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Críticas

Cineplayers

A estreia de Ana Luiza Azevedo é exemplar raro na produção infanto-juvenil nacional.

9,0

Mudanças e descobertas fazem parte da vida de qualquer adolescente e é deste turbulento momento que Ana Luiza Azevedo trata em sua estréia na direção de longa-metragens, ao contar a história de Daniel, um hormonalmente revoltado morador de uma cidade pequena do Rio Grande do Sul.

Daniel mora com a mãe, o marido da mãe (que é como se fosse um pai para ele) e a meia-irmã. Ele tem que aprender a lidar com a desilusão amorosa depois que sua namorada independente começa a gostar de seu melhor amigo. Precisa também lidar com a culpa de ter incriminado o amigo de algo que ele praticou, com a existência de um pai que nunca quis saber dele e depois de contrair malária resolve conhecê-lo melhor, e com a indecisão de um futuro que está chegando e só pode acontecer longe da sua pequena cidade.

Assistente de direção de longa data do diretor Jorge Furtado, Ana Luiza Azevedo traz muitas referências do diretor de Ilha das Flores em seu trabalho. A narração e o uso de imagens exteriores ao filme estão lá, mas logo nos primeiros momentos vemos que muita coisa é diferente também.

A primeira delas é a delicadeza com que a história é contada. Ao optar pelos olhos da fofíssima Maria Clara, a meia-irmã, para guiar o espectador e unir todos os acontecimentos, a diretora garante a ligação com o público que não larga o filme até o final.

Independente da narrativa utilizada, a história do filme, adaptada do excelente livro com mesmo nome de Marcelo Carneiro Cunha, também é responsável pelo sucesso do longa-metragem, assim como a escolha do elenco afinado.

Pedro Pergolina, que já tinha demonstrado uma intimidade boa com a câmera no curta Gol a Gol, volta muito bem como Daniel e, sem exageros, transmite os sentimentos e as aprontações de um adolescente comum nos dias de hoje. Mas é a pequena Carolina Guedes que toma conta do filme, deixando as cenas em que participa na memória de todos.

Simples e singelo, o filme emociona, faz rir e tem um bom ritmo, que só se perde quando um dos personagens secundários aparece mais do que deveria e com um discurso difícil de engolir.

Além de ganhar muitos pontos por ser um exemplar raro na produção infanto-juvenil de cinema nacional, é um excelente programa para toda família.

Comentários (1)

Baron Edwards | sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2012 - 21:33

Gostei do filme, da luz do filme, do ritmo, da fotografia (definição das cores), da interpretação, sobretudo da história.
É uma historia bonita, bem contada, bem diferente das historias de crime, de pobreza, miséria, droga que são apanagio do cinema brasileiro. De vez em qd é bom fugir um pouco desses dramas. Parabéns pelo filme.

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