. O tapete, por sinal, é outro personagem importantíssimo no filme. Ele consegue ter carisma suficiente para ser muito mais do que um simples objeto mágico pertencente aos personagens. É possível perceber seus sentimentos, sua luta, suas ações próprias.

O personagem mais carismático da história, sem dúvida, é o todo poderoso Gênio. Dublado na versão original por Robin Williams, ele é simplesmente um dos mais engraçados que a Disney já criou, e a voz de Williams caiu como uma luva para melhor dar vida ao personagem. Não haveria uma outra pessoa mais indicada para isto. Os mesmos rostos, as mesmas tiradas que Williams dá na vida real o gênio faz no desenho. Parece até que o personagem foi feito diretamente direcionado ao próprio ator. Aliás, ele ganhou uma bolada para dar vida ao personagem: 400 e poucos dólares por dia e mais um quadro original de um famoso pintor. Pouco, não? O ator divertiu toda a equipe durante os testes de vozes de seu personagem: além de fazer oito vezes seguida o que o roteiro pedia, o ator imitou diversas outras celebridades por mais de 30 vezes seqüentes, inclusive algumas sendo incluídas na versão final do filme (como Jack Nicholson, por exemplo).

Além desses principais, temos o vilão Jafar e seu seguidor Yago, o papagaio vermelho falante. Jafar é o tipo de vilão clássico, alto, magro, escuro, de olhar maldoso e com atitudes falsas para iludir os protagonistas da história. Yago é bem o tipo de Abu, atrapalhado, falastrão, sempre criando situações para divertir as pessoas. Há também o pai de Jasmine, o sultão gordinho e baixinho, de bochechas rosadas e simpático, que procura um marido para a filha.

Analisando diretamente, o sultão procura um marido para Jasmine e Jafar sabe que ela não gosta dele. O que aconteceria então? Assim que ela tomasse o poder com o marido, Jafar estaria, no mínimo, expulso do reino. Sua maquiavélica idéia então é ele próprio se casar com a princesa e virar o sultão de toda a Agrabah. Enquanto Jafar executa seu maldoso plano, ele procura uma lâmpada mágica, sabendo que dentro dela há um gênio e uma chance única de fazer três pedidos quaisquer. Só que Jafar não pode entrar na caverna onde a lâmpada se encontra, e sim somente um diamante bruto de coração puro. Quem? Aladdin, claro. Jafar então vai atrás do rapaz, que entra na caverna atrás da lâmpada e dinheiro. Então, temos o prazer de desfrutar de uma das melhores cenas do filme inteiro: a fuga insana de Aladdin, Abu e o tapete mágico de toda a caverna caindo aos pedaços.

Com o desenrolar da história, Aladdin se apaixona por Jasmine e faz de tudo para conseguir conquistar o coração da princesa. É quando protagonizamos umas das mais belas cenas já criadas pela Disney: o passeio de Aladdin e Jasmine pelos céus em cima do tapete mágico, ao som da incrível "A Whole New World". É simplesmente inesquecível essa cena, deixando qualquer um com lágrimas nos olhos. A canção e a trilha sonora são tão maravilhosas que renderam duas estatuetas do Oscar para o filme. Aconselho que comprem a trilha sonora, se puderem. As músicas, por sinal, ficaram excelentemente bem dubladas! Todas elas soam muito bem em suas versões nacional, algo realmente raro de acontecer hoje em dia nos desenhos da Disney. Eu fiquei impressionado como após anos ainda lembro perfeitamente as letras de todas as músicas do filme.

Apesar de ser um desenho animado feito totalmente para divertir as pessoas, diversos cuidados para não insultar o povo árabe foram tomados. Mesmo assim, na versão final, uma música ainda teve sua letra alterada do Cinema para os vídeos, pois continha uma frase onde dizia que o povo árabe era violento por natureza. A Disney se preocupou também com a mensagem que passaria, pois apesar de Aladdin ser bonzinho, era um ladrão na verdade. Diversas cenas foram incluídas para equilibrar isso, como a que ele dá o pão que roubou para as crianças, por exemplo.

Outra curiosidade interessante é que vários personagens foram cortados da versão final, como a mãe do Aladdin, que ainda faz um ponta no filme, quando ele está fugindo dos guardas no começo do filme e uma mulher fala que "arrumou confusão cedo aquele dia". Aquela seria a mãe de Aladdin, que teve apenas uma participação ao invés de ser uma personagem concreta. Outros personagens cortados foram os amigos de Aladdin, quando Jasmine foi criada e o relacionamento entre os dois começou a tomar uma dimensão maior no roteiro.

Aladdin, ao lado de A Bela e a Fera, O Rei Leão e Toy Story, protagonizaram uma das melhores décadas dos desenhos animados Disney. Dificilmente ela lançou quatro clássicos na mesma década em sua história, mas tive a felicidade de viver esse período. Infelizmente, a Disney já não vive desse brilhantismo nos dias atuais, ainda buscando uma identidade para o novo milênio. Com certeza, Aladdin é um dos melhores desenhos que já assisti na vida. Vi e revi diversas vezes, continuando a rir e me divertir em todas elas. Um desenho assim só pode ser considerado um clássico. Que saudades da Disney dos anos 90...

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