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Críticas

Cineplayers

Bobinho e totalmente clichê, é mais um daqueles filmes recomendados apenas para um programa leve em um dia chuvoso.

4,0

Em sua recente crítica aqui no Cine Players sobre Wimbledon - O Jogo do Amor, meu amigo de site Tony Pugliese havia afirmado que o mercado atual de comédias divide-se em duas principais vertentes: as comédias norte-americanas para adolescentes e as comédias européias, estas um pouco mais sofisticadas e elegantes. De Repente 30 pode ser considerado mais um exemplo dessa afirmação. Provinda dos Estados Unidos, é um filme que mistura humor pastelão, estúpido, com o velho e clichê romance de matinê, uma combinação que possibilita um passatempo agradável, mas que de forma alguma rende, pelo menos neste caso, um bom filme.

Depois de Demolidor - O Homem Sem Medo, a atriz Jennifer Garner passou a ganhar status de candidata a ser estrela em Hollywood. Tanto que dois anos depois já tinha lançado um filme de ação solo, uma espécie de spin-off (utiliza elementos de um filme mas sem ter sua história conectada com o mesmo) daquele filme de super-heróis. A comédia romântica aqui em questão foi produzida entre os dois filmes, servindo como uma espécie de teste de popularidade para a atriz.

O sucesso foi razoável e não serviu para definir se Garner poderá ou não ser uma atriz de primeira linha. De qualquer forma, não é esse o ponto em questão que deve ser analisado, e sim o conteúdo da obra. Obviamente, o filme pode ser considerado como uma espécie de revisitação ao pequeno clássico dos anos 1980 Quero Ser Grande.  Jenna (Garner) é uma garota divertida mas impopular. Quando as coisas dão erradas em sua festa de aniversário de 13 anos, ela deseja ter 30 anos, ser bem sucedida e possuir um namorado. Quando acorda no dia seguinte tudo é realizado, mas ela logo perceberá que na realidade sempre teve o que quis até tentar ser popular.

Enfim, nada de novo. O problema da produção, além da incrível cara-de-pau de revisitar pela enésima vez elementos já tão batidos, são os seus personagens mais do que irritantes. Nenhum deles salva-se, talvez com exceção de Matt, interpretado por Matt Ruffalo, que conseguiu o papel menos chato de todos. Os personagens são todos vazios, marionetes ("robôs", como define o próprio Matt em sua versão pré-adolescente no início do filme), e nem mesmo uma produção tecnicamente bem realizada (como a fotografia leve e descontraída de Nova York) consegue disfarçar os problemas evidentes de falta de conteúdo. Em muitos momentos o filme parece apenas uma grande sequência de situações que não levam a lugar nenhum.

Garner não deixa de ser medíocre, embora com o roteiro apresentado seria difícil ser de alguma forma diferente. Às vezes sua personagem age de maneira estúpida (para criar momentos cômicos no filme) enquanto outras ela é a mais esperta da sala. As poucas situações cômicas são, portanto, sempre resultado de forçadas de barra horrivelmente mal-encaixadas no meio das cenas, provocando risos muitas vezes de legitimidade duvidosa - o espectador sabe (ou ao menos deveria saber) que está sendo enganado ainda que ria da situação.

De Repente 30 é um filme totalmente superficial (a moral da história ao final é mais do que previsível desde os minutos iniciais) e deixa passar explicações - que deveriam ser melhor tratadas - como melhor lhe convém. Como explicar, por exemplo, a total imparcialidade de Jenna aos avanços tecnológicos ocorridos nos 17 anos de seu "apagamento"? Se isso é algo natural pra ela, por que a simples idéia de sexo a repulsa? Enfim, são situações que os roteiristas deixaram passar, por pensar, talvez, que o espectador, quase sempre passivo ao que acontece a sua frente, iria ignorar. O que importa são risadas baratas, não é mesmo?

Mesmo com tantos problemas, devo reconhecer que o filme termina proporcionando um sentimento de satisfação, embora mínima. Tecnicamente agradável e com o final bobinho e feliz de sempre, em alguns poucos momentos é possível ignorar tudo e deixar-se levar pelo espírito suave, até que a próxima falha venha a acontecer, pelo menos. Enfim, é um trabalho recomendado apenas para uma longa tarde chuvosa.

Comentários (3)

Fernanda Pertile | sexta-feira, 28 de Outubro de 2011 - 21:04

Para ser levado a sério realmente o filme não dá, mas é uma boa opção quando se reúne a família em um domingo a tarde...

Liliane Coelho | sexta-feira, 09 de Dezembro de 2011 - 11:57

Ah, gente, é bonitinho, vai... Longe de ser OP, mas é ótimo para ver no domingo à tarde.

Guilherme Z. | sábado, 03 de Março de 2012 - 10:02

É bonitinho e os nostálgicos devem se divertir caçando referências da década de 1980 como canções e produtos que eram moda.

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