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Críticas

Cineplayers

Sustos cada vez mais raros.

3,5

Henry Joost e Ariel Schulman, responsáveis por Atividade Paranormal 3 (Paranormal Activity 3, 2011), retornam nessa quarta parte reciclando alguns eventos que já vimos anteriormente nos longas anteriores e o atualizando segundo a tecnologia recente – o que funciona em alguns pontos como novidade –, não deixando o filme padecer num completo marasmo. A utilização de webcams e celulares e o protagonismo de adolescentes garantem um pouco da atenção do público que se interessa por esse novo viés, no entanto as repetições importunam mais do que as bruxas e a experiência de conferir um horror através do mockumentary, já desgastado e abundantemente explorado, se extenua com bocejos e aborrecimentos.    

Mais do mesmo com alguns acréscimos, é uma definição adequada para essa sequência. Ao menos é inventiva, traz chats, cam – e um cara gravando tudo o que pode, atônito para ver a namorada se despir – e um Xbox com recursos para alguma das melhores cenas de tensão funcionar. Ao menos obriga o espectador a se ater aos detalhes, examinando cada canto da imagem, buscando qualquer indício do que virá futuramente a lhe sobressaltar – na maioria das vezes nada acontece. É, ao menos, a expressão da modernidade, algo que a dupla de diretores trabalharam criticamente em seu mais notável trabalho, Catfish (idem, 2010), onde eles explanam hipocrisias da internet ao longo de uma experiência particular, entre perfis inexistentes numa jornada misteriosa atrás da verdade por trás de fakes e suas vidas ordinárias. 

O sucesso desta empreitada garantiu alguma atenção para a dupla, uma vez que foram convidados pouco tempo depois para realizar o terceiro filme da franquia e consequentemente este quarto. No terceiro fizeram proeza ao finalizá-lo com uma boa ideia, embora absurda e nefasta. Agora, não há mote para salvação dentro da narrativa, restando apenas os recursos técnicos e uma adolescente bonita segurando o filme como pode. Restou, então, resgatar Katie (Katie Featherston), a estrela do pioneiro, para tocar o terror, como um monstro já reconhecido pelo cinema. Com ela vem ligações aos eventos anteriores, explicações rasas de sórdida importância e um garotinho, apavorante pela inexpressão, marcando presença como maldição, com herança física daquele tão famoso no clássico A Profecia (The Omen, 1976).  

A história é roteirizada por Chad Feehan e Christopher Landon, este último provém do terror Sangue e Chocolate, e se baseia na adolescente Alice (Kathryn Newton), que passa horas na frente do computador falando com o namorado. Ela vive numa luxuosa casa no que aparenta ser um bairro de classe alta americano, e teve o azar desgraçado de ter Katie como vizinha. Há algo na garota que interessa as tais bruxas do terceiro filme. O vínculo entre ambas acontece graças a uma aproximação entre crianças, algo difícil de conceber racionalmente. A presença dessas caras novas vem com diferentes métodos de provocar espanto, com os próprios personagens causando. A menina, por exemplo, em determinado momento salta na cama após longos segundos de silêncio. Há ainda a presença de um gato que caminha pela casa sugerindo alguma provável ocorrência e ninguém parece vê-lo. Ou talvez ele seja um demônio e será revelado em alguma provável continuação. Após essas e mais algumas tentativas de susto, pensamos: puxa, estão mesmo tentando de tudo. Tememos o que virá pela frente.

Essa quarta parte também se permite fazer piada, brincadeiras que, ao invés de apavorar, tiram risada do público, o que nos leva a questionar as intenções e o rumo da série, parecendo não estar mais se levando a sério. Há até uma tentativa de referência, ou homenagem, ou seja lá qual era o intuito, de recordar O Iluminado (The Shining, 1980), quando inesperadamente surge um garotinho dirigindo um tricícolo pelos cômodos. O futuro de Atividade Paranormal parece já ser conhecido, muitos serão feitos, readequados, tentando se inovar e serem salvos por roteiristas propensos a tirar o máximo de qualquer objeto. Com isso o tempo poderá fazer da série inanimada, sem graça e com o prestígio arrasado. Quem continua indo assistir é porque realmente gosta da franquia, se deleita como pode com os sustos suscitados. Uma hora esses também podem deixar de se interessar e o filme que outrora fora considerado um bom exemplar do gênero do terror, se tornará mais um exemplar de mediocridade, de mera gana ruída.

Comentários (8)

Victor Ramos | terça-feira, 23 de Outubro de 2012 - 15:06

Parei no segundo, que é uma merda.

Bruno Kühl | quarta-feira, 24 de Outubro de 2012 - 03:41

Eu gosto da trilogia... Acho que a minha opinião sobre "Atividade Paranormal" será a mesma que tenho sobre "Jogos Mortais" = Devia ser apenas uma trilogia.

Caio Gouveia | sexta-feira, 26 de Outubro de 2012 - 09:13

Não tem como ser diferente.

Franquia q já deu oq tinha q dar. Uma vez apresentado o primeiro, NÃO TEM mais oq mostrar q possa surpreender.

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