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Críticas

Cineplayers

Mais um relato da recente e conturbada história alemã, que peca por não conseguir envolver o público com os fatos apresentados.

6,5

No final da década de 60, a Alemanha continuava seu processo de reconstrução após o término da Segunda Guerra Mundial, na qual o nazismo saiu derrotado do campo de batalha. Entretanto, a democracia alemã ainda dava sinais de fraqueza mesmo 20 anos depois do encerramento dos conflitos. Muitos integrantes do partido nazista ocupavam cargos relativamente importantes na nova organização política. O crescente imperialismo norte-americano, aliado a presença de simpatizantes do fascismo no poder, levou alguns jovens a lutar contra as políticas do novo governo. Assim, os estudantes universitários organizaram a princípio grandes manifestações contra figuras que julgavam repugnantes e genocidas, como aconteceu com o xá da Pérsia durante sua visita a Berlim em 1967.

Os jovens estudantes alemães, seguindo uma época em que os universitários lideraram grandes manifestações pelo mundo, organizaram-se para repudiar diversas ações do governo, como o apoio à guerra do Vietnã. Desse modo, surgia o embrião do que se chamou de O grupo Baader Meinhof, liderados por Andreas Baader e Ulrike Meinhof.

Entretanto, o grupo que nasceu para criar uma sociedade mais humana e combater o uso da força e da violência pelo Estado, acabou empregando métodos contraditórios para alcançar seus objetivos. Atentados a bomba e ameaças de terrorismo eram ações comuns entre os integrantes do bando que, de heróis da liberdade, passaram a agir como se estivessem acima da lei, como se o fato de não concordar com o Estado desse a eles o direito de se sobreporem às normas sociais. O caos, para o grupo, passou a ser legalizado. Agindo dessa maneira, os jovens promoveram diversos assassinatos e espalharam o terror pelo país. Em busca de devolver a humanidade a sua nação, os jovens acabaram perdendo a própria humanidade, e a causa que os guiava passou a ser apenas um pretexto para agir de maneira anárquica.

O Grupo Baader Meinhof é um interessante relato da história da Alemanha, que parece ter encontrado na época do domínio nazista e na consequente divisão do país o principal trunfo para a realização cinematográfica. A fotografia de poucas cores auxilia na transmissão da mensagem de um período turbulento, na qual a alegria não faz parte do dia-a-dia dos cidadãos.

A direção de Uli Edel é muito frágil, e não consegue conferir à trama o dinamismo necessário. Os personagens são explorados superficialmente, apenas com a finalidade de identificá-los como protagonistas ou coadjuvantes na história. As ações do grupo acontecem de maneira rápida, direta, o que deixa o filme sem a mínima ligação emocional com o espectador. As cenas de maior impacto, por consequência, em nada abalam o público, resultando em um trabalho mais frio do que a poderosa história poderia oferecer.

Existe, ainda, certa confusão na hora de transmitir o que leva o grupo a realizar determinado atos. A princípio, as atitudes da organização são respostas às iniciativas do governo, mas com o caminhar do filme as ações dos jovens parecem ser atitudes de rebeldia contra o nada. Infelizmente, não é possível sentir-se nem contrário nem a favor do grupo, deixando o espectador com uma incomoda sensação de indiferença.

O Grupo Baader Meinhof é um retrato histórico, porém distante, que não consegue humanizar seus personagens a ponto de fazer o espectador sentir maior interesse pelo grupo, por suas ações, e pela conturbada situação política do momento retratado. Ou seja, registra os fatos, mas sem maiores preocupações com a maneira pela qual faz isso. Um filme convencional que conseguiu maior repercussão em função dos prêmios a que foi indicado, incluindo o Oscar desse ano de melhor filme estrangeiro.

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