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Críticas

Cineplayers

Uma comédia romântica ultrapassada e sem sal, mas se não for levada à sério pode entreter os amantes do gênero.

4,0

Essa nova comédia romântica da Sandra Bullock (referência no gênero) e Hugh Grant (idem) é uma grande bobagem, desperdício de tempo e celulóide. Tanto que nem há muito o que falar sobre ela. O diretor é o mesmo que escreveu o roteiro de Miss Simpatia, outro sucesso de “Ms. Bullock”, e que pelo menos é um filme bem mais interessante que este aqui. É a velha história de sempre, com humor rápido de situações embaraçosas. O filme é muito mais cômico do que romancesco, e tem até algumas pitadas de drama. Pitadas rasas, claro. Deu certo e faturou uma bolada (quase 100 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos) porque é o que os norte-americanos chamam de “crowd pleaser”, ou seja, é o que o público casual gosta de assistir: uma história leve, fácil de digerir e agradável de se assistir, pelo menos para quem não é muito exigente.

Mas se é tudo isso, por que falar mal do filme? Porque você já viu isso centenas de vezes anteriormente. E, caso você não goste do gênero, é bom se preparar: as comédias românticas estão em alta nos dias de hoje, e andam faturando rios de dinheiro nos Estados Unidos, muito mais que os thrillers de ação ou suspense. Talvez seja o escapismo, as pessoas indo aos cinemas para esquecerem por algumas horas da realidade. Bem que poderiam aproveitar para ver algo mais substancial. Mas não há muito o que fazer: o público é quem manda, e os estúdios apenas tentam acompanhar o gosto dele. Depois do fenômeno que foi Casamento Grego nas bilheterias do mundo todo, todos os chefões de Hollywood já estão bem antenados a esse novo gosto do público, ou para ser mais exato, a volta desse gosto antigo do público ao topo.

Mas além de não apresentar nada de novo (Casamento Grego também não apresentou mas é um filme interessante ao menos), Amor à Segunda Vista é um filme muito mal dirigido e interpretado. Marc Lawrence é bem inexperiente como diretor (na verdade, é seu primeiro longa nesse cargo) e não mostra muito técnica em seus enquadramentos e torna as cenas, que já são fracas por causa do roteiro, ainda mais bobas, sem graça, pecando pela falta de tomadas mais bem realizadas. Sente-se todo o tempo que o trabalho do diretor é burocrático ao extremo, e os atores demonstram isso com interpretações medíocres. Mesmo que o gênero não exija muita coisa de nenhum ator, a duplinha principal demonstra total falta de sintonia em atuações preguiçosas e desinteressantes.

O roteiro dá brecha para diversas situações que poderiam ser bacanas que, como já foi comentado, apelam mais para o humor do que o romance (apenas na terça parte final é que o clima entre os dois acaba esquentando – e olhe lá ainda...). Humor que mistura piadas visuais com situações embaraçosas para os personagens, como quando o personagem de Grant encontra a mal-humorada mãe de Bullock. Há alguns diálogos bem inteligentes e sutis, que acabam sendo os melhores momentos do filme. Mesmo assim, a platéia do cinema parece não pensar da mesma forma – eles querem piadas visuais e constrangedoras. Grant, mesmo repetindo um trabalho que já fez diversas vezes anteriormente (Um Grande Garoto, O Diário de Bridget Jones, Mickey Olhos Azuis), não deixa de ser bastante carismático com seu acento exageradamente britânico, que destoa do tom urbano-americano de Bullock.

O filme se passa em Nova York, e embora haja várias cenas em áreas urbanas, deu pra sentir um certo receio por parte do diretor em mostrar imagens mais abertas da cidade. Elas estão lá, mas de forma bastante tímida. Sem dúvida, ainda por causa de 11 de Setembro. Nova Iorque sem as Torres Gêmeas não é a mesma coisa. Falando em cenários, o filme tem locações, além das urbanas, bem comuns, mesmo que sofisticadas. Novamente, uma comédia explora o lado dos nova-iorquinos ricos (o personagem de Grant é dono de uma mega-corporação), que demonstram descaso com dinheiro. Pelo menos rende algumas poucas situações interessantes. Não é todo vendedor de cachorro-quente que tem a sorte de receber 100 pratas e não precisar devolver o troco...

O elenco de apoio do filme está pessimamente aproveitado. Para se ter uma idéia, na primeira cena do filme a personagem de Bullock está com um casal de amigos num protesto, e eles aparentam ser bem ligados. Após essa cena, você só voltará a ver a amiga perto do final do filme. Tem que ter boa memória para descobrir quem ela é. Os pais de Bullock, que apóiam a moça mas parecem não gostar de Grant (sobretudo a mãe) são os personagens mais simpáticos de todo o filme, e infelizmente aparecem pouco nele. Tecnicamente falando, além da direção que deixa a desejar, há uma trilha sonora apenas regular, com músicas românticas mas que não permanecem na cabeça após o filme acabar, e uma fotografia monótona. Senti muito a falta do verde no filme todo. É que ele se passa a maior parte do tempo em ambientes fechados...

Amor à Segunda Vista vai faturar uma boa grana por onde passar ainda. Os nomes de Sandra Bullock e Hugh Grant, juntos das palavras “comédia romântica” garantirão isso. Mas é mais embalagem do que conteúdo. Um filme do gênero dos mais sem-graça, com alguns poucos aspectos positivos (o que o salva da total mediocridade) e nada de novo a apresentar. Não que eu estivesse esperando por isso, claro. O problema maior foi mesmo a falta de outros bons filmes para assistir naquele dia, senão nem teria entrado na sessão deste Amor à Segunda Vista. Mas não se esqueça: isso é só a opinião de um homem sobre uma comédia romântica que com certeza foi feita para as mulheres. Não leve muito à sério.

Comentários (1)

Fernanda Pertile | sexta-feira, 28 de Outubro de 2011 - 20:51

Eu achei um bom filme, meio fraco, mas como vc disse, se não for levado a sério pode entreter...😁

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