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Críticas

Cineplayers

Uma comédia muito acima da média, que inclui pérolas da Bossa Nova em sua trilha sonora.

8,0

Ingredientes para uma boa comédia romântica: pegue um roteiro leve e despretensioso e adicione um (ou mais) casal perfeito, mas incompatível e deslocado, em uma situação improvável. Adicione um elenco de primeira. Tempere com boas piadas, bons diálogos com um toque de humor negro. E sirva ao som do melhor da Bossa Nova. Voilá, essa é a receita de Doce Trapaça.

O filme conta a história de Max (Sigourney Weaver) e Page (Jennifer Love Hewitt), mãe  e filha, que além de serem unidas pelo laço maternal, são unidas também em golpes que aplicam em homens ricos. O golpe funciona da seguinte maneira: Max seduz e casa-se com um milionário (já sistematicamente selecionado), evitando sempre ter relações com ele na lua de mel. Page, já de alguma forma introduzida na vida do milionário - geralmente como funcionária dele -, se aproveita da carência do recém-casado (que ficou na mão na lua de mel) e, através de generosos decotes e posições sensuais, o tenta de tal forma que o leva a cometer adultério, sendo prontamente flagrado por Max, que imediatamente lhe pede o divórcio e fica com uma gorda indenização. Um golpe perfeito.

Mas os laços que unem Page a Max não são tão fortes como deveriam ser, e Page (extremamente ambiciosa) intenta partir para carreira solo, aplicando seus próprios golpes. Mas, assim como elas, o destino também aplica golpes, obrigando Page a dar um último golpe com Max. E esse último deveria ser algo extremamente lucrativo.

A partir daí o filme segue uma hilária trilha de situações imprevistas, trapaças, traições, golpes baixos e... Romances inesperados. Tudo para mostrar que mesmo os laços mais fortes podem ser tentados pela ganância e pela ambição.

Esse filme foi para mim uma grata surpresa. O aluguei sem maiores pretensões, esperando dar  no máximo alguns sorrisos. E fui atraído mais pela presença de Gene Hackman, (que esta na capa mais como um chamariz, pois sua presença no filme não é muito longa, mas como sempre,  bastante compensadora) e fui agraciado com um elenco de primeira, que atua muito bem, cada qual em papéis que parecem ter sido criados especificamente para eles.

Sigourney Weaver e Jennifer Love Hewitt tem uma química perfeita. Singouney Weaver como Max, a experiente trapaceira, que com os pés no chão consegue se safar das mais complicadas situações. Jennifer Love como Page, a ambiciosa anti-heroína que com sua beleza e jeito rude de ser consegue cativar qualquer um. Juntas, elas dão todo sentido ao título original do filme, Heartbreakers, e agem como verdadeiras destruidoras de corações.

Isso sem falar em Ray Liotta, que esta perfeito como uma apaixonada vítima de Max, de caráter bastante duvidoso, mas de sentimentos verdadeiros. E Gene Hackman, que como comentei, tem poucos, mas memoráveis momentos. O que, como pensei ao alugar, já vale o aluguel do filme.

Mas o filme tem alguns pontos negativos, como o fato do ritmo dinâmico acabar criando alguns momentos inconsistentes, que parecem não se encaixar muito bem no andamento da trama. Principalmente na última meia hora, onde parece que uma desviada no andamento vai botar tudo a perder, acabando com um bom trabalho que vinha sendo conduzido até ali. Mas a trama consegue se sustentar e conduzir a um bom e agradável final.

Para finalizar, não podia deixar de comentar sobre os excelentes fundos musicais, que inclui pérolas da Bossa Nova e trillers românticos, como Água de Beber, Insensatez e Águas de Março, obras do mestre Tom Jobim, cantadas em bom português (Águas de Março em um misto português-inglês).

Tudo isso, resulta em uma receita de duas horas de imenso prazer. Altamente recomendado.

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