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Críticas

Cineplayers

Um bom filme e um CD maravilhoso para ser ouvido.

7,0

Apenas uma Vez é, sem dúvida, um filme bacana. A trajetória de um cantor de rua que recebe a amizade e o apoio de uma outra alma perdida tem tudo para agradar os espectadores mais variados, pois é simples e honesta. Mas uma pergunta fica no ar: no fim das contas, será que a intenção era contar uma história ou apenas criar um veículo para a exibição de diversos números musicais?

Talvez o grande paradoxo de Apenas uma Vez seja esse: as músicas são melhores, mais emocionantes e muito mais poderosas que a história mostrada para justificá-las. Claro que uma coisa não existe sem a outra, e as canções ajudam a contar a história. Mas é inevitável questionar se elas não se sobrepõem ao todo e reduzem o filme a um mero veículo de sua existência.

De uma forma grosseira, poderia ser feito um paralelo com um filme pornográfico, em que não há enredo ou, quando há, não serve para nada além de mostrar as cenas de sexo. Trocando a putaria por melodia, essa é a essência de Apenas uma Vez.

Tirando a parte musical, o que sobra é uma narrativa fácil de agradar, pois simples e honesta, mas que jamais empolga – e talvez fique no limite do bobo e do piegas. Sem dúvida, é ingênua na abordagem do ideal de um amor único possível (a chamada faz essa referência: “Com qual freqüência você encontra a pessoa certa?” – isso poderia ser tema de novela da Globo ou de seriados adolescentes). E esse tom incomoda um pouco por deixar idealizado um romance que nunca acontece; enaltecer o impossível e acreditar em amor platônico nada mais é que uma fuga.

Além disso, é importante observar que o desempenho do músico Glen Hansard, quando não está a cantar, é pouquíssimo inspirado. Assim, é difícil acreditar na construção de um personagem dissociado do próprio cantor. Um pouco melhor é sua colega protagonista, Markéta Irglová, que ao menos dá vida à sua personagem, mas, em contrapartida, é inferior ao parceiro na hora de soltar a voz.

Então, com uma cantora-atriz e um cantor-ator que jamais conseguem ser excelentes nas duas funções, o que vale no filme são as músicas. E há muitas. E elas, sim, são emocionantes, poderosas – e compensam todos os centavos investidos no valor do ingresso (seja ele de segunda a quinta ou de fim de semana ou feriado). É inevitável, ao sair do cinema, não ser tomado de uma vontade de comprar a trilha sonora. Pois, no final das contas, é isso que fica de Apenas uma Vez: um maravilhoso CD.

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