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Críticas

Cineplayers

Uma sequência tão boa quanto o filme original. E muito mais avançada tecnicamente.

7,0

Não é nenhuma novidade que as seqüências, na maioria das vezes, são inferiores a seus originais. A Era do Gelo 2 consegue, surpreendentemente, quebrar – em parte – essa definição, ou seja, em vários aspectos o filme acaba sendo superior ao lançado em 2002; enquanto em outros permanece inferior. É o primeiro filme-evento da temporada, e chegou cumprindo muito bem seu papel de entreter sem ofender a inteligência das crianças, como ocorre com muitos desenhos estúpidos hoje em dia. Apesar de apresentar humor simples e óbvio demais, ele ganha pontos ao conseguir fazer rir por esses mesmos motivos, o que é raro demais nos dias atuais.

O enredo não apresenta nada de novo. Há, como costumam fazer com continuações, novos personagens. E tudo que foi bem quisto em A Era do Gelo volta maior e melhor, como no caso do esquilo Scratch, que continua absolutamente dispensável para o enredo mas convence pelo seu carisma – suas expressões faciais são impagáveis e cada nova cena com ele é melhor do que a anterior, até o clímax final (sim, até o esquilinho ganhou um clímax caprichado). Esse filme, sem dúvidas, coloca esse personagem como um dos mais bem quistos pela garotada na atualidade, e a Fox tem aí uma mina de ouro pra explorar.

Os outros personagens continuam encantadores: a preguiça Sid continua proporcionando o mesmo humor simples e principalmente físico – mas delicioso para as crianças; o mamute Manny continua com as cenas sentimentais, agora ganhando uma companheira amalucada, mas que felizmente não é irritante o suficiente para estragar a diversão, que vem junto com dois gambás (!!) pretensiosos. E Diego, o tigre, permanece como uma ponte equilibrada entre os seus dois companheiros – sua piada no filme é o seu medo da água, que deve ser superado com coragem, não sem antes acontecerem muitas trapalhadas.

Apenas desse elenco forte e já bem definido na cabeça dos espectadores, o roteiro é bem mais óbvio e forçado. Ok, o filme original também não tinha como força o roteiro, mas nesta seqüência ele ficou um tanto inferior, com muitas passagens injustificadas (o “sonho” de Sid) que descaradamente estavam lá sem objetivos de fortalecer a história principal. A única coisa boa é que não há um vilão estereotipado para marcar a presença (caso típico de filmes da Disney e da Pixar): existem vários vilões menores, mas o filme sempre fica centrado nos seus personagens e no desenvolvimento do relacionamento entre eles, o que, em minha opinião, é muito mais interessante que uma bruxa malvada ou um maníaco que quer dominar o mundo.

Agora o grande avanço são as características técnicas. Beneficiado por quatro anos de evolução tecnológica e por um orçamento aproximadamente 40% maior, o filme da Blue Sky conseguiu fazer frente à qualidade técnica dos filmes da Pixar. Ele é muito mais bonito que Os Incríveis, por exemplo. O fato de ter ganho mais cores – agora há muitas cenas com verde – também ajuda nessa percepção. Algumas texturas de pêlo e a água são praticamente fotorrealistas, e o mais importante é que, mesmo assim, o filme não perdeu seus traços leves e cartunizados do original. O estilo é o mesmo, sendo tudo mais bonito e melhor, simplesmente.

Muitos adultos irão xingar o excesso de referências bíblicas (a própria “arca” no final do filme), enquanto os mais aficcionados por cinema adorarão as referências a outros filmes. A verdade é que A Era do Gelo 2 está longe de ser um filme perfeito, mas esta seqüência superou expectativas (após um trailer divertido, mas somente por ter a velha piadinha com Scratch) e pode ser considerado, em sua média, tão bom quanto o já adorado filme original. Com o sucesso, logo anunciarão o terceiro filme, ou mesmo algo solo para Scratch. Tudo bem nesse caso! O filme deve ser recomendado para todo mundo, mas recomendar para a criançada aqui seria perda de tempo: nessa altura, elas já devem ter visto ele várias vezes.

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