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Críticas

Cineplayers

Um filme que cansa ainda mais a imagem das refilmagens japonesas nos Estados Unidos. Totalmente dispensável!

4,0

O filme anterior foi um marco, para o bem ou para o mal. Com ele, iniciou-se a produção em massa de re-imaginações de filmes de terror japoneses, com grandes sucessos de bilheteria e até aprovação junto aos críticos. Só que, assim como aconteceu com as paródias de filmes de terror em meados da década de 90, esses remakes acabaram por saturar por completo e com ainda maior velocidade. Mas essa fase ainda está longe de acabar: além desta continuação de “O Chamado” que está passando nos cinemas, ainda estamos no aguardo para lançamento “Dark Water”, novo filme do brasileiro Walter Salles (de “Diários de Motocicleta”, estreando no mainstream hollywoodiano, e com um excelente material em mãos, já que o original é o melhor de todos os que já vi).

Essa continuação teve uma bilheteria decepcionante (o anterior faturou absurdos 130 milhões de dólares, e este só conseguiu cerca de 72 milhões no mercado americano). Sinal de desgaste do gênero? Com certeza que sim, aliado a um filme que é medíocre o tempo todo. Se o anterior conseguia manter certo clima de tensão com sua trama estranha aos olhos ocidentais e dava alguns sustos, esse aqui passa a projeção inteira sem despertar qualquer reação do espectador (exceto algumas risadas já no finzinho do filme, quando a monstrenga sobe um poço como se fosse uma aranha, lembrando uma cena – cortada – do antigo “O Exorcista”).

O curioso é que quem foi chamado pra comandar essa produção foi o próprio criador da série de filmes japoneses, Hideo Nakata, já que o diretor anterior, Gore Verbinski, já estava comprometido com as seqüências de outra cinessérie, “Piratas do Caribe”. Nakata, aqui, demonstra ter sido sufocado pela forma americana de se fazer cinema e entrega um filme morno, sem graça e muito menos assustador. Esse tipo de problema – diretores de outros países reimaginando suas próprias produções para o mercado americano, mas com qualidade inferior – já tinha acontecido diversas vezes antes, como por exemplo George Sluizer, com o seu “O Silêncio do Lago”, ou mais recentemente Takashi Shimizu, que entregou uma bomba com o seu “O Grito”.

O roteiro segue os fatos ocorridos no filme anterior. Rachel (a telentosa Naomi Watts, reprisando o papel principal, mas dessa vez bastante apagada) foge de Seattle e do passado com o filho pequeno (David Dorfman, em uma interpretação Haley Joel Osment de ser) e vai para o interior, onde trabalhará no pequeno jornal local e tentará dar continuidade à sua vida. Só que o espírito de Samara atacará novamente, aparecendo nesta nova cidade (melhor nem dizer como...) e assombrando o garoto.

O que é mais estranho é que a maldição de Samara – se alguém assistir a um vídeo morrerá em sete dias, a base de toda a premissa do filme anterior – aqui é praticamente descartada pelo roteiro. Há apenas uma cena inicial que mostra a maldição e que não tem praticamente ligação nenhuma com o resto da ação. Quem assistiu à trilogia japonesa diz que esta continuação é uma mistura de “Ringu 0” e “Ringu 2”, mas o que se vê é uma sucessão de fatos entediantes que, de certa forma, são coerentes, mas de outra não se mostram surpreendentes para ninguém.

Talvez a maldição maior deste filme seja a das continuações.

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