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Críticas

Cineplayers

Apesar de não ser uma obra-prima, é um divertido e engenhoso filme policial.

7,0

Embora seja um filme policial comum, Conflitos Internos pode ser considerado interessante pelas suas várias reviravoltas e pela história intrincada, cheia de detalhes divertidos. A história é conhecida principalmente por ter sido refilmada recentemente por Scorsese para a cinematografia norte-americana, então não cabe aqui uma explicação dela em detalhes. Mas não é possível supervalorizar esse pequeno filme de Hong Kong: não há nada que realmente seja novo e sua técnica também não apresenta elementos inovadores. Sendo assim, encará-lo como um divertido filme – e só! – é uma atitude recomendada.

A tal história intrincada na realidade é bastante difícil de acompanhar, podendo exigir uma releitura (leia-se: assistir novamente) dos mais desatentos. O desenvolvimento dos acontecimentos é rápido e várias ações dos personagens principais são realizadas sem maiores explicações. As próprias motivações de Lau e Wong (os infiltrados) são raramente analisadas em maiores detalhes. Por exemplo, para que serviu o envolvimento de Chan com a psiquiatra da polícia senão para criar uma última cena rasteiramente comovente? Para tentar aliviar esses problemas, o filme faz uso do recurso de flashbacks, para explicar e ratificar momentos que foram anteriormente mal desenvolvidos.

Sendo assim, o roteiro engenhoso - e não personagens realmente bons - é o único responsável por fazer manter o interesse na história, e de fato algumas das cenas-chave ficaram muito boas, principalmente algumas das cenas de mortes. Os flashbacks servem também para tentar criar uma conexão maior entre os dois protagonistas, porém o recurso ficou muito mal utilizado, soando artificial demais, quase amador, o que é surpreendente ao verificarmos que a quantidade de filmes que os diretores já dirigiram anteriormente é enorme.

Conflitos Internos é o primeiro exemplar de uma trilogia (!!!), o que demonstra que o produto não é nenhuma obra-prima, sendo desvalorizado com duas seqüências reconhecidamente inferiores. Pessoalmente, não vi os filmes e não tenho grande interesse de fazê-lo, já que acredito que qualquer história paralela ou semelhante à história principal deste primeiro exemplar seja mera exploração do seu sucesso.

Na realidade, o endeusamento de Conflitos Internos aqui no Ocidente só torna-se compreensível pelo interesse no filme de Scorsese, que é mais bem filmado, tem desenvolvimento bem superior de seus personagens e técnica mais sofisticada. Só que o filme de Scorsese sempre será isso: uma refilmagem, praticamente cena a cena, deste filme dos diretores Wai Keung Lau e Siu Fai Mak. Todas as glórias, então, sempre cairão indiretamente neste trabalho menor, o que é absolutamente justo (ainda que o filme não seja, como já foi comentado, uma obra-prima). Palmas ao cinema Oriental, por novamente ter dado lições ao cinema Ocidental.

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