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Críticas

Cineplayers

Mais violento, explica e mostra muito melhor o instinto canibal de seu protagonista.

8,0

Assistindo a Hannibal pude perceber que o filme é muito mais do que o pouco que fizeram ao falar dele. Sim, é bem diferente de O Silêncio dos Inocentes, mais violento, sanguinário, mas não fica atrás em termos de qualidade de produção e, principalmente, em suspense. Justiça seja feita.

O que certamente decepcionou os fãs foi a falta de Jodie Foster na presença da já diferente Claire. A agente está mais madura, segura em sua vida contra o crime. A estrela do primeiro filme recusou o papel por não concordar com o rumo que sua personagem tomara neste filme, o que com certeza afetou o resultado final. O diretor do primeiro filme também (aliás, do segundo, mas explico isso depois) também não aceitou filmar esta continuação, ficando a bola para Ridley Scott, o mesmo de Gladiador e Falcão Negro em Perigo, devido ao excesso de violência dessa vez contidas na história. Acredite, não foi à toa, não foi ego, não foi vaidade. Se você também não curte esse tipo de coisa fique bem longe. O filme está bem menos inteligente, ele mostra mais a essência de Hannibal e seu canibalismo. Mais violência, mais ação. Se achou o primeiro violento nem pense em assistir esta continuação.

A história começa com Claire em uma missão pelo FBI. Com um erro cometido por um membro da equipe nessa missão, ela quem leva a culpa das conseqüências do fato, afinal, liderava toda a operação e a bomba tinha que explodir na mão de alguém. Só que acontece algo que ela não esperava: Hannibal entra em contato novamente com ela, após 10 anos do episódio retratado no filme anterior. Ligando os dois casos, as conseqüências do erro com a sede de vitória que lhe escapou no passado, Claire parte em busca do insano canibal. Só que as condições não são muito favoráveis, já que o erro anterior havia lhe causado a suspensão de sua atividade no FBI.

Na história ainda podemos contar com um ato paralelo: a caça de Mason Verger pelo Doutor. Ele é um sobrevivente de um ataque passado de Hannibal, que o deixou completamente desfigurado. Utilizando-se de Claire como isca, ele quer chegar até o canibal e conseguir realizar a sua sede de vingança. É em torno disso que “Hannibal” gira. A luta de Claire para prender o homem que lhe escapou no passado, a sede de vingança de uma vítima marcada para sempre e o próprio Doutor Hannibal Lecter em ação, ao invés de preso e dando macabros conselhos à alguém.

As interpretações estão fantásticas. Hopkins é frio e perfeito em suas cenas, realmente é um personagem que lhe deu muito (pelo seu trabalho, lógico). Acho muito triste ver entrevistas dele dizendo que Hannibal é apenas “mais um” personagem que sua profissão o obriga a fazer. É disparado o melhor que já encarnou. Um ícone do cinema. Seu charme mistura uma macabra obsessão com um intelecto forte e difícil de se interpretar. Julianne Moore, que interpreta a agente especial, consegue pegar o clima, mas como falei antes, ficou com gosto de “quero Jodie”. Cumpriu bem o papel, fez o que pode. O coberto de maquiagem Gary Oldman, que faz o desfigurado milionário no filme, também está muito bem, é possível perceber mágoa, ódio e sede de vingança em todas as suas cenas, desde a aquisição da máscara, que serve de prelúdio ao filme, até quando ele está perto de conseguir o que deseja.

O filme era esperado, sem dúvida. Os fãs aguardavam loucamente o retorno de Hannibal às telas, e para isso foi necessário desembolsar 10 milhões de dólares pelos direitos autorais do livro homônimo lançado em 1999 por Thomas Harris, adquiridos por Dino de Laurentiis. O orçamento final da produção ficou gordo, 80 milhões de dólares. Uma quantia, inclusive, arriscada, mas que foi necessário apenas duas semanas de exibição para já começar a lucrar com o segundo filme da trilogia Hannibal Lecter: 100 milhões apenas nos EUA durante esse período. O final, aliás, não é o mesmo do já citado livro, já que Ridley Scott considerou simplesmente impossível filmar o que estava escrito, então modificou para o violento final, com a aprovação do próprio Thomas Harris.

Ah, quando eu falei que este filme era o terceiro da série, é porque em 1986 foi lançado um filme chamado Manhunter, no qual ganhou uma refilmagem ano passado, em 2002, só que não contava com Anthony Hopkins e outros atores destes filmes no elenco. Somente cinco anos depois Silêncio dos Inocentes foi lançado, acumulando diversos prêmios, inclusive o Oscar de melhor filme e iniciando a trilogia com Hopkins encarnando o canibal assassino.

Hannibal é pesado. A cena final é chocante, violenta e perfeita no que se diz respeito a fidelidade ao personagem. É tão bem feita que não deixa com que se pareça Trash. Consegue ser levada a sério, ser chocante. Ridley Scott está de parabéns, mesmo com tantas críticas contra, adorei o filme. Ele acertou em cheio nas diversas citações com o filme anterior, que os fãs com certeza identificaram. É bom assistir com a plena consciência que Hannibal é apenas diferente. Não tem cara de O Silêncio dos Inocentes, e sim do verdadeiro Hannibal Lecter em ação.

Comentários (4)

Cristian Oliveira Bruno | quarta-feira, 27 de Novembro de 2013 - 13:28

A abordagem é completamente diferente, mas é tão bom em sua proposta quanto o primeiro filme: se no filme de Demme o foco era mostrar o poder psicológico de Hannibal Lecter, o filme de Scott focou em mostrar toda a violência do doutor agindo. Se já conhecíamos o modo como ele dominava a mente de suas vítimas, agora sabemos que nem só de palavras é feito o arsenal do Dr. Canibal. Filmaço!!!!

Hudson Borgato. | domingo, 08 de Março de 2015 - 11:57

Hannibal Lector se tornou um divisor de águas em relação ao gênero "serial killer", filmes como Zodíaco, Seven e tantos outros se perderam ao longo do tempo evidenciando todo sua superficialidade, porém o Dr. Lector soube envelhecer em meik ao tempo, provando que os trabalhos diferenciados estão acima do tempo, e com certeza Hannibal Lector se tornou atemporal.

Luiz F. Vila Nova | domingo, 08 de Março de 2015 - 14:07

Boa crítica. Gosto bastante do filme também e concordo quando diz que o tom adotado pelo filme é bem diferente do original, mais explícito, pesado e visceral. Só uma correção: não é Claire o nome da protagonista, mas sim Clarisse.

wolmor teixeira | domingo, 08 de Março de 2015 - 14:41

Puta filme do caralho. (sem palavrões é claro.)

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