Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Jeferson De vai do luxo ao lixo e clama por uma melhor de três.

0,0

Para Jeferson De, agora é um momento delicado. Apresentado ao grande público com um potente longa de estréia, premiado e merecidamente aplaudido com Bróder, uma produção de claras funções sociais, o cartão de visitas não poderia ser melhor; segurança e vigor saltavam aos olhos. Em meio a prêmios e elogios, li em mais de uma entrevista o desejo a seguir de De: encarar o 'cinema de gênero', e no Brasil quando essa expressão é proferida, significa especificamente um interesse pelo universo do suspense/terror. Mas De, não foi dessa vez... Na verdade, nem chegou perto de ser, muitíssimo pelo contrário.

O diretor paulista pegou um ano tenso para o cinema, onde praticamente não havia erros até então (e muitos dos acertos são memoráveis), justamente num momento onde vemos um interesse da classe por essa vertente (ano passado os opostos Quando Eu era Vivo e Isolados se apresentaram, em exemplos rápidos) e entrega um produto onde praticamente nada se salva, claramente um erro pra onde se olha. Será uma tarefa hercúlea alguém apresentar outro material desse nível; e não, não me causa nenhum prazer escrever isso, tendo em vista principalmente que Bróder é produto de primeira qualidade.

A trama é chula e batida: uma jovem é encontrada viva e pode ser a única chance das autoridades encontrarem sentido num crime que assassinou três outros jovens que partiram para um período embrenhados numa floresta. Aos poucos, de única testemunha ela vai se transformando em suspeita da morte de seus amigos, e as atitudes estranhas de sua mãe não a ajudam. Ao achar um celular com imagens do fatídico dia, o delegado e um ajudante percebem que podem então descobrir a verdade. Então, minha sinopse foi um belo de um pavão enfeitado em cima de uma obra cheia de rombos e situações ridículas, com vais e vens no tempo que destroem ainda mais o que não já não era nada memorável.

Aliás, o filme em tudo é o oposto do anterior do diretor. Esteticamente de uma pobreza sem fim, o filme tem trilha sonora vagabunda, montagem ridícula e fotografia sem qualquer resquício de requinte. Outro ponto de erro de De foi na escalação de seu elenco. Coadjuvantes horríveis (o trio de jovens assassinados nos faz torcer por suas mortes; um delegado e uma secretária igualmente medonhos), você já sabe que um elenco tá no precipício quando um personagem central é (mal) defendido por Maria Fernanda Cândido, com uma dicção simplesmente ruim. Mas ela não está sozinha e Michel Melamed sabe-se lá porquê inventa de ter um sotaque português jamais justificado, que faz o filme ganhar ares de programa ruim de humor. Bruna Linzmeyer tenta dar um risco de dignidade, mas sua inexperiência não consegue fazê-la ir muito longe.

Muito triste ter de tratar um filme do nosso cinema dessa forma, mas o tanto que tenho de incentivador do nosso produto me permite apontar o dedo na direção da ausência de qualidade quando avisto. E infelizmente não há qualquer sinal dela nessa pretensa história de bruxinhas que eram boas e vilões mal escondidos, com uma visão ridícula e onírica sobre um universo que obviamente não é compreendido por ninguém em cena. Volta pra melhor de três, Jeferson.

Comentários (25)

Caio Santos | sábado, 06 de Junho de 2015 - 10:25

ah alexandre, tambem não é por aí...

Luiz F. Vila Nova | sábado, 06 de Junho de 2015 - 12:30

Acredito que o único filme que eu dei 0.0 até hoje foi o Stan Helsing (paródia de Van Helsing). 😎

Lucas Souza | domingo, 07 de Junho de 2015 - 19:03

Carbone é o melhor

Faça login para comentar.