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Críticas

Cineplayers

Apenas mais um suspense fraco e dispensável. Próximo!

4,0

Vale cada centavo qualquer ida ao cinema que tenha um filme com a maravilhosa Julianne Moore em seu elenco. Ela é uma das poucas atrizes (ou única) da atualidade que consegue fazer trabalhos interessantes, importantes, de repercussão crítica e ainda ser um ótimo chamariz de bilheteria - talvez só mesmo Cate Blanchett e Nicole Kidman também tenham esse poder. Às vezes acontecem projetos medíocres, como o caso deste "Os Esquecidos", mas em nenhum momento a imagem de Julianne fica arranhada. E sinceramente, ela pode estar em qualquer porcaria que dá um show de interpretação.

Basta conferir as primeiras imagens deste novo filme. Em uma atmosfera cinzenta, melancólica, Julianne está sentada em um balanço no meio de uma praça vazia. As expressões faciais dela, naquele momento, são inexplicavelmente fortes. Você consegue captar a angústia, o sofrimento, a desilusão, tudo isso sem ao menos um diálogo, uma informação qualquer ao espectador. É impressionante: Julianne é brilhante.

Ela aqui interpreta Telly Paretta, uma jovem mulher atormentada pela perda do filho em um acidente de avião. A vida dela tornou-se sem sentido após essa perda, e mergulhou em um grande vazio. Mas sua vida passa por uma grande transformação quando ela descobre que pode estar louca - seu marido (Anthony Edwards, o Dr. Mark Greene da série de tevê "E.R. - Plantão Médico") e seu terapeuta (Gary Sinise, que é ótimo ator mas continua com a síndrome de coadjuvante de luxo) afirmam que ela jamais teve filho algum e que tudo não passa de uma criação da mente dela. Obviamente, Telly fica ainda mais transtornada e tenta se agarrar a todas as lembranças e objetos que fazem parte do seu passado, mas tudo passa a desaparecer misteriosamente. Telly então tentará provar a si mesma que está sã e descobrir o porquê das pessoas à sua volta não se lembram mais do seu amado filho falecido. Telly tentará se apoiar em Ash (Dominic West, de "O Sorriso de Mona Lisa" e "28 Dias", que finalmente mostra talento em cenas-chave do filme), um jovem rapaz que sofre de alcolismo e que Telly jura que também perdeu a filha no avião, mas ele também não se lembra do fato. E pior: o FBI passa a perseguir Telly de forma misteriosa.

Essa premissa interessantíssima é infelizmente desperdiçada pelo péssimo roteiro de Gerald Di Pego, que têm no currículo produções medíocres como "Instinto", "Mensagem Para Você" e "Olhar de Anjo". Di Pego não soube como desenvolver sua história e acaba apelando para soluções constrangedoras, e seu filme se torna uma mistura de "Arquivo X" com "Além da Imaginação". A direção preguiçosa de Joseph Ruben (seu crédito anterior é "Pela Vida de um Amigo") só acentua as falhas. Ruben até começa bem seu filme com planos altos e lindos vôos sobre o Brooklyn, abusando de uma fotografia escura e gélida, bastante apropriada, que apenas se torna iluminada nas lembranças de Telly. Ruben também explora o potencial dramático de todas as cenas, envolvendo o espectador a princípio. Mas assim que o filme se torna uma ficção-policial Ruben acaba por se entregar e muitas vezes parece não confiar no roteiro que tem em mãos. Ele inclusive não conseguiu achar uma solução para certos sumiços na trama - o que acaba provocando risadas em momentos que deveriam ser de tensão. Ruben também não consegue escapar dos sustos óbvios, mas tem que ser elogiado a escusa de Ruben desenvolver um romance entre Telly e Ash (o maior dos clichês óbvios) e uma grande cena de acidente de carro, uma das melhores que já presenciei. Outro fator positivo da trama é a competentíssima trilha sonora de James Horner, que se torna essencial em alguns momentos da trama.

"Os Esquecidos" acaba se tornando, por todas suas deficiências, mais um thriller fraco e dispensável, que tem alguns bons momentos mas que em geral não consegue empolgar ou convencer. Aliás, a solução da história não é nenhuma novidade, já que os mais atentos poderão sacar a resolução já no trailer - inclusive o trailer desta produção é um dos mais polêmicos do ano, pois muitos o consideram apelativo e fajuto, vendendo um produto de forma enganosa. Hollywood é assim mesmo...

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