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Homem-Aranha 2

(Spider-Man 2, 2004)
7,6
Média
1097 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Não é tão original quanto o primeiro filme, mas é mais movimentado, tem mais ação e melhores efeitos.

8,0

Apenas dois anos depois do filme que surpreendeu o mundo com a maior bilheteria de estréia nos Estados Unidos, por uma longa margem, chega a óbvia seqüência, Homem-Aranha 2. Contando com o maior orçamento de todos os tempos para um filme (algumas fontes indicam US$ 210 milhões, outras US$ 225 milhões), esta seqüência está recheada de cenas de ação de tirar o fôlego (muitos reclamaram da falta de ação do primeiro filme) com efeitos especiais muito bacanas, e uma história que parte de onde o primeiro filme acabou (no início há uma explicação dos principais acontecimentos do filme anterior). O Homem-Aranha original ainda é meu filme de super-heróis favorito de todos os tempos, e essa seqüência veio precedida de gigantescas expectativas, as quais seria complicado de serem superadas.

A primeira boa notícia a ser destacada é que Homem-Aranha 2, ao contrário do que muitos poderiam achar (e confesso que cheguei a achar isso em certo momento no início da produção também) NÃO é simplesmente uma seqüência caça-níqueis, feita às pressas e com roteiro banal, para tentar lucrar em cima da enorme base de fãs do filme de 2002. Temos uma história escrita com cuidado especial, respeitando os fãs e dando seqüência lógica e linear à apresentação do mundo do Aranha, que foi o primeiro filme. Os personagens (e os atores) são os mesmos, suas motivações também, apenas tudo adquire uma escala muito maior e, na maioria dos casos, mais excitante.

Visualmente, é um dos filmes mais impressionantes que a nova onda de blockbusters de Hollywood já criou. O orçamento foi bem gasto e mesmo que os efeitos especiais não sejam perfeitos (não creio que poderiam ser de qualquer forma) eles convencem em gênero, número e grau. E que grau! As seqüências de ação, que basicamente se resumem a lutas entre o Homem-Aranha e o Dr. Octopus – o vilão desta seqüência (e muito mais querido pelos fãs do que o Duende Verde do filme original), são magnificamente coreografadas e atingem níveis épicos, como é o caso da seqüência com o trem. A única parte negativa é que, mesmo visualmente impressionantes, as lutas entre os dois acabam tornando-se repetitivas. Talvez houve um exagero da parte do competentíssimo diretor Sam Raimi nesse caso, mas o orçamento permitiu, e como muitos chiaram em relação à falta de ação do primeiro (não concordo, mas entendo), o óbvio aconteceu. Agora há ação para ninguém reclamar.

O enredo, embora caprichado e bem montado, no sentido de não ser forçado demais, é bem previsível (mas há sim algumas boas surpresas, principalmente lá pelo final do filme), o que não é necessariamente algo ruim. Peter Parker está confuso, não consegue conciliar sua vida de estudante com sua vida secreta de herói, e as coisas começam a não dar certo. Quando descobre que seu amor, Mary Jane, vai se casar com outro, a coisa desmorona de vez. É a crise do herói, e Parker/Aranha terão que saber lidar com isso enquanto um novo lunático, Dr. Octopus, dominado pelo seu próprio experimento, ameaça mais uma vez a paz e tranqüilidade (!!!) da imensa metrópole que é Nova York.

Às vezes a quantidade de informação jogada para o espectador é um pouco demasiada, o vai-e-vem na vontade de Peter Parker (a confusão em sua cabeça) deixa o filme com um ritmo irregular lá pelo seu 3o./4o. de duração, mas os personagens são muito interessantes, o filme é incrivelmente divertido, e isso não chega a atrapalhar e não seria motivo para maiores reclamações. Talvez o maior erro em relação ao roteiro (e provavelmente o único) é que muito da estrutura do filme é sugado, fisgado, copiado do primeiro filme. Cenas como a do pequeno prédio em chamas, o aparecimento de um novo vilão de uma maneira praticamente idêntica, ou mesmo a luta final à noite entre herói e vilão são apenas exemplos básicos. Mas o filme, de maneira geral, consegue manter um ritmo decente. Não tem uma estrutura tão encantadora quanto a do anterior (descoberta dos poderes e depois uso deles), mas ainda assim é mais, muito mais, em termos de roteiro, do que apenas um amontoado de seqüências de ação uma após a outra.

Homem-Aranha 2 é um filme de extremos em relação ao seu estilo de narrativa. Por vezes é deveras violento (uma cena em particular com o Dr. Octopus “acordando” no hospital), e em outros momentos é incrivelmente trash, cômico, da forma mais “B” (confirmando a origem de filmes B do diretor Sam Raimi, famoso pela série Uma Noite Alucinante), como na cena do elevador (genial, embora alguns a considerarão exagerada e de mal-gosto) e a seqüência inicial. É uma mistura deliciosa, que exige ousadia por parte do diretor. E depois habilidade para fazer tudo isso funcionar. Sam Raimi sabe das coisas, e fez seu dever de casa direitinho. Arranjou até uma maneira de colocar seu xodó de Uma Noite Alucinante, Bruce Campbell, em mais uma ponta muito divertida, a exemplo do filme original. Stan Lee também aparece, dessa vez ainda menos do que no primeiro filme (creio que foram alguns poucos frames).

Não considero esta seqüência tão boa quanto o filme original (um filme daqueles é raro acontecer “do nada”, como foi), mas mantém o nome da franquia em alta, é muito melhor em termos de ação (embora o lado ruim disso é que ela é bem mais repetitiva) e é quase tão divertido quanto o filme de dois anos atrás. Homem-Aranha 2 conta ainda com uma trilha sonora do mestre Danny Elfman, linda e com o clima encantador que o primeiro filme possui, de fotografia alegre, viva, quase um cartoon na tela, embora de maneira geral seja um filme um pouco mais sombrio. É, resumindo, o melhor filme de super-heróis desde Homem-Aranha.

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