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Críticas

Cineplayers

Exageros de direção e personagens fracos, sem identidade, fazem deste um filme muito ruim.

3,0

Tony Scott conseguiu destaque em Hollywood por imprimir em seus filmes um estilo próprio. São poucos cineastas atuais que podem ser facilmente reconhecidos apenas pelo seu estilo técnico a partir de uma análise superficial de seus filmes. Há os que detestam, e há os que adoram o que Scott vem fazendo. Pessoalmente, gosto de seu estilo ágil, embora o diretor cometa, inegavelmente, abusos no uso de suas câmeras, ao produzir imagens muito trêmulas. Se por um lado isso traz um tom realista aos seus filmes, por outro não serve para muita coisa prática, mostrando-se um exercício de futilidade artística que às vezes atrapalha mais do que ajuda.

Um exemplo da utilização exagerada desse estilo é Domino - A Caçadora de Recompensas. Os problemas começam a aparecer justamente com a direção de Tony Scott, que pegou seus piores maneirismos e os piorou em várias vezes. Aqui, seu estilo de narrativa crua e realista ultrapassou o limite do coerente. A câmera treme demais, provavelmente um dos filmes com câmera mais trêmula dessa nova moda. Se você achou a câmera de Chamas da Vingança ou A Supremacia Bourne (de Paul Greengrass, outro diretor de exageros) trêmula demais, multiplique tal sensação por dois (pelo menos) e você terá uma idéia do estilo que Scott imprimiu a esse filme. Independente do gosto individual de cada espectador, ninguém pode negar que o acompanhamento de inúmeras cenas (principalmente as cenas de ação) ficou praticamente impossível de ser realizado. E o pior de tudo: o recurso parece que foi utilizado para tentar trazer movimento a cenas aborrecidas, ou seja, para fazer o espectador se distrair de problemas maiores.

Além dos problemas técnicos, o filme tem problemas de identidade também muito sérios. Não se sabe se Domino é ação ou comédia. Às vezes possui carga dramática forte; em outras possui piadinhas sem graça. Obviamente não deve ser levada a sério e, mesmo com o excesso de violência gráfica, a sensação é de que tudo o que se vê na tela é uma grande e entediante bobagem. Os diálogos canastrões (mais sobre isso adiante) tampouco ajudam, transformando os personagens em simples caricaturas sem profundidade alguma.

O elenco, ainda que tenha nomes populares envolvidos, ficou muito ruim, totalmente canastrão. Keira Knightley, apesar de ser bonitinha, é vendida como uma deusa, quando está muito longe disso. Mesmo de lingerie. Em algumas cenas com pouca roupa ficou visível a utilização de uma dublê de corpo, o que pode ser bem decepcionante para os fãs da atriz. Já Mickey Rourke, apesar de seu personagem combinar com o tipo físico (valentão forte e machão) aparenta estar deslocado e não consegue imprimir um ritmo ágil em seu personagem. Os vilões, então, são o cúmulo da caricatura, citando palavras desafiadoras e arrogantes para justificar seus atos.

Cercado de tantos problemas técnicos e de roteiro, Domino – A Caçadora de Recompensas não é nada mais do que outro filme ruim na irregular carreira de Tony Scott, que com seu estilo próprio já realizou filmes bons (Jogo de Espiões, Inimigo do Estado) e ruins (Dias de Trovão, Déjà Vu). Este é provavelmente o pior deles. Vale talvez para quem gosta de ação com muitos tiroteios, mas no meio de tanta concorrência, fica difícil indicar Domino mesmo para essas pessoas.

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