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Críticas

Cineplayers

Exageros hollywoodianos à parte, Awake funciona bem como suspense psicológico.

6,0

Mistura de drama, terror e suspense psicológico (principalmente este terceiro), Awake é o típico filme de Hollywood: uma excelente premissa que perde-se em exageros narrativos e acaba, lá pelas tantas, descambando completamente por ser totalmente "over the top" (algo como exagerado). No final das contas, salva-se pelos momentos incrivelmente tensos que proporciona (mais sobre isso, adiante), conseguindo, mesmo através do uso de muitos clichês já batidos (personagens que não são o que parecem ser), uma experiência positiva para quem gosta do gênero.

O filme é sobre um rico jovem que, por causa de seu coração fraco, deve se submeter a um transplante desse órgão, ao mesmo tempo em que enfrenta sua mãe super protetora para que ela aceite seu relacionamento com Sam, sua secretária. Contar mais do que isso estragaria qualquer surpresa, pois o filme é cheio delas - e elas não são, como ficou claro acima, necessariamente positivas. Tente nem assistir o trailer. Como o filme é curtinho (na casa dos 80 minutos), funciona como um thriller ágil e divertido, mesmo com seu maniqueísmo típico do cinemão americano.

Jessica Alba, no papel de Sam, interesse amoroso de Hayden Christensen, prova mais uma vez que é toda beleza e quase nada de conteúdo. Enquanto nas cenas românticas a atriz é versátil (pois ela sabe usar seus dotes naturais muito bem), assim que entram cenas dramáticas em jogo ela se mostra artificial e caricata, como se encontrasse dificuldades em mostrar sentimentos de forma natural, pelo menos na frente das câmeras. Já Hayden Christensen tem um personagem mais complexo, mesmo que metade do filme fique deitado em uma mesa de operação. O ator tem carisma e boa presença em tela, e fez ser fácil torcer pelo seu personagem, algo fundamental para garantir a qualidade de qualquer thriller.

Agora, o mais interessante do filme não são as atuações, e sim os momentos tensos que o roteiro, escrito pelo próprio diretor Joby Harold (novato), proporciona a seus espectadores. Confesso que há momentos angustiantes (sejam eles possíveis na vida real ou não): Clay Beresford, personagem de Christensen, recebe anestesia geral mas permanece consciente durante toda a sua cirurgia, ouvindo a conversa dos médicos e, principalmente, sentindo a maior parte das dores que lhe são inflingidas. Toda a cena ficou muito boa (no mínimo), sobretudo graças à precisão cirúrgica (trocadilho infame!) da montagem do filme.

Awake fracassou nas bilheterias norte-americanas, mas custou uma miséria para ser feito (apenas US$ 9 milhões), e não é necessário raciocinar muito para atestar que é um trabalho superior à maioria dos filmes desse mesmo gênero que faturam dez vezes mais que este. Se não fosse tão exagerado e carente de apresentar inúmeras surpresas aos espectadores, e se centrasse mais no suspense psicológico que a premissa por si só já proporcionava, teria sido um grande filme. Mesmo assim, é um bom suspense, bastante divertido e positivamente agoniante, pelo menos durante alguns minutos, o que já é mais do que a maioria dos cineastas vem nos proporcionando nos últimos anos.

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