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Críticas

Cineplayers

Ainda outro filme irregular da série Harry Potter. Continua faltando a tão falada "magia".

6,0

Como grande fã dos livros escritos por J.K. Rowling, esperava com ansiedade como Alfonso Cuarón comandaria esta nova aventura do bruxinho, já que o diretor dos dois filmes anteriores, Chris Columbus, agora ficou somente com o cargo de produtor. Cuarón, vindo do hit "E Sua Mãe Também", tinha expectativas de injetar um novo estilo na série, que mesmo sendo grandes êxitos de bilheteria, deixaram desapontados os fãs dos livros, por não terem a mesma força criativa e narrativa.

Quais eram os problemas com os dois primeiros filmes? Na verdade, o primeiro era até bom, introduzindo o mundo fantástico para os não-iniciados, com uma narrativa linear, bem conduzida, uma espécie de preparação para o restante da série. Só que o segundo filme veio como se fosse ainda o primeiro, seguindo uma espécie de fórmula onde apenas peças-chaves eram modificadas para dar a sensação de mudança, que na verdade não acontecia. Por isso a entrada de Cuarón era esperada com grande expectativa, para ver se ele conseguia imprimir um novo ritmo à saga.

Mas parece que o problema é mais embaixo, e pode ser conferido a duas pessoas: Steve Kloves, o mesmo roteirista dos três filmes (e dos próximos também, infelizmente) - ele ainda não conseguiu encontrar uma forma de condensar o roteiro sem deixar que vários aspectos importantes da história não se percam -, e a própria J.K. Rowling, que na ânsia de dar um padrão elevado de qualidade acaba interferindo no resultado - ela é presença constante nos sets de filmagem e interfere em todas as discussões criativas a respeito do filme.

O filme começa bem, com Potter (Daniel Radcliffe, que se mostra cada vez mais à vontade na pele do bruxinho) assumindo uma atitude mais madura perante seus tios, inclusive mostrando personalidade forte e determinação. Já em sua escola em Hogwarts, junto a Hermione (Emma Watson, que é a figura mais carismática do filme e consegue, incrivelmente, levantar todas as cenas em que está presente) e Rony (Rupert Grint, que aqui vira apenas mais um coadjuvante, sem uma participação mais decisiva na trama), Potter se depara com uma ameça: Sirius Black (Gary Oldman, um dos novatos na série), um bruxo que traiu os pais de Potter, fugiu de Azkban, uma prisão para bruxos que até então era infalível. Black estaria então à procura de Potter, a fim de exterminá-lo.

Mas o roteiro banal vai perdendo o fôlego no decorrer da história, e chega a ter momentos arrastados, o que vai incomodar bastante as crianças (talvez este o motivo do filme não ter sido um grande estouro de bilheteria como os anteriores). A inserção de elementos mais sombrios e assustadores consegue tornar tudo mais forte, mais pesado, o que é um grande avanço, mas nunca conseguem passar uma real sensação de medo (talvez apenas para as crianças), de pavor, o que no livro é a mola-mestra. E o final abrupto funciona como um grande anti-clímax, exatamente o contrário do desfecho do livro, que é assustador.

Há de se louvar a direção de arte magnífica e detalhada de toda a série, com um louvor para este, que é de uma riqueza impressionante. Cada centímetro de película é impregnado de texturas e formas que enchem os olhos. Rogwarts, inclusive, ganha uma maior dimensão, com suas áreas externas sendo aproveitadas pelo filme. A música de John Williams, se não tem algo de marcante, é convencional e bela, inclusive com um belo coral de vozes logo ao início. Os efeitos especiais estão cada vez mais sofisticados, inclusive com uma criatura digital que é a mais perfeita da série até agora. E a utilização de grandes atores britânicos na série só aumentam o nível, mesmo que com participações pouco efetivas. É duro ver Maggie Smith e Julie Walters apenas em lances relâmpagos. Os novatos, além do já citado Oldman, incluem a maravilhosa Emma Thompson, como a professora de adivinhação Trelawney, Timothy Spall (dos filmes do Mike Leigh), como Peter Pettigrew (peça-chave na trama), David Thewlis, como Lupin, o novo professor de defesa contra a arte das trevas, em uma participação muito simática e que vai deixar saudades, e Michael Gambon, injetando vitalidade e energia ao substituir o falecido Richard Harris no papel do mago Dumbledore.

Mas o filme tem um desenvolvimento fraquíssimo. Muitos personagens não tem o background necessário e ainda falta um quê para tornar o filme algo como mais, digamos, mágico. E não creio que será no próximo da franquia, pois será comandado por Mike Newell, conhecido por seus romances água-com-açúcar como O Sorriso de Mona Lisa e Quatro Casamentos e Um Funeral. Mas resta-nos torcer.

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