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Críticas

Cineplayers

Longe de justificar sua polêmica, esta comédia de humor negro é apenas correta dentro de seus objetivos.

6,0

Antes de chegar oficialmente às telas, A Entrevista já era um dos filmes mais polêmicos e comentados de 2014. Isto porquê a comédia de humor negro protagonizada por James Franco e Seth Rogen, uma sátira aos norte-coreanos, teve força suficiente para gerar um ataque de hackers à Sony e diversas ameaças de ataques terroristas que poderiam ser cometidos durante o período de estreia do filme, o que levou o estúdio a adiar o lançamento do projeto por tempo indefinido. Com todo o óbvio falatório gerado por tanta polêmica, não demorou muito para que A Entrevista finalmente chegasse aos cinemas debaixo de uma enorme curiosidade: o filme faz jus ou não ao desagrado dos norte-coreanos diante da ridicularização promovida pelo besteirol?

Sendo direto e objetivo, a resposta é não. A Entrevista, ao contrário do que pareceu indicar o mau humor dos norte-coreanos, é apenas mais uma entre as zilhões de sátiras já promovidas por Hollywood e seus nomes tão ligados ao gênero, como Judd Apatow, por exemplo. Entre um número incontável de piadas bestas e escatológicas, os diretores Evan Goldberg e Seth Rogen ao lado de todo o seu elenco mais parecem estar participando de uma brincadeira que, antes de ter como objetivo divertir o público, é um mote para que todos os envolvidos achem graça entre si. Ou seja, dá-lhe tiradas envolvendo sexo, homoafetividade e até mesmo um constante apego a um sucesso da cantora pop Katy Perry.

Mas por mais que A Entrevista pouco soe original dentro de sua sátira (embora a ousadia em satirizar a “democracia” da Coréia do Norte e a política externa dos EUA não deixe de ser destacável), isto não quer que o filme não atinja seus objetivos enquanto comédia. O filme acerta, principalmente, no tom auto-debochado sobre seus personagens, em especial os protagonistas interpretados por Rogen e James Franco, que embora ofereçam novamente as mesmas caras e bocas de Segurando as Pontas e É o Fim, demonstram uma notável química em tela, com ambos compartilhando alguns diálogos que beiram a genialidade e nos oferecem referências engraçadíssimas a produções como O Senhor dos Anéis e a astros conhecidos do cenário musical, como o rapper Eminem.

Em contraponto a estes acertos, também temos um bom número de piadas e gags que, visivelmente apelativas,  acabam demonstrando uma certa falta de noção dos roteiristas sobre o senso do ridículo (o uso constante de piadas envolvendo coisas sendo penetradas no ânus é particularmente incômoda). Neste sentido, é possível comprovar a falta de boa vontade dos roteiristas em manter o nível do humor no seu devido lugar, já que nem todo tipo de absurdo é capaz de funcionar dentro de uma comédia de humor negro. É preciso saber dosar o humor, algo que não acontece aqui.

Mas A Entrevista, ainda assim, é capaz de fazer o espectador rolar de rir em diversos de seus momentos. Quem aprecia um bom besteirol que use e abuse de um tom absurdo certamente irá se sentir satisfeito com o programa. Mas em nenhum momento o filme chega a justificar toda a sua polêmica, e no fim das contas, acaba sendo apenas mais uma comédia de humor negro que tem lá seus grandes momentos, mas que jamais chega a surpreender, de fato.

De qualquer forma, não estranhe se, após o subir dos créditos, estiver com um certo hit da Katy Perry na cabeça.

Comentários (8)

Lucas Souza | quinta-feira, 05 de Fevereiro de 2015 - 19:30

O Felipe, na verdade essa foto aí foi numa formatura de facul de um amigo meu...
Digamos que seja um brinde a vida! Hahaha...!

Caio Henrique | sexta-feira, 06 de Fevereiro de 2015 - 19:27

não tenho do que reclamar. recebi o que queria, digamos que o filme se pagou dessa forma.

Pedro Henrique | sábado, 07 de Fevereiro de 2015 - 03:23

Mas que bosta que tava o James Franco nesse filme. O Eminem tava mais engraçado.

Só eu que fiquei com a impressão que o James Franco tava tentando encarnar um personagem de humor exagerado, tipo um Jim Carrey ? , mas 1- Ele não consegue 2- Não combina com o filme

O filme tem seus momentos engraçados, mas levando em consideração o tema, desperdiçaram um monte de piadas sobre Socialismo, Governos Ditatoriais , King Jong e mais em detrimento de sexo, bundas e festas aleatórias, a maioria delas sem-graça. Exatamente o que eu esperava quando assisti o trailer(acho que eu devo ter comentado quase isso na noticia do trailer), mas devido a polêmica eu esperava ser surpreendido com algo mais.

Cristian Oliveira Bruno | sábado, 07 de Fevereiro de 2015 - 19:20

Cara, não gosto nada do Seth Rogen, não adianta. O cara não tem nada de engraçado...

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