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Críticas

Cineplayers

Um filme pretensioso, que funciona somente pela metade. Venceu o Festival de Gramado de forma cômica.

4,0

O melodrama histórico é um gênero cinematográfico propenso ao nacionalismo grosseiro, mensagens edificantes, situações chorosas e amores platônicos esfacelados. É muito popular, pena que as produções sejam açucaradas, longas e plenas de música lacrimosa, além de terem canastrões como atores e apelarem para um romantismo de quinta categoria.

Gaijin – Ama-me Como Sou, de Tizuka Yamasaki, é um exemplar desse tipo de filme, da pior extirpe, que com ele venceu o mais recente Festival de Gramado sob o protesto quase unânime da imprensa alojada na cidade gaúcha. A diretora já havia vencido com o primeiro Gaijin o mesmo festival, em 1984, mas nada justificaria a vitória dessa continuação.

São dois filmes dentro do segundo Gaijin. Um conta a saga da imigração japonesa para o Brasil, em 1930, no caso para Londrina, no Paraná. É quando vemos o talento da diretora em contar uma história - essa primeira parte é ótima. O outro filme é atual: com as sucessivas crises econômicas e políticas brasileiras, dá-se a segunda imigração, no caso dos brasileiros que foram para o Japão e hoje lá enfrentam toda sorte de preconceito e humilhação. Não se agüenta na discurseira - o filme tinha acabado na primeira meia hora e não perceberam.

Tudo desaba quando entra no filme a personagem de Jorge Perugorria, o ator de Morango e Chocolate: diálogos canhestros, uma edição de som falha e ridícula, atores muito ruins, erros inacreditáveis e um roteiro que mais parece um novelão mexicano caricato e desprezível, de Jorge Duran, o responsável, entre outros, pela novela “Amazônia” (que Tizuka dirigiu na falida TV Manchete) e outras bombas como O Quatrilho.

Como um filme tão irregular, para dizer o mínimo, venceu o Festival de Gramado fica no mistério. Gramado está desacreditado, ninguém consegue mais levá-lo a sério, o diretor está na mira da Receita Federal por emissão de notas frias. Havia uma torcida pelo filme de Domingos de Oliveira, que ficou apenas com o prêmio de melhor atriz.

Enfim: esse Gaijin é a prova de que fazer filmes da Xuxa fez mal para a carreira da diretora de origem japonesa.

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