Saltar para o conteúdo

Highlander - O Guerreiro Imortal

(Highlander, 1986)
6,7
Média
225 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Cult dos anos 1980 envelheceu mal, mas momentos vibrantes permanecem bons.

6,0

Highlander – O Guerreiro Imortal faz parte de um grupo de filmes que definem o cinema norte-americano dos anos 1980. Filmes sem grandes características artísticas e intelectuais, mas lotados de personagens interessantes e, principalmente, que proporcionam muita diversão. São aqueles filmes que passavam incontáveis vezes nas matinês da televisão aberta na década de 1990, e ainda hoje possuem fãs que os cultuam. Para Highlander, porém, o tempo não foi generoso. Seu valor maior nos dias atuais é como objeto de saudosismo para quem o assistiu justamente à época de seu lançamento ou em uma dessas inúmeras apresentações na televisão na década seguinte.

A história, de teor épico – imortalidade, a busca pelo grande segredo da vida (“o grande prêmio”) – perde-se em meio a situações banais e textos fracos. De marcante, há duas lutas de espada plasticamente muito bonitas, incluindo o duelo final entre MacLeod e Kurgan, quase que inteiramente perfeitamente coreografado, fotografado e filmado, mesmo com os efeitos especiais (o grande dragão), hoje bastante debilitados pelo tempo. Deixando de lado as cenas de ação, o filme explora apenas supercialmente os temas colocados acima. Pouco ficamos sabendo sobre a alma, o interior dos imortais, os prós e contras de não poder morrer. Sabemos, por exemplo, que a benção do amor acaba sendo dolorosa, pois esses serem vêem todos os que amam morrerem, inexoravelmente, obrigando-se a suportar a dor eterna da separação.

No final das contas, a divisão entre esse tipo de discussão filosófica e as cenas de luta acabam deixando o filme sem foco, e Highlander nunca se aprofunda em nada realmente, configurando-o, assim, como o típico filme da década de 1980: divertido, mas banal. Uma diversão escapista. A irresponsabilidade em criar um roteiro melhor é tão grande que a investigadora responsável por tratar o caso de MacLeod acaba deduzindo sua origem imortal após o que parecem ter sido poucas horas de investigação com a ajuda do computador. Para completar, a cena de amor entre ela e MacLeod que se segue é de um mal gosto extremo, filmado quase como um soft-pornô de terceira categoria. Deveria ter ficado de fora, simplesmente.

Ainda com esses problemas, Highlander possui momentos ótimos. O filme se mantém lembrado pela grandiosa trilha sonora, liderada por “Who Wants to Live Forever”, do Queen, e outras belas canções, que ajudam a engrandecer o roteiro limitado. Como já foi citado antes também, há pelo menos duas lutas belíssimas, uma delas envolvendo o personagem de Sean Connery (que filmou sua participação no filme às pressas devido à agenda apertada). E toda a idéia de Highlander é muito rica, tanto que o filme teve até hoje quatro sequências e uma série televisiva, que servem para explicar questões deixadas em aberto nesse primeiro filme. Nenhuma delas, porém, é reconhecidamente melhor o original. A última versão, Highlander – A Origem, foi lançada em 2007. Evite-a!

Tecnicamente, além dos efeitos especiais naturalmente empobrecidos com o tempo (e há quem abomine a computação gráfica no cinema atual), Highlander possui uma montagem estranha e desorientada, sem foco e sem ritmo, quase que aleatória, indo e vindo no tempo através de flashbacks que ajudam a mostrar o caminho de MacLeod durante seus aproximados 500 anos de vida. Inclusive um flashback que se passa durante a Segunda Guerra Mundial ficou de fora da versão original dos cinemas. Finalmente, como o típico filme da década de 1980, o humor não poderia ter ficado de fora. Ele tira bastante do teor épico que a história proporciona, mas, depois de 20 anos do lançamento do filme, ainda funciona razoavelmente bem.

Highlander é um filme que continuará cultuado com o passar dos anos pelas pessoas que o experimentaram em sua primeira década de vida, mas pela sua precariedade como cinema além do entretenimento, não deve ter muita força com a nova geração de cinéfilos. Ainda mais se estes passarem os olhos nas sequências do filme. Há rumores bem vagos sobre uma refilmagem. Se cair na mão de um bom diretor e for investido um dinheiro razoável na confecção de efeitos especiais respeitáveis, o filme pode ser bom e até mesmo superior à esta versão original. Mas sou totalmente contra refilmagens, então espero que esta não aconteça. Infelizmente, ao contrário de seu personagem principal, o filme não é imortal, apenas decente.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | quarta-feira, 27 de Novembro de 2013 - 14:36

É um filme muito bom, porém datado. Uma produção fraca. Não é como Blade Runner, ou Mad Max, ou Alien, ou Os Goonies, filmes que permanecem atuais.

Faça login para comentar.