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Girassol Vermelho

(Girassol Vermelho, 2025)
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Críticas

Cineplayers

Onírico entediante.

4,0

Não é de hoje que o cinema nacional recorre ao elemento fantástico para falar, em grande parte, sobre o que lhe aflige e nos aflige socialmente. De O Xangô de Baker Street ao contemporâneo Noites Alienígenas, nosso audiovisual recorre ao abandono das cobranças em relação à lógica narrativa para recorrer ao diálogo construído através do experimental visual e sensorial, visando potencializar seus temas.

Que autor mais adequado que Murilo Rubião para oferecer essas. possibilidades de delírios, então? O autor expoente do realismo mágico na literatura brasileira tem vários de seus contos adaptados por Eder Santos, em parceria com Thiago Villa Boas, neste Girassol Vermelho, acompanhando um homem, Romeu (Chico Díaz), que abandona seu passado em busca de liberdade, mas logo se vê numa estranha cidade onde impera um regime ditatorial e opressor, que não permite questionamentos e o arrasta para uma sequência de interrogatórios e torturas.

Para Eder e Villa Boas, o que forma Girassol Vermelho é, principalmente, a extensão de suas imagens - em termos de duração mesmo. Romeu pela névoa que o rodeia em câmera lenta, enquanto dilatam suas imagens em frames extremamente alongados, como se quisessem ser pinturas surrealistas em movimento, mas mais esvaziam o impacto da imagem do que exploram sua textura futurística. Girassol Vermelho se torna um filme de ultra-estilização, passando por cima de qualquer esclarecimento sobre as leis que regem aquele mundo e os caminhos que o personagem de Diaz toma, e é óbvio que deixar o espectador neste escuro faz parte dos objetivos dos cineastas, mas deixar o espectador sem NENHUMA informação e somente com os estímulos sensoriais limitam não somente o potencial da imagem, mas a materialização dos discursos políticos.

Assim, o onírico se torna entediante em Girassol Vermelho. Mesmo as veias psicanalíticas da própria obra de Rubião se tornam meros efeitos da sustentação visual da obra. Luzes estouradas e multicoloridas inundam tanto esses frames que o esmero técnico se torna a própria limitação da experiência e de seus pensamentos, condenados a um vagar na mente do espectador que, apesar de acreditar que está conseguindo fazer isso, não leva a lugar algum.

Filme assistido na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

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