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Críticas

Cineplayers

Uma comédia romântica com "algo a mais". Adam Sandler mostra que pode ser um ator bacana e Paz Vega continua mostrando sua beleza e talento.

7,0

Com uma mistura bem balanceada entre comédia, drama e romance - talvez pendendo um pouco mais para o drama - Espanglês chega como o novo estereótipo de filme leve e descompromissado. Na realidade nem tanto! É um filme um pouco mais bem interpretado e forte em relação aos sentimentos que a média do gênero comédia romântica. Mas isso não pode ser percebido na superície - pelo pôster ou nem mesmo pelo trailer - e por isso é também um daqueles filmes que correm o risco de serem bastante subestimados por críticos e/ou público, caso uma análise um pouco mais atenciosa não seja realizada. É isso que vamos tentar fazer aqui, pois o filme é agradável e merece ser visto.

Fato estranho o filme ter custado 80 milhões de dólares para ser produzido, quando a maioria das cenas foram realizadas dentro de uma casa e mesmo as cenas exteriores não justificam tal fato. Adam Sandler pode ter ganhado possivelmente um cachê enorme pelo filme, mas o fato ainda permanece estranho. Obviamente isso não importa. Seu trabalho no filme - um pai confuso pela esposa desequilibrada e tendo que lidar com a fama repentina de melhor chef do país - está bastante acima da média do que ele apresentou até hoje. Ele continua o mesmo sujeito calado e de fala mansa, mas as situações que o roteiro lhe expõe são mais complexas.

Paz Vega - linda, esse filme tentou lançá-la em Hollywood, porém teve um sucesso apenas limitado - funciona como um estereótipo, mas um estereótipo difícil de ser criticado. A mexicana que chega a Los Angeles com uma filha e muita coragem, sem saber falar um pingo de inglês, não é exatamente um papel lá muito original. Mas ela soube segurá-lo firme, dar consistência às suas cenas (o final bobinho emociona graças à sua atuação principalmente) e mostrar que não é só beleza que manda. Seu físico é impressionantemente parecido com o de Penélope Cruz, o que pode vir a ser algo ruim, já que pode ser motivo de comparações apressadas. Ela tem muito mais talento e sua voz não é irritante quanto a de Penélope. Isso vale e valerá muito a seu favor ainda.

Téa Leoni interpreta o maior dos estereótipos do filme. A esposa insegura e desequilibrada. Tudo de uma forma bem forçada, para contrastar com a latina forte e decidida que Vega interpreta. Nesse sentido, fica fácil descobrir porque o filme não estourou nas bilheterias norte-americanas. Visto que, de certa forma, é uma afronta às mulheres de lá. O filme pode mesmo ser visto como preconceituoso. O que é irritante, mesmo quando visto por latinos, como nós, brasileiros. Oras, ao criar um contraste tão grande entre as duas mulheres o filme mostra desde cedo o seu final. Aí que ele pode ganhar pontos, caso decida por não terminar de forma previsível. Só vendo pra descobrir mesmo.

De qualquer forma, como foi descrito acima, Espanglês é um festival de estereótipos. Todos eles rendem risadas, drama e romance. Só que é tudo bonitinho, agradável, e ignorar essas convenções baratas, esses estereótipos escancarados que o roteiro joga para o espectador, é um ato que deve ser considerado com carinho. Ver Adam Sandler mostrar que tem um pouquinho de talento e ver um bom número de cenas entre ele e a personagem de Paz Vega, fazendo rir e emocionar, são dois motivos que me fizeram, de certa forma, ignorar essa falta de originalidade do roteiro. Creio que isso mostra que um filme não precisa ser sempre original para ser bom, e sim saber copiar com elegância. Claro que os cenários de uma bela Los Angeles à beira-mar ajudam.

Uma duração 15 minutos mais longa do que se faria necessário e um grande amontoado de pequenos clichês são os únicos pontos verdadeiramente negativos do filme. O filme, perto de seu final, resolve cair quase em um tom novelístico, que vai se arrastando, arrastando... Felizmente, bem no finalzinho, nos últimos cinco minutos, ele consegue recuperar-se e a impressão final, portanto, mantém-se boa. Espanglês pertence à pequena fatia de comédias românticas do mercado que conseguem, mesmo com seus convencialismos, apresentar "algo mais". Esse algo mais, no caso, é de teor totalmente subjetivo. Mas posso apenas garantir que o filme diverte e, se você se sentir solto, pode se emocionar, mesmo sabendo que está sendo manipulado de forma quase gratuita. Recomendado!

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