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Críticas

Cineplayers

Um dos piores filmes do ano.

1,0

Jerry Bruckheimer não deve estar tendo um bom ano. Depois de amargar o fracasso de Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo no começo do verão americano, o produtor fecha a temporada de blockbusters com mais uma bomba, que não deve recuperar sequer o valor do seu orçamento. A única coisa positiva a respeito de O Aprendiz de Feiticeiro é o sinal de que o público, pelo menos o americano, não aceita mais qualquer porcaria cheia de efeitos especiais que lhe enfiem goela abaixo. Não é a toa que os campeões da temporada foram os ótimos Toy Story 3 e A Origem - resta torcer pra não ser um lapso de bom gosto, para que os estúdios comecem a se esforçar para fazer melhores filmes.

O Aprendiz de Feiticeiro é mais um filme sobre as forças do bem contra o mal, Merlin contra Morgana. Pra variar, a feiticeira é o lado maligno da história, a personagem que quer ressuscitar os mortos, dominar o mundo, entre outras coisas de todo plano banal. Só com essa premissa batida e sem acrescentar nada de interessante (e muito de desinteressante), o filme já deixa todas as expectativas baixíssimas. Mas ainda assim se supera e o resultado consegue ser algo ainda pior do que o imaginável. Simplesmente nada funciona, nenhum ator está minimamente bem, e parece ser o filme mais no piloto automático já feito na história. Pelo tamanho da produção, esperava-se no mínimo um pouco de esforço, uma tentativa de fazer uma série de fórmulas desgastadas funcionar, mas nem isso. Todos parecem conscientes da baixa qualidade do material com que trabalham, e não parecem interessados em se destacar.

É muito triste constatar que atores que já tiveram atuações tão boas como Alfred Molina, e eventualmente Monica Belucci e Nicolas Cage, percam seu tempo em produções tão ruins. Belucci pelo menos aparece pouco, e nos “presenteia” com algo do nível que ela fez em Os Irmãos Grimm, ou Matrix Reloaded. Nicolas Cage deve ter decidido que tinha estourado sua cota de filme bom esse ano com Kick Ass - Quebrando Tudo e Vício Frenético, e voltou a fazer as mesmas porcarias de sempre, em uma das piores atuações de sua carreira. É impressionante a diferença entre um filme como Aprendiz de Feiticeiro e Adaptação, ou Despedida em Las Vegas, entre o que ele consegue fazer de bom e ruim com um filme.

Mas verdade seja dita: ele nem é a pior atuação do elenco. Jay Baruchel fica com esse mérito, ao não conseguir imprimir um pingo de carisma ao seu personagem, o descendente de Merlin, que segundo a lenda vai derrotar Morgana, mesmo sem ter um anel. Sua voz é extremamente irritante, e nos faz sentir falta do (ruim) ator que o interpreta quando criança. E se pararmos pra pensar que Baruchel já fez |Menina de Ouro, Ligeiramente Grávidos, e até a dublagem de Como Treinar o seu Dragão, até mesmo ele pode ser considerado um desperdício nesse filme.

Grande parte da culpa se deve ao diretor Jon Turteltaub. As cenas são desleixadas, os efeitos não atingem o objetivo, não divertem, a história parece uma mera desculpa pra se utilizar tubos de dinheiro. As cenas de ação não possuem tensão, as cômicas não são engraçadas, os personagens não são carismáticos, e tudo que acontece durante a trama é tão previsível que em 15 minutos você já pode imaginar o desfecho. Até a cena referência ao clássico Fantasia, com o segmento Aprendiz de Feiticeiro, soa como ofensa num filme tão ruim.

Só nos resta torcer pra que, no ano que vem, Jerry Bruckheimer tenha um pouco mais de eficiência ao produzir o quarto filme da série Piratas do Caribe. Se ele for no mínimo divertido, já vai ser mais bem sucedido que seus dois filmes desse ano juntos.

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