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Críticas

Cineplayers

Entre a caça e o caçador, a Los Angeles do anos 40.

6,0

Bom elenco, bom argumento e o diretor de Zumbilândia (Zombieland, 2009). Não foi o bastante. Filmes de gângsteres são sempre atrativos pela representação e clima noir que costuma acompanhá-los com charme e violência. Caça aos Gângsteres (The Gangster Squad, 2013) possui tal charme e a violência, mas influídos de maneira passiva a história contada que se preocupa demais em explorar a caçada de um grupo de homens armados que precisam por fim ao crescimento financeiro de um gângster ex-boxeador na Los Angeles dos anos 40. O roteiro não se preocupa em trazer quem são seus personagens, pouco explorando mocinhos e bandidos. O maniqueísmo prático toma conta como num desenho animado. Ainda somos lembrados em seus créditos iniciais que tudo o que veremos é baseado numa história real, outro ponto para tentar despertar a atenção do público.

A Los Angeles da década de 40 é bem remontada – vemos o letreiro Hollywoodland abrindo margem para a contextualização –, a produção também capricha no figurino e no visual esteticamente bonito. Pensamos: vai sair algo bom daí. Logo vem a história que não é ruim, mas insuficiente se tratando de um filme de máfia – os personagens são caricaturas de tantas outras obras. Abandonamos a boa impressão inicial para enfim acompanharmos uma caça como um gato perseguindo o rato, os bonzinhos liderados pelo durão, imponente, veterano e honesto Sgto. John O’Mara (Josh Brolin). Um heroi, um heroi que compartilha tantos feitos com os bons e dedicados colegas. Pela frente O’Mara terá uma dureza, Mickey Cohen (Sean Penn), temperamental e violento, pugilista aposentado que está com Los Angeles nas mãos.

Boa ação envolve o longa, embora nem sempre perfeitamente filmadas. Há algumas cenas bem dirigidas, especialmente a acontecida no ato final. Um tiroteio acontece na escadaria de um hotel – esperei ver um carrinho de bebê descendo cada degrau enquanto balas atravessavam rasantes sua volta. Opa, mas esse é outro filme. Inevitável recordação, há ainda outras. O gênero, por sua vez, não parece ser o forte de Ruben Fleischer, diretor que concebeu seu terceiro longa metragem, mostrando tudo o que aprendeu assistindo Os Intocáveis (Untouchables, 1987), Los Angeles – Cidade Proibida (L.A. Confidential, 1997) , Touro Indomável (Raging Bull, 1980) e A Marca da Maldade (Touch of Evil, 1958), não conseguindo se aproximar de nenhum.

Ainda vemos Ryan Gosling e Emma Stone se pegando novamente após a comédia romântica Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love, 2011). Ele vive um policial de caráter impassível, além de piadista – Mickey Mouse? –, tornando-se uma espécie de Watson para O’Mara; já Stone atua como uma professora de etiqueta de Cohen, marcando-se num determinado ato quando, voluptuosa, enche um vestido vermelho exibindo a perna numa fenda, desfilando frente a câmera. Cena interessante plasticamente, o que torna uma das únicas mulheres em cena numa musa perante os adversos, outro motivo de embate entre os bons e maus.       

A mando de Bill Parker (Nick Nolte), O’Mara reúne um grupo a fim de frear a expansão de Mickey Cohen que já dominava cassinos, o tráfico, a polícia e os políticos. Nomes como Robert Patrick, Giovanni Ribisi, Anthony Mackie e Michael Peña incham o elenco, oferecendo pouco com o tempo que tem em cena, sendo escalados com características cartunescas. A narrativa é escrita visando revelar os passos dos caçadores e o sofrimento do caçado que desconta sua ira com sangue. Sean Penn de baixo de uma pesada maquiagem pouco faz diante a expectativa de um ator de seu porte, enquanto Brolin segura bem a faceta homérica, sempre com expressão séria e tensa, carregando preocupações conscientes, sobretudo relacionadas a negligência com a esposa grávida. Pequeno belo – visualmente, volto a ressaltar – filme de gângsteres, aspirado por feitos, realizado sem inspiração.

Comentários (11)

Ricardo Nascimento Bello e Silva | sexta-feira, 01 de Março de 2013 - 17:10

Não vi e nem estava e nem estou ansioso, mas acho que a questão do clichê e o artificial é comum ser retrada aqui, até por que em Zumbilândia apesar de ser divertido e ser um bom brincador de sub-gêneros do terror, é um clichezão, nem por isso é ruim. Acho que Fleischer já provou que seu estilo e qualidade estão na diversão boba e cheia de belas jogadas...

Ravel Macedo | sexta-feira, 01 de Março de 2013 - 17:27

Me post foi superficial.
Gostei do filme, bastante, e de fato, há clichês, mas Fleisher brinca com eles, tem um momento específico que chega a ser genial. Mas só vendo pra saber, há um tom de exagero gratuito no ar e a narrativa carece de atenção. Dei nota 7,0, 7,5.

Alexandre Marcello de Figueiredo | sábado, 29 de Junho de 2013 - 17:54

Gostei do filme apesar da gangue de policiais incorruptíveis não convencer tanto - bonzinhos demais para um filme sobre máfia - exceto Josh Brolin. A porrada final contra Sean Penn é sensacional.

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 23 de Novembro de 2013 - 15:40

Filmes de gângsters, ainda mais con astros como Sean Penn, sempre causam expectativas demais, pelos grandes títulos que abordam o tema. É um bom filme, nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Não é um clássico, mas não é uma porcaria.

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