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Correndo Atrás

(Correndo Atrás, 2017)
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Críticas

Cineplayers

O sonho brasileiro de se tornar um futebolista

5,0

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Cada crítica de comédia nacional poderia começar analisando esse movimento: filmes com temas ultra-populares para tentar chamar o grande público, com resultados narrativos leves e despretensiosos, ao mesmo tempo em que cativam o espectador para trazer a sua própria realidade para dentro das salas de cinema. E isso vem funcionando muito bem neste século XXI: obras como Minha Mãe é uma Peça ficaram longe de ser arte, mas dialogam com as classes C e D de forma precisa (e preciosa). Tudo isso pra dizer que este Correndo Atrás tenta entrar nessa vibração, pegando carona no sucesso desse sub-gênero tão amado no Brasil.

Capitaneado por Ailton Graça e Hélio de la Peña, além do jovem Juan Paiva (que também está em M8, obra do mesmo diretor deste aqui – Jeferson De), Correndo Atrás conta sua história focada no desejo de milhões de crianças e adolescentes do país: ser um jogador de futebol famoso. Glanderson (Paiva) tem um talento acima da média para o esporte, o problema que sua carreira acaba sendo gerenciada por dois picaretas (Graça e de la Peña) que até querem seu bem, mas às custas de muitos rolos e encrencas. E a obra é basicamente isso mesmo: a busca pelo “sonho brasileiro”, do jeito brasileiro, com muitas dificuldades, problemas, e malandragem.

O roteiro aqui não é tão inspirado no humor quanto outros mega-sucessos recentes da comédia brasileira. À obra falta um certo timing cômico para os textos e diálogos e a impressão que se tem é que estamos assistindo a um capítulo estendido da novela das 7 da Rede Globo (onde os temas são mais leves e mais humorísticos, dado o horário em que se passa). As piadas são bastante previsíveis e tentam vencer pela força bruta (ou seja, pela insistência de cacoetes cômicos) e, na maioria das vezes, para avançar sua história, disponibiliza soluções fáceis que fragilizam a obra.

Dito isso tudo acima, não achei que este é um filme sem graça, há momentos inspirados e ainda tem o bônus de explorar temas mais sérios nas entrelinhas, como a dificuldade (ou mesmo a impossibilidade) do cidadão pobre seguir seus sonhos no nosso país – normalmente deve abandoná-los para praticar a arte da sobrevivência. Mas, obviamente, isso tudo é secundário aqui e tentar tirar grandes lições sociais de um filme como este pode soar um tanto quanto pretensioso – o objetivo primordial aqui é o de fazer rir, afinal.

Correndo Atrás não teve o marketing dos mega-sucessos de bilheteria, e hoje pode ser encontrado meio timidamente nos serviços de streaming, mas é melhor e mais consistente do que um bocado deles, ainda que seja mais recomendado para quem for fã dos atores principais, para quem gostar de futebol (se não gostar do esporte, por algum motivo, não é esse filme que fará mudar a opinião de ninguém) e estiver tentado a assistir a uma obra leve e despretensiosa, com temas e clima tipicamente brasileiros.

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