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Colateral

(Collateral, 2004)
7,6
Média
667 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um filme policial charmoso, de bela fotografia e muito bem interpretado por sua dupla de protagonistas.

8,0

Particularmente falando, adoro quando um filme como Colateral estréia, chega sem fazer muito barulho, com baixa exposição, mas com aquele ar de que promete muito. Assim foi com Magnólia, um sucesso de crítica estrondoso e um dos melhores filmes, hoje considerado cult, dos anos 90. E Colateral parecia seguir essa mesma linha. Infelizmente, o filme não tem arrebatado a crítica da forma como era esperado, mas, apesar de seus defeitos, consegue ser um filme muito bonito com algumas boas revelações.

Sem estender demais essa pequena introdução, vamos falar diretamente e abertamente dos melhores e principais pontos do filme. E o primeiro desses pontos pode ser percebido, ou constatado, com meros 15 minutos de projeção... A fotografia é magistralmente bem conduzida, perfeita. As tomadas de Los Angeles são incríveis. Apesar do filme se passar totalmente em uma noite (a mote do filme é “It Started like any other night...”) e possuir várias tomadas em pleno breu, quando lembro do filme me vem à cabeça as bem trabalhadas luzes da cidade de Los Angeles. Dion Beebe e Paul Cameron, responsáveis pela edição fotográfica, fizeram um trabalho competente e perfeito ao lado do diretor Michael Mann.

Outro ponto a ser tocado, tão magistral quanto a fotografia, vem a ser a direção de Colateral. A película é um filme coeso que tem todos seus quesitos técnicos minuciosamente interligados entre si, um aperfeiçoando cada vez mais o outro. Explico. Colateral tem um ritmo bem lento, apesar das cenas de ação em seu final sejam de prender a atenção do público. Mas esse ritmo lento é recompensado pelo brilhante trabalho de Stuart Beattie, que escreveu seqüências de diálogos incríveis. Poderia citar umas quatro ou cinco frases marcantes do filme...

Michael Mann, que já havia trabalhado em outro filme com ritmo lento e diálogos incríveis, um dos meus favoritos, devo dizer (O Informante, de 1999 com Russell Crowe e Al Paccino), parece ter aperfeiçoado ainda mais sua técnica. Uma pena que o diretor não publique obras como essas com maior freqüência. Mann consegue manter os atores em linha e conduzir as cenas de ação e tensão psicológica com perfeição ímpar.

No filme, Tom Cruise (de O Último Samurai) interpreta Vicent, um matador de aluguel de alta classe que é contratado para fazer alguns serviços durante uma única noite na cidade de Los Angeles. Seu envolvimento com o taxista Max (Jamie Foxx, que já havia trabalhado com o diretor em Ali) é iminente a partir do momento em que Vicent entra em seu táxi.

As atuações estão impecáveis. Cruise, com Colateral, confirma a ótima fase em que está. Se ainda estivesse casado com Nicole Kidman, poderia até dizer que seriam o casal mais produtivo da atualidade. Mas levando em consideração os filmes que ambos faziam enquanto ainda eram casados, foi melhor (para o cinema) que o destino os separassem mesmo. Na película de Mann, Cruise esbanja expressão corporal e, principalmente, sua inconfundível presença em cena, sempre marcante com raras exceções.

Mas a boa surpresa do filme vem por parte do coadjuvante Jamie Foxx, que fica quase tanto tempo em cena como o próprio Cruise. Apesar de Vincent ser o personagem que mais chama a atenção no filme, é em Max, o taxista, que ele é centrado. E o ator felizmente corresponde à todas as expectativas. Faz um trabalho sólido e coeso ao lado de Cruise, proporcionando momentos que até geram certos tipos de risos no público.

Outro grande ponto forte de Colateral vem a ser a trilha sonora, que ajuda a manter brilhantemente as tomadas editadas por Mann. E por falar em edição, apesar da película não possuir nada demais aqui, sem novidades, ela é extremamente bem conduzida e montada por Jim Miller e Paul Rubell, editores chefes da produção. E tudo isso somado à direção belíssima, às atuações sólidas, à fotografia perfeita, diálogos inteligentes e uma trilha sonora pra lá de adequada, dão ao filme um clima noir arrebatador que com certeza irá agradar aos amantes dos filmes do gênero.

Mas então Colateral é uma obra-prima? Não. Apesar de tudo, o filme possui algumas passagens em que podemos constatar uma queda de ritmo que chega a incomodar, principalmente ao público mais casual. O final, também, a partir da metade do filme para frente, começa a ficar bastante transparente, previsível e evidente, sem surpresas ou inovações nessa área. E é justamente por isso que o filme acaba por cair em alguns clichês menores, mas que não chegam a incomodar tanto assim.

Mas a dica está ai... Se você adora filmes como O Informante não perca a chance de ir correndo assistir Colateral, a segunda melhor obra do diretor Michael Mann.

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