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Críticas

Cineplayers

Leve e despretensioso, o filme é uma divertido turnê pelo mundo da moda.

7,0

A contemporaneidade entre as indústrias cinematográfica e da moda é somente o primeiro ponto em comum entre estes dois segmentos que se tornaram tão íntimos desde então. É muito fácil perceber influências da moda no cinema e vice-versa, já que ambos retratam, majoritariamente, uma visão atual do mundo na qual se baseiam, independentemente da época.

Não por acaso o próprio cinema algumas vezes excursionou pelo mundinho fashion, quase sempre com leituras mordazes. Impossível não citar Cinderela em Paris, de Stanley Donen, uma fantasia romantizada, mas ainda sim crítica, protagonizada por um dos maiores ícones de ambos os segmentos: Audrey Hepburn, a eterna bonequinha de luxo. Outro exemplar famoso é o excelente Blow Up – Depois Daquele Beijo, no qual Antonioni, em sua melhor forma, utiliza-se do mundo da moda como fator preponderante em sua trama de mistério. Recentemente, Robert Altman avacalhou tudo e todos no irregular Prêt-à-Porter, e  Ben Stiller elevou essa sátira à enésima potência no pouco engraçado Zoolander.

É previsível então que o best-seller O Diabo Veste Prada tenha recebido também seu tratamento cinematográfico. O livro escrito pela jornalista Lauren Weisberger descreve em pormenores a relação desta com Anne Wintour, editora da revista Vogue americana e considerada a manda-chuva no segmento. Weisberger foi assistente pessoal de Wintour por um ano, e após pedir demissão do emprego, recebeu uma quantia milionária para descrever o calvário que foi esse período. Wintour é uma prima donna, megera mesmo, capaz de levar um ser humano às lágrimas com um simples gesto ou olhar – pelo menos é o que Weisberger nos contou a respeito. 

Uma personagem assim, tão divertida (talvez nem Gilberto Braga tenha imaginação tão fértil para criar alguém malévola e caricata assim – e lembrem-se que estamos falando de uma personagem baseada em uma pessoa real), foi personificada na tela grande por Meryl Streep, que outrora taxada por atriz de um papel só (lá no final da década de 80, quando só estrelava filmes chorosos e melodramáticos), vêm ficando cada vez mais à vontade em papéis cômicos. Miranda Priestley (nome fictício de Wintour na trama, por motivos óbvios) dá a Streep todas as oportunidades para a grande atriz brilhar, mesmo em um filme que peca pela previsibilidade e pela estrutura convencional de seu roteiro, que não consegue fugir do esquematismo e da falta de sutileza (a transformação da personagem Andrea Sachs – Anne Hathaway, encarnando Weisberger – de patinho feio a entendida de moda é muito mais realista no papel do que na tela, por exemplo). 

Pecados que passam quase despercebidos pelo filme dirigido com leveza por David Frankel, já "enturmado" com o tema desde e a época que comandava a fashionista Carrie Broadshaw na série de tevê "Sex and the City". Afinal, o filme arranca tantas risadas quanto o espectador seja capaz de reconhecê-las (há uma infinidade de citações deliciosas, das mais óbvias como Gisele Bündchen de óculos de grau e pose de inteligente a algumas que exigem mais, como aquela feita sobre o todo-poderoso das comunicações, Rupert Murdoch). E quem ri por último – de preferência em cima de um salto alto – ri melhor. Que o diga Laura Weisberger.

Comentários (1)

Fernanda Pertile | sexta-feira, 28 de Outubro de 2011 - 21:06

Eu amo esse filme, assisto sempre que posso 😁

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