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Alien Vs. Predador

(AVP: Alien vs. Predator, 2004)
4,4
Média
455 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

A estupidez da ação dos alienígenas escrotos

5,5

Rapaz, esse era um crossover esperado, e fora feito como mero caça-níqueis que no frigir dos ovos queimados consegue divertir razoavelmente com um visual esperto e algumas cenas de ação. Mas é ordinário até o talo. E é metido a gaiato citando ideias do livro Eram os Deuses Astronautas? (Erinnerungen an die Zukunft, 1968), de Erich von Däniken, que usa do expediente de que raças alienígenas teriam criado as antigas civilizações humanas. O engraçado é que este filme é espinafrado de todo jeito, mas o Ridley Scott usou à sua maneira essa ideia para fazer o seu Prometheus (Prometheus, 2012). Esse aqui em questão faz desse uso como uma forma de expansão mitológica a ser justificada pelo encontro das duas raças. Como se o Alien, de fato, fosse a presa superior perfeita para o regozijo de caça do Predador. A explicação é didática e mala. É uma motivação para por esses animais em franca pancadaria.

Na verdade, o que temos aqui é um uso marginal de idiossincrasias que interessam dos filmes anteriores da saga – o significado da caça pra um e o ciclo da vida e sobrevivência da raça sobrepujando a próxima do outro (citando uma cláusula pétrea de cada mosaico histórico das criaturas). Mas sem o suspense e o terror. Mais voltado a ação, coisa que o diretor Paul W. S. Anderson sabe fazer à sua maneira. Não compromete. Inclusive até mete umas boas sacadas visuais como no conflito final com a Alien Rainha. Como a intenção é a porradaria, os outros personagens são tratados no sambarilove, fora algumas pequenas exceções. Eles não interessam. Aliás pessoalmente eu me importaria menos ainda. Porra, é um troço sobre monstros se matando. Humanos servem pra embaçar. Mas já que os usaram, quem tem ainda alguma profundidade mínima que seja é a Alexa Woods de Sanaa Lathan (que possui um certo passado de ações anteriores e conflitos que minimamente apresentem alguma textura para que nos importemos com a figura), mas que é usada de muleta de comunicação entre os espectadores e os predadores. Obviamente a FOX não teve o estofo de criação em experimentar numa obra de envergadura que não necessitasse de humanos na jogada. E aqui eles são ferramentas para a trama caminhar mancando.

Justificativa dada, estória proposta, e história reinventada, vamos à ação. Sem excesso de cortes abruptos por demais a intencionalidade é uma amostra frontal dos monstrengos em combate, com usos espertos de planos médios e de conjunto que deem margem de compreensão ao que se assiste (acha pouco? Se prepara para a porcaria imagética que é o uso da fotografia na sequência Alien vs Predador 2 (AVPR: Aliens vs Predator - Requiem, 2007)). Há uma dinâmica de ações aqui que além do entendimento e entretenimento, que tem uma tentativa em manter características dos monstros que tragam coerência mitológica, assim como visa os deixá-los com mais personalidade. Claro que de forma abusiva e sebosa. O Paul W. S. Anderson não é um cara de sutilezas ou grandes estofos criativescos, mas é um maluco que manja um pouco de ação [Não tão alcunhado é de graça como um dos grandes artífices do tal cinema vulgar. Mas foda-se essa nomenclatura também]. O predador é visto com seu equipamento tecnológico como ferramentaria de combate e interesse e no quão isso ainda é massa, enquanto o Alien é a criatura babosa e traiçoeira. São somente uns pontos chaves colocados dentro do espectro da ação para que se tenha um vínculo a personas clássicas de ambas as franquias. Não há invencionismos. Tanto que a trama é só uma tripa formatada sem grandes arroubos, e que seja um entretenimento descerebrado mesmo. Altamente desavergonhado nisso. Ora, é um filme de luta de criaturas tal qual o seu título promete, então só carrega o nome das sagas e usa desses nomes de luxo para se proclamar como obra canalhinha. Filme B com grife.

Mas faltara um tom de urgência na violência que é característica de ambas as franquias, mas como é um troço pra vender ingressos fáceis, o sangue fora posto em terceiro plano (isto somente não garante nada, afinal a sequência citada desta fita é lotada de violência, e é uma bosta). E sem isto fica um troço meio inócuo. Sem a gravidade que poderia se inserir. Pelos menos tem uma seboseira leve aqui e acolá quando um alienígena ou outro morre, mas é só isso. É um material superficial em todos os seus aspectos, mas seus vacilos só não são maiores porque não se leva tanto a sério num tom de auto importância que estragaria o todo, mas também não é tão galhofa quanto outro crossover famoso da época Freddy vs. Jason (Freddy vs. Jason, 2003). É um assumir do absurdo de forma discreta. Inclusive algo que o diretor esgarçaria mais proeminentemente noutras obras suas como na franquia Resident Evil. Com superficialidade e consciência de sua condição como cinema, o filme segue usando dos elementos das sagas como alusões culminando num combate final rápido, porém divertido e funcional, onde usa de tudo que fora proposto coerentemente (na sua internalização diegética própria), para vender a ideia da Alien Rainha aterrorizando. É pueril e vagabundo, mas entretém perfeitamente. Com referência e reverência visual a outras obras e com uma dinâmica introjetada que mais parece um videogame de diversas fases a serem concluídas. A fita é uma ruma de set pieces de ação que são unidas através de respiros didáticos que visam levar o material a frente enquanto a próxima cena de ação não chega. Como se fossem cut scenes de jogos. O que não deixa de ser irônico (uma porra, é acintoso), que Paul W. S. Anderson tenha se especializado em fitas sobre jogos.

Não acrescenta nada de muito profundo – e nem quer obviamente – ao que se conhece dos monstros além da origem da civilização humana pelos predadores, mas até que é uma motivação pilantra o suficiente para causar interesse. Não deixa de ser miserável em suas questões e impacto. Mas se há algo que fora mantido em bom nível seria a visualização dos bichos. Com bom uso de efeitos práticos, maquiagem e efeitos visuais nos combates e rápidas contemplações das figuras. Esse fora um cuidado esperto da produção, assim não desagradaria a base de espectadores médios que conhecem por cima o material e buscam ali um entretenimento via curiosidade mórbida para ver as bestas se digladiando.

Comentários (1)

João Pedro Duarte | terça-feira, 03 de Junho de 2025 - 14:14

Alien Vs. Predador não é uma atrocidade completa

Ted Rafael Araujo Nogueira | quarta-feira, 04 de Junho de 2025 - 15:28

Não é. Diverte nalgum momentos sim, mas o que vem em seguida desse, aí sim, carniça total.

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