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Críticas

Cineplayers

Nova cine série diverte sem compromisso, e instiga para o segundo capítulo.

6,0

Não adianta chorar: enquanto você lê essa crítica, provavelmente existe alguma mulher americana escrevendo as desventuras de uma jovem num futuro semi-apocalíptico tendo que lutar contra um sistema totalitário que delimita a vida em sociedade. Olhando por esse lado, poderia ser pior... afinal, poderia estar sendo escrito algo sobre uma garota envolta por paixões proibidas entre criaturas do folclore americano do terror; vampiros, lobisomens, bruxos e zumbis já foram.

A notícia ruim é que, se você odeia Jogos Vorazes, agora tem mais um motivo pra sofrer durante 4 anos com a nova série Divergente (e dessa vez nem precisa rezar pelo fracasso pra que outros não sejam produzidos; o filme já rendeu mais de 130 milhões só nos EUA até agora). A notícia boa - ou razoável - é que o filme novo não é ruim.

Produto para a massa que consome essas séries de livros infanto-juvenis para meninas, o diretor Neil Burger (dos bem sucedidos O Ilusionista [The Illusionist, 2006] e Sem Limites [Limitless, 2011]) entrega um produto bem acabado, de trilha-sonora marcante, bela fotografia e luz, e com elenco bem escalado e empenhado (temos até Kate Winslet, vejam só!). O lado ruim dessas adaptações de livros de quase 400 páginas em filmes de 2h é que só vai parar na tela grande praticamente um super resumo do calhamaço. Caberia a um grande roteirista dar cabo da tarefa, mas não dá pra ter raiva de um pobre coitado desse, tendo que lidar com centenas de detalhes de tramas com universos particulares e muito específicos e passar isso adiante para todo tipo de público, não apenas os fãs. De qualquer maneira, algumas passagens ficam mais bem resolvidas que outras, alguns personagens parecem ter atitudes controversas e bizarras, e muita coisa acaba ficando no ar mesmo; sinal de que o resultado da trama na tela em alguns momentos parece ser muito melhor explicado nas páginas do livro.

Eu assumo: sempre acabo me envolvendo mesmo nessas tramas rocambolescas envolvendo um governo totalitarista e opressor que se faz passar por organizado e correto - desde George Orwell e Anthony Burgess escreviam sobre o tema. Lógico que não estou comparando a solteirona da vez (uma tal Veronica Roth) com esses gênios. Apenas querendo dizer que me identifico e simpatizo com a tal Katniss da outra franquia, e que aqui se chama Tris. Vivida pela gordota Shailene Woodley (que é uma baita novata, bastante premiada por Os Descendentes [The Descendants, 2011]), a mocinha não tem o corpo de uma Jennifer Lawrence mas é igualmente bonita e carismática, e dá conta direitinho de protagonizar o primeiro longa de uma série. Na pele de Tris, ela acabou de apontar que não quer mais fazer parte do distrito onde foi criada ao lado dos pais e irmão, então... ah, se vocês são fãs da saga, essa sinopse já está mastigada na cabeça de vocês. Se não, façam como eu e não leiam nada a respeito; desliguem o cérebro (mas não tanto) e divirtam-se como se não houvesse amanhã.

Além de tudo, Divergente ainda conta com uma poderosa mensagem sobre o poder de encarar sua diferença (ou 'divergência') de frente, bancar essa opção e seguir com orgulho e certeza de estar no caminho certo. Nos dias de hoje, qualquer coisa que celebre a alegria e o prazer de encontrar seu lugar no mundo seguindo apenas a sua intenção, sem ouvir categorizações superiores e arcaicas, é também um motivo pra ser celebrado.

Comentários (12)

Raphael da Silveira Leite Miguel | segunda-feira, 28 de Abril de 2014 - 00:05

Boa crítica, apesar de alguns comentários ácidos mas verdadeiros. Ainda preciso ver esse que parece ser dos melhores dessa safra de adaptações de best-sellers adolescentes, que sofrem sempre do mesmo mal, a adaptação de livros extensos em 2 horas de filme. Ví falhas desse tipo nos filmes \"Dezesseis Luas\" e \"Os Instrumentos Mortais\", totalmente apressados como se o espectador soubesse de cada detalhe da cena. Acho que se não ater a todos esses detalhes e focar mais na ação, poderá seguir a fórmula de sucesso conquistada por Jogos Vorazes, claro que Jennifer Lawrence leva bastante crédito por isso. Boto muita fé por ser do Neil Burger que fez os dois excelentes filmes citados. Uma pena ele já ter \"passado o bastão\" para as sequências.

Landerson DSP | quinta-feira, 01 de Maio de 2014 - 11:38

Apesar da caracterização das classes ser relativamente interessante(gostei do lance do espelho) e ter certas passagem que gerem tensão, na maior parte do tempo é aquele lenga-lenga das produções baseadas em best-seller teens, além possuir uns diálogos horrorosos a qual eu não consegui me conter e reclamei, mas com a mão pressionando a boca para não incomodar o resto. Mas ainda é melhor que Jogos Vorazes(pelo menos o primeiro, já que eu não assisti o segundo).

MARCO ANTONIO ZANLORENSI | segunda-feira, 01 de Setembro de 2014 - 18:12

Boa Victor Kalid, eles ficam sem facção quando envelhecem? Boa pergunta mesmo, talvez a preocupação com a imagem foi tão grande que só poderiam aparecer pessoas jovens e bonitas. Um mundo em guerra onde não sabemos se opera o fascismo ou o socialismo ou qualquer outro sistema, tudo parece artificialmente pronto para que as pessoas aceitem a nova ordem mundial. Achei o filme fraco, como já foi dito vários pontos sem preocupação em explicar e aprofundar o que é apresentado, o complexo onde a facção audácia controla as pessoas é sofrível, tudo muito estranho, viver num mundo em guerra com um belíssimo campo de plantio daquele do lado de fora? Tá bom! Uma última coisa, quem controla tudo aquilo? Simplesmente cada facção faz sua parte e o todo se resolve sozinho? Serve como distração para comparar com outros da mesma especie.

George | terça-feira, 16 de Setembro de 2014 - 22:23

Melhor que Jogos Vorazes.

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