Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

A inteligência dos irmãos Coen é integrada a uma divertida história entre dois trapaceiros de primeira que se envolvem.

7,5

A princípio, O Amor Custa Caro tinha tudo para ser uma daquelas comédias chatas e monótonas a respeito do universo que cerca o casamento e todos os seus subtópicos. Entretanto, não é. Pelo contrário, é uma comédia deliciosa de ser assistida e que conta com dois atores admiravelmente bem caracterizados nos papéis principais do filme. Claro, estamos falando de George Clooney, que fica excelente nesse tipo de papel, e da surpreendente Catherine Zeta-Jones, que está mais bela do que nunca em 'O Amor Custa Caro'. Atrevo-me a dizer que ela ficou, neste filme, mais bonita ainda que em outros trabalhos como Armadilha, A Máscara do Zorro e Chicago.

Claro que para dirigir uma comédia com essa temática os produtores precisariam de um diretor que soubesse ser criativo, sutil e, acima de tudo, soubesse trabalhar como ninguém com a imagem da dupla de atores principal. Foi pensando assim que não um, mas dois talentosos diretores foram escalados para a produção. Estamos nos referindo a grande dupla de irmãos Ethan Coen e Joel Coen, ou simplesmente: Irmãos Coen. Ambos possuem na bagagem outros dois badalados grandes filmes: E Aí Meu Irmão, Cadê Você? e O Homem que Não Estava Lá, esse último contando com uma fotografia magistral.

Miles Massey é um promissor advogado especializado em divórcios de Los Angeles, que tem absolutamente tudo e, em alguns casos, possui algumas coisas até em dobro. Apesar de ter uma lista de clientes invejável, respectivas vitórias fabulosas, o respeito de todo seu departamento e o famoso "Massey pré-nup" (o contrato pré-nupcial mais seguro do mundo, levando o nome de seu criador), Massey encontra-se diante de uma situação que nunca se vira antes. Sentado no sucesso, a rotina monótona do trabalho acabou por tomar conta de Miles e agora ele procura novos desafios.

Tudo isso muda quando Massey encontra seu par verdadeiro na deslumbrante Marylin Rexroth. Marylin será (isso mesmo, será) uma futura ex-mulher de um dos clientes mais ricos, poderosos e mulherengos de Massey, Rex Rexroth. Com a ajuda do investigador particular Gus Petch, ela dá um flagra sensacional em Rex, e agora quer desfrutar de toda independência financeira que seu rico casamento irá lhe proporcionar, já que está terminado. Mas graças às habilidades fantásticas de Miles, ela acaba com absolutamente "nada". Para não ficar para trás, Marylin traça mais um plano para um rico magnata caipira que ela acabara de arranjar. Ao ver que a jovem está prestes a aplicar mais um golpe, Miles e seu assistente Wrigley acabam por se envolver por demais com o caso, e assim começa o desenvolvimento da história de Marylin e Miles, que será retratado durante toda película.

Táticas, reviravoltas e bom humor talvez sejam os principais componentes do roteiro que fazem desse filme uma boa comédia dos irmãos Coen. Mas não se engane, não é uma comédia daquelas que te fazem rir a todo tempo. Pelo contrário, ela é inteligente e conta com a sensibilidade do público para ser melhor assimilada. O roteiro, escrito pela dupla Robert Ramsey e Matthew Stone, apesar de trazer um final bem previsível, não é nada forçado e agrada bastante. A história é muito bem desenvolvida. Casais irão adorar o filme, tanto os homens como as mulheres. Ambos sairão com a auto-estima elevada ao final da sessão.

George Clooney, que faz o papel de Miles Massey, está perfeito. É impressionante como o sujeito se adapta bem a esse tipo de papel canastrão e poderoso que ele aparenta ser. É simplesmente perfeito, como o mesmo já provara antes no ótimo e divertido Onze Homens e Um Segredo. Massey é incrivelmente engraçado, galante e brilhante; um dos melhores papeis que George Clooney já fez.

Já Catherine Zeta-Jones não precisaria nem abrir muito a boca para chamar atenção em 'O Amor Custa Caro'. Simplesmente porque ela está absolutamente maravilhosa. E olha que não sou de me retorcer em elogios assim. Iguais a ela, este ano só me lembro de ter visto Charlize Theron, deslumbrante, em Uma Saída de Mestre. Mas voltando ao assunto, Catherine, que interpreta a jovem interesseira Marylin, está (assim como Clooney) perfeita no papel. É incrível, aquele tipo de atuação e encaixe que logo após assistir ao filme, se diz: "Não imagino outros atores nos papéis desses dois".

O filme ainda conta com uma gama fantástica de atores coadjuvantes, alguns verdadeiramente renomados. Billy Bob Thornton (de A Última Ceia e O Homem que Não Estava Lá, onde trabalhou pela primeira vez com os irmãos Coen) faz o papel do futuro marido de Marylin após a mesma ter ficado sem nada por causa de Massey. Um papel engraçado, que foi muito beneficiado pela postura e imagem do personagem, que mais parecia uma caricatura humana. O aclamado Geoffrey Rush (de Shine - Brilhante, Shakeaspere Apaixonado e Frida) faz o papel de Donovan Dolay, um dos milhares de clientes "necessitados" da ajuda de Massey.

A trilha sonora de 'O Amor Custa Caro' é de tirar o fôlego também. Excepcional, eu diria. Logo no início da película temos duas canções absolutamente fantásticas e famosas. Suspicious Minds, do "rei" Elvis Presley (dispensa apresentações), e a ótima The Boxer, de Simon and Garfunkel, clássicos absolutos e indiscutíveis. Sem sombra de dúvidas não é uma trilha original, mas ainda assim de extremo bom gosto. A fotografia também está ótima, bem como as roupas que os personagens principais usam. Um show a parte as roupas de Marylin, como poderíamos supor, mas é sempre bom lembrar...

Concluindo, recomendo O Amor Custa Caro a todos aqueles que curtam uma comédia boa e light, que não vai fazer dar um montão de risadas forçadas, mas que mesmo assim irá mexer com você. Que ela agradará, isso é certeza, agora só me resta torcer para que agrade muito mesmo. Apesar da história em si ser previsível ao extremo, é mais um bom filme dos irmãos Coen, com uma ótima gama de atores em personagens que caíram como uma luva para os mesmos. Não perca.

Comentários (0)

Faça login para comentar.