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Caixa Preta

(Black Box, 2020)
5,5
Média
12 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Ficção científica com cara de episódio de Black Mirror

5,0

Não sou um entusiasta de séries televisivas, simplesmente por preferir despender meu tempo em obras cinematográficas, vulgos pacotes completos com início, meio e fim, sem que cobrem dias a fio de sua atenção e de sua vida. Black Mirror (2011—) é uma série que foge um pouco disso por apresentar episódios completos, encapsulados em si próprios. A mesma coisa da antiga série Além da Imaginação (The Twilight Zone, 1959-1964). Preciosidades do formato. Este Caixa Preta (Black Box, 2020) é um lançamento que chega pelo serviço de streaming da Amazon, e, tivesse uns 20 minutos a menos, poderia muito bem se passar no mundo da série da Netflix.

Aqui, o protagonista é Nolan, interpretado pelo boa-pinta Mamoudou Athie, começando ainda sua carreira em Hollywood. Ele sofreu um acidente, perdeu sua esposa, e vive quase como dependente de sua filhinha, uma espécie de inversão de valores pai-filha, isso porque sua memória é falha e ele praticamente esqueceu todo o seu passado. Seu amigo médico também está lá para apoiar quando precisa. Acaba experimentando um novo tratamento de uma doutora que promete, de alguma forma quase milagrosa, restaurar suas lembranças. Aí vem o link com Black Mirror, que tem vários episódios que envolvem memória, percepção, consciência, transplantes…

Apesar da produção caprichada (tem a grana da Amazon por trás, afinal), o roteiro é bem simples e os valores de produção também são bem singelos; não há apelo para efeitos visuais sofisticados, o que, sem dúvida, é um grande ponto a favor. Caixa Preta prima pelo mistério da cena seguinte, da próxima revelação, que por sua vez levará à próxima e à próxima, até uma revelação maior que unirá todos os pontos lá perto do seu clímax. Essa parece ser a intenção, ao menos. É tudo bem hollywoodiano, com exageros dramáticos, abstrações que o espectador acaba aceitando (pelo menos o menos exigente ou chato) e interpretações corretas de um elenco não muito conhecido, com exceção de Phylicia Rashad, dona de amplo currículo no Cinema.

Lá pelas tentas as tais revelações entram no campo do óbvio e do ordinário, pelo menos para quem já viu muitos filmes do gênero, e o argumento acaba provando-se desgastado em quase tudo. Mas há pontos bem interessantes, que enriquecem a obra, como a interação cheia de singeleza do pai com a filha, Ava (a atriz é a Amanda Christine, muito simpática e parecendo bem à vontade frente às câmeras). Pena que, como quase todos os conflitos apresentados por Caixa Preta, esse relacionamento é pouco desenvolvido e chega a desaparecer quase que completamente quando convém ao filme se apressar para tentar manter o interesse do espectador.

Sem entrar no campo dos spoilers, há, claro, um resquício que poderia fundamentar, sem muito esforço, uma futura sequência, mas acredito que as intenções da produção não sejam tão aspiracionais. Assim como os bons episódios de Black Mirror e Além da Imaginação, Caixa Preta funciona bem por si só e é coerente dentro de sua proposta. Se você conhece razoavelmente bem o gênero, já viu filmes muito semelhantes antes, dificilmente será surpreendido aqui, o que configura esta como uma obra correta e mediana.

Comentários (1)

Herbert Engels | sábado, 17 de Outubro de 2020 - 21:09

Koball deve ter ficado com inveja da nova molecada do Cineplayers e decidiu fazer uma crítica haha. Só isso explica sua abstinência de 4 anos.

Alexandre Koball | domingo, 18 de Outubro de 2020 - 19:22

Mais ou menos, ahahah. Tava na hora de desenferrujar.

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