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Alien vs. Predador 2

(AVPR: Aliens vs Predator - Requiem, 2007)
3,1
Média
254 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um desastre em quase todos os sentidos. Roteiro e diálogos risíveis fazem-nos rir para não chorarmos.

2,0

Admito que gostei do primeiro Alien vs. Predador. Era um filme que funcionava dentro de seus propósitos, com algumas boas cenas de ação, história básica, mas correta, e, mais importante, sabia aproveitar o potencial dos monstrengos, inclusive acrescentado novas e interessantes informações à mitologia dos alienígenas. Pois Aliens vs. Predador 2 não é somente inferior ao seu antecessor, como também é a mais fraca produção das duas séries e, provavelmente, o pior filme que será lançado nos cinemas brasileiros em 2008.

Escrito por Shane Salerno, um dos gênios responsáveis por Armageddon, Aliens vs. Predador 2 começa quando uma nave da raça dos guerreiros de dreadlocks cai na cidadezinha de Gunnison, após um ataque das criaturas que apavoraram a tenente Ripley diversas vezes. Apesar da morte do Predador, os Aliens escapam e começam a atacar a cidade. Diante disso, um Predador parte de seu planeta natal em direção à Terra, com o objetivo de caçar os monstrengos babões. E no meio de tudo isso, tem algumas pessoas que servem como alvos.

Peço para que leiam mais uma vez a sinopse do parágrafo acima. Esta é a trama de Aliens vs. Predador 2. Na realidade, ouso dizer que é mais do que a trama. O que está escrito acima é o próprio roteiro do filme. Não há nada mais além disso. A produção dos irmãos Strause limita-se a uma quantidade de tomadas das criaturas correndo em meio à escuridão matando um ou outro humano. E tudo espetacularmente mal-feito. Mas vamos por partes.

Primeiro, os personagens. Claro que no filme anterior não havia desenvolvimento das personalidades ou qualquer coisa do gênero. Ainda assim, a história tinha o suficiente para fazer o espectador se importar, o mínimo que fosse, com o destino daquelas pessoas. Em Aliens vs. Predador 2, dizer que os personagens são rasos como um pires é um elogio, uma vez que um pires ainda tem uma leve profundidade. Assistir a Aliens vs Predador 2 é como visitar um açougue: olhar alguns pedaços de carne antes de irem para o saco.

Claro que também ajuda o vergonhoso nível do elenco. Johnny Lewis, que interpreta Ricky, tem expressões que beiram o ridículo, enquanto Steven Pasquale assume um ar de machão incapaz de assustar criancinhas de sete anos de idade. Já Kristen Hager ainda consegue alguma atenção, mesmo que seja única e exclusivamente por seu físico. Nem mesmo Reiko Aylesworth, que aprendi a admirar como a Michelle Dessler de 24 Horas, consegue demonstrar qualquer espécie de carisma ou estabelecer uma identificação com a platéia.

Para piorar, os atores têm em mãos alguns mais execráveis diálogos dos últimos tempos. Juro que dei risada em alguns momentos com certas falas. Duas ganham destaque. A primeira ocorre após a cidade inteira sofrer um blecaute, resultado de um embate entre o Predador e um dos Aliens em uma central de energia. Uma mulher entra no restaurante procurando a garçonete e diz, em uma magnífica descoberta: “Carrie, estamos sem energia”. Mas a melhor de todas acontece perto do final do filme. Depois de as criaturas dizimarem praticamente toda a população, um dos personagens descobre a roda: “As pessoas estão morrendo!”

E o roteiro ainda tem diversas outras pérolas. Por que o Predador sai de sua poltrona no planeta para fazer uma viagenzinha – que deve ser bem agradável e breve – à Terra só para exterminar uns Aliens? Seria para salvar os indefesos humanos? Se fosse o caso, por que o clone de Carlinhos Brown mata alguns dos nossos? E como o Governo tomou a decisão de explodir a bomba nuclear quase sem informações sobre o que acontecia em Gunnison? E que tal presentear a filha que não vê há tempos com óculos de visão noturna? Sensibilidade, não? E, claro, extremamente adequado para um ataque de seres de outro planeta.

Mas todos estes problemas ainda poderiam ficar em segundo plano se os irmãos Strause soubessem, ao menos, o que estavam fazendo. O trabalho de direção deles é precário. São quase noventa minutos de filme e, durante toda a projeção, é simplesmente impossível entender o que acontece na tela, porque a mente brilhante dos cineastas confundiu escuridão com suspense. Quase a totalidade das cenas de Aliens vs. Predador 2 ocorre no escuro, mais parecendo um problema no projetor da sala do que verdadeiramente uma opção de fotografia.

Como conseqüência, além de deixar a platéia completamente alheia sobre o que acontece, os diretores (?) jogam no lixo todo mitologia construída por diretores como Ridley Scott, James Cameron, David Fincher e John McTiernan. Aliens vs. Predador 2 poderia até ser confundida como uma produção B sobre um monstrengo qualquer atacando uma cidade qualquer do interior dos Estados Unidos, já que o espectador mal consegue ver as criaturas. Tenho certeza de que o híbrido entre as duas raças, o tal do Predalien, vai passar despercebido para quem não sabia da presença dele de antemão.

Então por que, mesmo com todos estes problemas, o filme merece nota dois? Não sei se merece, mas a dupla de pontinhos fica somente por ter algumas mortes surpreendentes, de personagens que não se esperaria que virassem presunto. Mas é só. Aliens vs. Predador 2 é um desastre cinematográfico, cultural, etnológico, morfológico e, acima de tudo, lógico. Um atentado não apenas a qualquer forma de arte, mas à reputação que ambas as séries já construir. E o pior é que gostei do anterior.

Comentários (2)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 16:12

Um desastre por completo! As franquias não mereciam esse insulto!!

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