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Críticas

Cineplayers

Manipulativo e clichê, sabe jogar com essas características a seu favor, e por isso não é uma total bomba.

5,0

De vez em quando surgem filmes musicais de e para adolescentes, pouco ambiciosos e que acabam fazendo mais sucesso na prateleira da videolocadora que no cinema. Caso deste Ela Dança, Eu Danço (um horrível título nacional, aproveitando-se do refrão de uma música de sucesso), que não traz nada de absolutamente novo ou inspirado, mas que serve de passatempo ligeiro e que acabará sendo reprisado exaustivamente nas tardes da tevê.

Tyler Gage é um adolescente encrenqueiro que, após ser preso ao arrombar e destruir uma escola de artes, é sentenciado a cumprir serviços comunitários na própria escola. Lá, se interessa por uma bailarina, Nora Clark, focada em uma apresentação que poderá levá-la a uma grande companhia. Como é de praxe, os dois a princípio se repelem, mas logo surge a paixão, as desavenças e o final esperado. Tudo seguindo a velha fórmula do menino pobre e idealista que se apaixona pela menina rica e reprimida.

Talvez seja nessa vontade de não querer enganar o espectador, de assumir mesmo que é um novelão, que reside a maior qualidade do filme. A diretora estreante Anne Fletcher usa os mais surrados clichês para contar sua história, e não tem vergonha disso. Ela consegue a proeza de, logo em seu primeiro trabalho, maximizar o resultado de um roteiro extremamente ingênuo (escrito por um especialista no assunto, Dune Adler, de No Balanço do Amor, ao lado da novata em cinema Melissa Rosenberg). Mas não pense que isso signifique muita coisa.

O primeiro quarto do filme é muito ruim, um tanto quanto atravancado. Logo no seu prólogo há uma tentativa de combinar balé e música de rua, cujo resultado não é dos melhores, resultando mais desengonçada que propriamente bem-feita. A apresentação dos personagens ao público também não é das mais felizes: tanto Tyler quanto Nora são mostrados como estúpidos e infantis para depois, como um estalo, sofrerem uma radical mudança comportamental. 

Aos poucos as coisas vão se ajustando, o filme ganha fôlego com o início do romance (mas a quantidade de estereótipos incomoda muito – o namorado cantor de Nora é o pior), os conflitos bobos vão sendo relegados a segundo plano e os números musicais vão ganhando espaço. Esses números acabam se tornando os pontos altos do filme, principalmente o clímax, uma empolgante apresentação na qual a diretora utiliza toda a sua experiência como coreógrafa (Abaixo o Amor e Teenagers – As Apimentadas são alguns de seus trabalhos na área).

Um fato interessante do filme é que ele se concentra basicamente no personagem masculino, no Tyler, deixando Nora como mera coadjuvante durante quase toda a projeção – esta bastante enxuta, por sinal. Uma decisão certeira, já que a atriz que interpreta Nora, Jenna Dewan (que está também em Vem Dançar), não deixa maiores impressões, exceto nos números musicais. Channing Tatum, o Tyler, também não demonstra maior talento, mas seu tipo físico e certo carisma deixam-no à vontade no papel, assim como já tinha acontecido com seu trabalho anterior, a comédia Ela é o Cara. Dos coadjuvantes, destaque para a australiana Rachel Griffiths, competente como sempre no papel da diretora da escola.

Há de se lamentar a inclusão, já perto do desfecho, de um incidente com a clara intenção de manipular emocionalmente o espectador. Uma armadilha desnecessária em um filme que já tinha cumprido seu objetivo como entretenimento.

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