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Críticas

Cineplayers

Apesar das piadas divertidas, Mr. Bean funciona melhor na televisão.

4,0

Rowan Atkinson recentemente comentou que este As Férias de Mr. Bean representaria a aposentadoria de seu popular personagem. Seu humor simples e caricato enfeitiçou milhões de pessoas ao redor do mundo e, por esse motivo, independentemente da qualidade como cinema de seus filmes, estes são sempre grandes sucessos. Esta sua última empreitada está se dando muito bem ao redor do mundo e, ainda que não seja um bom trabalho cinematográfico, fica bem dentro do que qualquer fã ou admirador de Bean poderia esperar: momentos divertidos e engraçados, ainda que nenhum deles destaca-se em especial.

O tipo de humor de Bean remete à época dos filmes mudos. O personagem fala apenas palavras ininteligíveis, e seus esquetes funcionariam muito bem sem o uso do som. Sem dúvida este é o maior diferencial do personagem e, claro, esse diferencial está presente em As Férias de Mr. Bean.  Aliás, nada mais prático do que fazer um filme assim em um território onde as palavras do personagem têm pouco valor – a França, onde estranhamente poucos parecem saber o inglês. O filme não contém realmente o que se poderia chamar de roteiro, há apenas no máximo um fio de história para mostrar as trapalhadas de Bean.

Há no filme dezenas de momentos visuais sóbrios (sem exageros maiores) que são previsíveis, absurdamente gratuitos e um tanto quanto forçados, chegando ao ponto de tornarem-se quase irritantes. Mas pelo menos não se pode negar o talento de Atkinson ao interpretar seu personagem: suas caras e bocas fazem piadas óbvias tornarem-se ligeiramente engraçadas. Agora a melhor piada ficou por conta do diretor de cinema que Willem Dafoe interpreta no filme: sua arrogância e alienação não permitem a ele ver que o seu filme é uma verdadeira bomba. Enquanto ele tem o que parecem ser orgasmos durante sua premiere, o público ao redor cochila graciosamente. Um tanto quanto irônico, já que alguns momentos de Bean proporcionam a mesma sensação.

A fotografia leve de uma França florida e ensolarada é um bom diferencial para os fãs de Bean que acompanham seus quadros televisivos na fria Londres. Mas o charme do personagem está todo lá, até o seu carrinho está presente com destaque (como não poderia deixar de ser). Não há exageros técnicos, e nem haveria necessidade disso, pois o gênero e principalmente o público a que o filme se destina não são carentes de excentricidades cinematográficas. A simplicidade de Bean combina perfeitamente com a direção também simples de Steve Bendelack e, se isso não ajuda, pelo menos não incomoda.

De forma geral, infelizmente este não é um bom filme. Sem uma boa história para motivar as piadas de uma forma interessante, tudo o que acontece torna-se absolutamente vazio, configurando o trabalho do diretor Bendelack como um daqueles rapidamente esquecíveis. Com o preço dos ingressos nas alturas, sugere-se cuidado ao comprar o seu. Ver este filme ou rever um dos esquetes televisivos não são experiências muito diferentes, exceto pelo fato da segunda ser gratuita (caso você esteja pensando em pagar para ver As Férias, obviamente). Mr. Bean é um ótimo personagem, e ainda que seja extremamente popular, não funciona muito bem no cinema e vai deixar mais saudades para o público da TV.

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