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Críticas

Cineplayers

Advent Children, depois de anos de promessa, chega decepcionando e não agregando nada à história original.

4,0

RPG. Ou Role Playing Game, como queira. Todo mundo que um dia já sentou para jogar um simples game do gênero já ouviu falar, nem que rapidamente, da mais famosa série de RPGs do mundo, Final Fantasy. Como de costume nas grandes empresas japonesas que comandam a área, a perpetuação de uma série que fez um tremendo sucesso ao redor do mundo todo é quase sinônimo de continuação iminente em diversas áreas da mídia: televisão, animes, mangas, filmes, cartas e todo tipo de merchandise possível e imaginável.

Dessa vez a Square-Enix (sim, a mesma que fez aquela animação “bonitinha mas ordinária” em 2000) resolveu apostar, mais uma vez, em um de seus jogos de maior sucesso, a sétima edição da série principal que leva o nome do filme. Advent Children faz parte de um “pacote” chamado “Compilation of Final Fantasy VII” que inclui o filme, um jogo para o Playstation 2 e um jogo para plataforma portátil. Ambos os jogos são side-quests originados a partir de Final Fantasy VII, enquanto o filme é sua continuação direta. Sim, como você deve estar pensando, a série é a galinha que bota ovos de ouro da Square-Enix. Cheiro de níquel no ar.

O filme se passa dois anos após o término do jogo, somos apresentados ao personagem Cloud e todo universo que o cerca. Infelizmente, os pontos negativos do filme começam por aí. Como se não bastasse todo drama psicológico pelo qual o personagem já passa no jogo, vemos aqui um turbilhão de sentimentos amontoados, ao melhor estilo novela mexicana, que quer porque quer nos fazer acreditar que Cloud é o sujeito com o passado mais irreversível e triste da face da terra. Uma lástima!

Outro ponto interessante de se notar em Advent Children é que, após assistir ao mesmo, você percebe que nada mudou desde o momento em que o jogo terminou (ou em que o filme começou). Tudo continua da mesma forma, o filme não indica ou passa qualquer pressuposto de mudança, seja comportamental ou seja psicológica, com o personagem principal, com os coadjuvantes ou mesmo com a trama global. Tudo não passa de uma grande desculpa para que os ansiosos fãs do jogo possam rever seus personagens de ação favoritos remodelados com o que a de melhor em computação gráfica em lutas ultra-exageradas no melhor estilo oriental de se fazer desenhos (animes).

Sem sombra de dúvidas, não poderia deixar de citar, a passagem da luta da trupe contra o Bahamut (para os mais desavisados Bahamut é um dragão mitológico comumente presente na série) como uma das mais constrangedoras que já vi em minha vida. Não estou exagerando: nesse ponto, Advent Children não fica muito longe dos antigos filmes de Xuxa, Trapalhões & Cia. em que a produção, de todas as formas possíveis, tentava achar uma brecha no roteiro para inserir merchandise, artistas globais que não têm nada a ver com a produção e coisas do tipo.

O que vemos aqui é uma tentativa frustrada da Square-Enix de, em alguns míseros minutos, encaixar toda a trupe que fez parte do jogo original em uma luta pessimamente coreografada que possui um desfecho pior ainda. A forma como esses coadjuvantes foram retratados no filme, com exceção da personagem Tifa, é de um mau gosto incrível. Para terminar, algo que possua o nome “Final Fantasy VII” carregará consigo o nome “Sephiroth” (o vilão supremo do jogo) pelo resto de sua vida. Mesmo que 10 filmes fossem lançados e 10 jogos fossem feitos como continuação, acreditem, os roteiristas ainda assim dariam um jeito de ressuscitar o pobre coitado só para que público-alvo seja satisfeito com uma luta entre Cloud (protagonista) versus Sephiroth (vilão). E com Advent Children não foi diferente.

Do lado dos pontos positivos podemos citar os belos modelos poligonais dos personagens e dos cenários foto-realísticos, muito belos. Computação gráfica sempre foi a “cereja-do-bolo” da Square-Enix, seja em produções cinematográficas ou seja em seus jogos tradicionais. Você mesmo, no ano 2000, deve ter se surpreendido com o primeiro filme da empresa, apesar do enredo não ser lá essas coisas. Acontece que, como um efeito borboleta, a computação gráfica e o mercado info-eletrônico vem se desenvolvendo de uma forma tão meteoricamente rápida que é difícil para quem assiste dizer o que é o padrão a ser alcançado e o que é ultrapassado. O fato é que cada vez menos vamos nos deixando de surpreender e espantar com esses avanços, visto que eles são constantes no nosso dia-a-dia. Por mais que um filme use uma tecnologia que poderíamos pensar ultrapassada, às vezes o diretor a emprega de uma “outra forma” não utilizada antes, que um determinado crítico ache interessante, taxando-a de revolucionária quando, na verdade, não é bem isso.

Um dos melhores momentos de A.C. vem logo no início, na luta de Tifa contra um dos vilões do filme. Essa luta sim, possui uma fotografia muito bonita (também pudera, o belo cenário criado ajuda) e uma música de fundo escolhida magistralmente por Nobuo Uematsu, famoso compositor japonês que trabalha com a série há anos. Infelizmente o adjetivo usado a essa música em particular não se aplica ao restante da trilha, que varia entre o “regular” ao “bom”.

Advent Children é um filme de nicho, voltado para os fãs do jogo, obviamente. Mas essa característica particular em evidência não é (ou pelo menos não deveria ser) motivo de causa suficiente para o filme soar tão desinteressante para aqueles que não são tão assim “apaixonados” pela história do jogo. Até mesmo como um fã do jogo, pessoalmente falando, sinto-me decepcionado com a história dessa animação, que não acrescenta absolutamente nada ao universo de Final Fantasy VII.

Comentários (1)

Marcus Almeida | domingo, 23 de Outubro de 2011 - 18:38

Animação completamente inútil.

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