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Críticas

Cineplayers

Enquanto o roteiro é horrível, Chan e Tucker estão em boa sintonia para garantir a diversão. O saldo final é positivo.

6,0

A Hora do Rush 3 já está no forno há anos, o que é no mínimo engraçado, visto que o produto final não é nenhuma obra de imenso cuidado ou de boa finalização. Bem pelo contrário: temos uma boa porcentagem dos clichês de filmes policiais utilizados à exaustão e uma gama de vilões caricatos, que não assustam pelo simples fato de sabermos que a dupla principal nunca teria alguém morto. Há até mesmo o velho clichê do mocinho que no final revelou ser o bandido, para espanto de ninguém. Uma graciosa ode à falta de originalidade. Para completar, há vários problemas de continuidade ou mesmo furos imensos no roteiro: como personagem X saberia que personagem Y estaria no momento Z no local... Bem, você entendeu!

A verdade é que Bratt Ratner é especialista nesse tipo de filme. São dele os dois primeiros exemplares de A Hora do Rush (o primeiro, ainda insuperável, com Jackie Chan quase no auge de sua carreira, quando ainda não havia sido contaminado pelos roteiros ruins de Hollywood). Esse terceiro exemplar é sim mais do mesmo, e todos os pontos negativos citados no parágrafo acima são sim irritantes. Porém, para sua salvação, o filme confirma o fator diversão da série e, quando consegue misturar boas piadas com ação interessante (não inteligente, mas não mais burra que qualquer Duro de Matar, por exemplo), todos aqueles pontos negativos podem ser renegados a segundo plano sem sentimento de culpa.

Há pelo menos uma meia dúzia de momentos engraçadíssimos, e se a proposta do filme é oferecer diversão descompromissada (chavão que considero irritante, uma desculpa para apresentar filmes burros para o povo – vide Transformers - O Filme), ele o faz sem ofender muito a inteligência dos espectadores, com uma história absolutamente vencida, mas o suficientemente boa para justificar cenas bonitas e bem montadas, no sentido que a ação flui bem sem forçar muito a continuidade do enredo para uma cena específica. Até mesmo alguns figurantes ganham destaque, como o taxista que faz uma expressão impagável ao se sentir um agente americano profissional durante uma perseguição pelas ruas de Paris. E há vários outros momentos tão bons quanto este.

Jackie Chan continua sendo o motor principal da série. Enquanto Chris Tucker diverte com sua cara-de-pau e piadas auto-racistas, seu personagem é o estereótipo máximo para atores negros no cinema policial norte-americano, quando estes interpretam policiais – vide Martin Lawrence e, principalmente Eddie Murphy. Já Chan brilha com seus movimentos elásticos e quase sempre inesperados. Ainda que o peso da idade (ele está com 53 anos) comece a deixá-lo mais lento, é inegável sua excepcional forma física, e isso se faz valer durante um bom número de cenas, culminando com o duelo final em plena Torre Eiffel. Infelizmente a sua carreira não vingou em Hollywood como ele deseja (Chan ainda sonha em fazer filmes sérios e trabalhar ao lado de Spielberg), mas quando ele faz o que melhor sabe, ele é praticamente insuperável.

A Hora do Rush 3 é um filme com problemas impressionantes no quesito roteiro, mas se peca nesse sentido, agrada quando o assunto é diversão e parte técnica. Com um número enorme de filmes do gênero disputando a atenção dos espectadores neste ano, este terceiro capítulo aparenta estar desgastado e velho (o que não deixa de ser verdade), mas vale uma espiada para quem é fã do gênero ou quer apenas uma tarde de diversão descompromissada – sem ter sua inteligência muito ofendida. Só um pouquinho, talvez.

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