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Críticas

Cineplayers

Apesar da boa caracterização do personagem dos games, filme é bastante ordinário e aparenta ter sido feito às pressas.

4,0

Eu era um grande fã de Hitman – Codename 47 quando ele foi lançado para os computadores, lá pelo ano de 2000. Apesar de possuir vários problemas em termos de jogabilidade, a sensação de liberdade que o game trazia na época era assombrosa: havia várias maneiras diferentes de realizar uma mesma missão, obrigando o jogador a utilizar muita lógica e inteligência em certas situações. A embalagem do DVD tem escrito algo como “baseado no game mais popular de todos os tempos”. Longe disso! Hitman possui várias sequências e realmente cada novo capítulo lançado faz bastante sucesso, mas nem perto de ser a série de jogos mais popular da história. Exageros à parte, eu esperava do filme um trabalho bem divertido, até porque o pouco que li sobre ele (que saiu dos cinemas com a mesma velocidade que chegou a eles) era basicamente positivo.

O resultado final, no entanto, é bastante medíocre. Pense em uma versão de Bourne muito mais superficial e clichê – talvez mesmo como uma imitação barata. Hitman – o personagem – foi criado por uma empresa mestre em desenvolver assassinos profissionais frios, e deveria possuir poucas características humanas, como amor e compaixão. No filme arranjaram até uma espécie de par romântico para ele (como em A Identidade Bourne, a moça começou sua jornada com o personagem principal sob forte coação). O roteiro é bastante inconsistente, cheio de reviravoltas, personagens de duas caras bastante caricatos, conspirações políticas e o diabo a quatro. Talvez seria mais interessante criar um roteiro que tentasse ser menos arrojado (e confuso) e investir mais na personalidade de Hitman, pois a complexidade de sua mente foi pouquíssimo explorada no filme.

Agora, independente de escolhas do roteiro (que podem agradar a uns e desagradar a outros, naturalmente), o filme peca também por ser tecnicamente ordinário. Embora haja alguns momentos inspirados na montagem, e a fotografia seja de bom gosto, a melhor qualidade acaba sendo o fato do filme ter uma duração bastante curta, pois o excesso de tiroteios e explosões no segundo ato acaba cansando. A trilha sonora é vigorosa e dá força às cenas de ação, mas falha ao não conseguir criar músicas que fiquem marcadas além dessas cenas. O diretor Xavier Gens é francês e praticamente um novato na função, e esse fato justifica, pelo menos um pouquinho, as limitações do filme.

Aqui e ali pode-se ver homenagem aos games da série (há dois planos que pegam Hitman andando em um corredor de hotel de costas, tal como se fosse um jogador do game), e a caracterização do personagem ficou bastante parecida com a sua fonte – sempre andando de roupa social e terno e gravata, a classe e o requinte são algumas de suas características mais fortes. Até mesmo na hora de enfrentar outros assassinos de sua espécie ele sugere que lutem e morram com classe. Timothy Olyphant combinou quase que perfeitamente com o papel (inicialmente seria Vin Diesel o escolhido). O “quase” é pelo fato de que ele é um pouco magro demais (embora tenha se preparado e ganhado músculos antes do início das filmagens) e o Hitman original é mais encorpado. Cito isso apenas como mera curiosidade, pois não sou chato com detalhes tão pequenos em adaptações para o cinema.

Hitman funciona como um filme razoável de ação mesmo para quem nunca ouviu falar dos jogos, embora terá um público mais interessado (obviamente) nos fãs do personagem. Em ambos os casos, porém, o resultado será, no máximo, ordinário. A sensação geral é a de um filme feito às pressas, e mesmo seus raros momentos verdadeiramente interessantes (sim, há alguns deles) não são o suficiente para uma indicação positiva do filme pois, para cada cena boa, há uma cena constrangedoramente ruim como contrapartida. Agora, seria possível fazer um filme muito melhor a partir de um material proveniente de um jogo de ação? Acredito que não, pois os próprios jogos nunca foram lá muito originais em termos de roteiro e seus personagens sempre foram extremamente caricatos e limitados. Enquanto isso pode ser suficiente para divertir jogadores na frente do computador, para o rico mundo do cinema, é algo medíocre.

Comentários (3)

Alexandre Marcello de Figueiredo | segunda-feira, 04 de Fevereiro de 2013 - 20:42

O filme é ruim, inconsistente, não gostei. O game eu não conheço, sou analfabeto em games.

Cristian Oliveira Bruno | quarta-feira, 27 de Novembro de 2013 - 14:39

Os jogos do Hitman são muito bons. Há missões em que você completa sem sequer disparar um só tiro, algo esquecido no filme. Fraquinho....

Luiz F. Vila Nova | quarta-feira, 26 de Novembro de 2014 - 10:29

Gosto do filme, embora concorde com boa parte das limitações apontadas pelo Koball. O filme é bastante fiel ao material original (com as devidas ressalvas é claro), além de ser divertido e relativamente bem produzido. Nota: 5,5.

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