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Críticas

Cineplayers

Um filme familiar que resgata toda a inocência e espírito de aventura dentro de cada um de forma perfeita e cativante.

10,0

Ainda me lembro dos dias que chamava o pessoal da rua e saía de manhã bem cedo para brincarmos de pirata, caça ao tesouro, etc. Nobre juventude que eu tive, daqueles tempos que ficam marcados em nossa memória para sempre. Desse mesmo tempo também guardo um filme no fundo do meu coração, que provavelmente reuniu em quase duas horas todas essas brincadeiras que inventávamos quando garotos: Os Goonies. Tudo o que imaginávamos nessas travessuras, as armadilhas, os malvados, as trapalhadas, tudo, tudinho mesmo, estava ali, na tela. É um daqueles filmes que marcam, e mesmo que não seja o melhor filme já feito, acaba se firmando um dos mais divertidos.

Lógico que, tecnicamente, está anos luz atrás de filmes como O Senhor dos Anéis (outro que causou o mesmo impacto, reunindo todas as aventuras de RPG que já joguei em forma de filme) e Star Wars, porém não é disso que Os Goonies vive. Ele respira do espírito de aventura dentro de cada um, aquela criança adormecida com vontade de sair por aí, descobrir os seus limites, simplesmente aventurando-se. É uma deliciosa aventura que explora o sentido do dever, da conscientização e, acima de tudo, da amizade. Fora as lembranças que me traz, da minha infância, de todas as outras vinte vezes que o assisti. É algo que não tem preço.

Quem assina a direção é Richard Donner, o mesmo responsável por clássicos como Superman e a série Máquina Mortífera. Sem dúvida nenhuma fez um ótimo trabalho com as crianças, personificando de maneira bem sólida cada uma, além de imortalizar uma família bem atrapalhada como os bandidos da história, os temíveis Fratelli. Se sua competência ao criar o clima perfeito já não fosse o suficiente, ele contou nada mais nada menos com talvez a pessoa mais importante do cinema Hollywoodiano atual para a produção: Steven Spielberg. O roteiro, aliás, é baseado em uma história escrita pelo próprio Spielberg, com a adaptação feita por Chris Columbus, o mesmo de Esqueceram de Mim e, mais recentemente, os dois primeiros Harry Potter.

A história começa com uma fuga desesperada da família Fratelli da polícia, após resgatar um dos filhos que estava preso na delegacia local. Durante essa introdução podemos conhecer os personagens que mergulharão na história, o grupo de garotos que se autodenominam Os Goonies. A cidade onde moram está prestes a ser demolida como quitação de uma dívida com uma empresa que pretende construir um campo de golfe no lugar das moradias.

Em uma tarde melancólica de despedida dos garotos, eles acham no porão da casa do protagonista Mikey (interpretado por Sean Astin, mais conhecido como o Sam de O Senhor dos Anéis) um mapa que supostamente levaria a um tesouro escondido. Sem nada a perder, os garotos começam uma aventura em busca da única esperança de manterem seus tetos e impedirem a separação do grupo. Só que um dos pontos de partida de tudo é uma casa à beira da colina onde os Fratelli estão foragidos, o que os coloca na história. Além de todos os perigos armados por Willy Caolho, o suposto dono do navio pirata onde sonham haver o dinheiro que procuram, também têm que fazer diversas artimanhas para não serem pegos pelos vilões da história.

Esse filme só tem um defeito: o de passar na sessão da tarde. É que a Globo costuma repetir tanto os filmes que passa no horário que eles costumam perder o seu valor (mesmo tendo uma biblioteca excelente que só costuma gastar no Intercine, quando a maioria das pessoas estão dormindo). Exemplos clássicos disso são os maravilhosos Edward, Mãos de Tesoura, do inteligente Tim Burton, Curtindo a Vida Adoidado, Ghost...

Não há como ouvir o nome dos personagens e não se lembrar das trapalhadas durante a aventura, como o Gordo (traduzido às vezes como Chunk) e seu jeito atrapalhado de ser, Bocão e o seu espanhol assustador, Data e suas invenções mirabolantes, as cenas de amor entre Brand e Andy, a solitária no meio dos meninos Stef e o inesquecível monstro Sloth, que contava com uma excelente maquiagem.

A produção pode ser considerada espetacular. Um navio pirata foi construído em tamanho real, onde os próprios atores foram proibidos de vê-lo antes da filmagem da cena final, para que suas expressões de surpresa fossem utilizadas em pró do realismo da cena em que finalmente encontram o barco. O filme se deu ao luxo de também não incluir diversas cenas na versão final, além, claro, de todo o mundo mágico criado para a aventura, como o piano, as armadilhas e toda a parte artística. Um grande projeto, sem dúvida nenhuma.

São por essas e outras razões que Os Goonies é um dos meus filmes preferidos de todos os tempos. Além de ter uma história excelente, personagens cativantes e todo um espírito único de aventura infantil, é um filme que marcou bastante uma fase em minha vida. A minha intenção ao escrever essa crítica é que algumas pessoas se identifiquem com minhas palavras ou, se não conhecem o filme, que tenham ficado ao menos curiosos para deleitar desse inesquecível presente que o cinema nos ofereceu com toda a sua magia e encanto. No mais, só tenho a agradecer.

Comentários (2)

Caio Gouveia | quinta-feira, 16 de Agosto de 2012 - 08:21

Esse filme tem um roteiro e uma estória tão simples...mas mesmo assim consegue ser único. É aquele filme q joga na tela, o sonho de toda a criança: ir a uma caça ao tesouro ao lado dos amigos, salvar o dia, vencer os vilões...

Só isso já bastaria, mas Os Goonies vai além: ele ainda nos apresenta personagens marcantes, cada um com a sua característica e cenas q ficaram marcadas na memória de toda uma geração.

Talvez o melhor filme com temática "infantil" já feito.

Cristian Oliveira Bruno | terça-feira, 26 de Novembro de 2013 - 17:15

Um filme com tantos personagens e não deixou de trabalhar nenhum deles. Sloth é um ícone do Cinema.
\"Chocolaaaateeee!!!!!!!!!!!!\"

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