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Estaremos Sempre Juntos

(Nous finirons ensemble, 2019)
5,8
Média
6 votos
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Sua nota

Críticas

Cineplayers

Reencontro inofensivo

5,5

O ator Guillaume Canet realizou, há alguns anos, um grande filme policial dramático pelo qual foi amplamente premiado, Não Conte a Ninguém. Seguro de suas habilidades, o hit Até a Eternidade colocou seu nome entre os realizadores franceses que não abriam mão do apuro para acessar a sensibilidade, elementos que consegue habilmente equilibrar. Uma continuação para esse grande sucesso se fez prioridade, então em Estaremos Sempre Juntos reencontramos os personagens do longa de 2010 em novo momento, agora cheios de "novos conflitos" e "motivações".

O longa anterior, a despeito de ser uma 'dramédia' sensível sobre as amizades fortalecidas há anos por um grande grupo de amigos, era aberto por um plano-sequência inesperado, protagonizado pelo personagem que não estaria enfim no filme, o Ludo de Jean Dujardin. Abalados pelo acidente com esse personagem, o grupo perde aos poucos a capacidade de camuflar as 'pequenas mentiras' do título original e que sempre foram intrínsecas a essa relação viciada. Essa cena inicial sem cortes deixava claro que o andamento pausado da produção não a confinaria em artifícios pedestres de realização.

Canet é um realizador com as mesmas motivações irrequietas do ator Canet, já visto em impecável momento em Na Próxima, Acerto no Coração. Disposto a não ser um cineasta qualquer, surpreende sua escolha por continuar uma história e trazer pouca substância à nova empreitada. Do ponto de vista do risco, Estaremos Sempre Juntos não empreende nenhum. Parte de um grupo de atores espetacular já visto antes em comunhão, com questões atualizadas em 10 anos, que nem é tanto tempo assim, se você não tem uma evolução efetiva.

Se narrativamente o novo capítulo não avança em questões nem aprofunda seus tipos para além do que já tínhamos acesso, nos critérios técnicos Canet pela primeira vez parece confortável, que alguns chamariam de 'maduro'. Sem um desafio claro imposto, Canet se restringe a nos fazer acompanhar seus personagem uma década depois, ou mais especificamente Max, o protagonista de François Cluzet. Deprimido por conta de dívidas crescentes que o coloca nas raias do desespero, é um desalento observar um personagem prostrado na dor, defendido com garra mais uma vez por um ator repleto de recursos.

O resto do elenco tem pouco a fazer e o roteiro os deixa em suspenso o tempo inteiro. O personagem de Benoît Magimel parece o mais deslocado com tantas viradas de personalidade e decisões desencontradas, que racham qualquer credibilidade. Laurent Laffite sofre praticamente sem qualquer motivação; está em cena e só. Marion Cotillard e Gilles Lelouche se conectam no espelhamento entre seus personagens e que talvez lhes dê mais chances de desenvolvimento. Valerie Bonetton, indicada ao César pela primeira parte, é igualmente sacrificada de espaço aqui.

Com uma trilha sonora com hits norte-americanos de outrora (com a exceção da alemã '99 Baloons'), o filme nunca chateia ou entendia, pelo contrário, é uma produção agradável com um elenco acima de qualquer suspeita que mudou de 'vibe'; antes com ênfase na emoção, a proposta agora é na leveza e diversão, deixando para os 10 minutos finais o momento sensível, com uma "surpresa" não tão surpreendente assim, mas que, para quem admira o longa anterior, fará com que o público derrame suas lágrimas. Vindo de um artista até agora engajado em tentativas superlativas de aprumar a carreira, é pouco. 

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