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Críticas

Cineplayers

Mais um filme sobre inseminação articial; nem o melhor, nem o pior.

4,5

Jason Bateman, que já foi visto nos cinemas esse ano (por quase ninguém, diga-se de passagem) em Maré de Azar (Extract, 2009), é o protagonista deste novo filme sobre inseminação artificial. Ele interpreta Wally Mars, um sujeito com sérios problemas de socialização e que é apaixonado pela melhor amiga Kassie (Aniston). Quando ela decide engravidar por conta própria, Wally, bêbado e dopado, joga fora o conteúdo do frasco de doação de esperma e substitui por sua própria doação. O único problema é que ele sequer lembra disso, e só vai descobrir 7 anos depois, quando enfim conhece a criança.

Existem alguns fatores que podem te fazer querer ir ao cinema ver Coincidências do Amor (The Switch, 2010), e todos eles são enganosos. Por exemplo, você pode ter sido atraído pelo pôster, onde Jason Bateman cheira um vidro com a “doação” alheia, e pensar que o filme é uma comédia rasgada de humor escatológico. Ou pensar que a presença da Jennifer Aniston seja o suficiente pra garantir uma história romântica, perfeita pra ir acompanhado. Ou até mesmo pensar que existe alguma coincidência no filme, como o título sugere, mas até isso é propaganda enganosa. Nada no roteiro está ligado ao acaso e poderia ser considerado uma coincidência.

O que salva o filme de ser apenas uma comédia romântica é o fato da história ser centrada no personagem de Bateman, e não no de Aniston. Embora ela seja apenas mais uma mulher moderna em busca de um homem e que desiste de esperar, Wally é um personagem mais politicamente incorreto, e seus diálogos não são ruins. A relação entre a criança (um mini-Wally, se é que isso é possível) e o pai é mais importante e interessante do que a de Wally com Kassie, e quando o filme foca nisso, ele sai do lugar comum (não muito, mas o suficiente).

Em compensação, Roland, personagem de Patrick Wilson que deveria ser o doador original, e que todos pressupõem ser o pai da criança, se torna um elo fraco, na medida que ele não consegue envolver a platéia de forma alguma. Suas tentativas de se relacionar com a criança são deploráveis, e embora pareça gostar de Kassie, a impressão que fica que é mais de dor de cotovelo do que de amor. Roland nunca é totalmente interessante, e a sombra da ex-mulher, numa relação que não é aprofundada no roteiro em momento algum, está presente o tempo todo. É difícil se identificar com ele quando a todo momento somos levados a crer que ele simplesmente não consegue lidar com a rejeição, e vê em Kassie a oportunidade de continuar de onde parou, numa família já formada, como se com isso pudesse apagar o seu divórcio.

O triângulo amoroso então se enfraquece consideravelmente. É triste perceber que ao poder optar entre deixar a trama mais complexa e interessante ao colocar um terceiro elemento, que poderia complicar ainda mais a vida do protagonista, os diretores Josh Gordon e Will Speck (de Escorregando para a Glória [Blades of Glory, 2007]) prefiram manter a trama rala e óbvia, com seu final feliz garantido. Não é a toa que o romance fique em segundo plano, e o talento de Bateman e até mesmo de Jennifer Aniston se sobressaia mais exatamente na relação com o filho, interpretado por Thomas Robinson.

Vale destacar também o péssimo trabalho de Jeff Goldblum, como o melhor amigo excêntrico de Wally, que consegue estragar todas as suas cenas. Goldblum, aliás, deveria seriamente considerar a aposentadoria, já que não entrega uma boa atuação há muito tempo. Juliette Lewis merecia uma personagem melhor escrita, e é irrelevante para a história. É outra atriz que já teve atuações muito melhores e precisa rever sua carreira.

Coincidências do Amor é um dos três filmes americanos a abordarem de alguma forma a inseminação artificial que foram produzidos em 2010. Não é o melhor, essa posição é de Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, 2010). Também não é o pior, já que no dia dos namorados fomos “presenteados” com Plano B (The Back-up Plan, 2010). E isso diz muito sobre o filme, mediano, entretenimento leve, mas não tão medíocre quanto se poderia esperar.

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