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Críticas

Cineplayers

Um filme como poucos.

0,0

Dotado de todas as qualidades que um filme de terror contemporâneo deve possuir, Horror em Amityville serve como um perfeito exemplo da cinematografia americana de filmes recentes do gênero: paisagens aterrorizantes; perfeita preparação de clima para a chegada das cenas assustadoras; direção precisa, nunca mostrando mais do que o suficiente – o melhor é quando o terror é criado pelo próprio espectador, em sua mente; atores experientes, que dêem credibilidade com suas qualidades, que nós, simples mortais, não possuímos: como agir perante situações teoricamente impossíveis de forma verossímil; e, claro, um roteiro que valoriza o gênero com cenas que realmente proporcionam tensão.

Há uma refilmagem deste filme, feita em 1979 que tenta obter sucesso em cima de uma história que, no livro original de Jay Anson (ele é muito bom mesmo), é muito assustadora – baseada em fatos reais, obviamente, como manda a cartilha do gênero atual. Mas aquele filme não foi tão feliz quanto esta versão do diretor estreante Andrew Douglas. Ele tem tudo para ser o próximo Hitchcock. Mas é bom não nos apressarmos. Aqui seus cortes rápidos e desconcertantes – alguns muito surpreendentes, diga-se de passagem, o diretor tem estilo próprio, o que não ocorre todo dia em Hollywood – criam um clima de mistério que faz com que seja complicado tirar os olhos da tela. O ato final é uma torrente de emoções sensacional: poucas vezes o espectador moderno foi surpreendido por tamanha habilidade em capturar a atenção do espectador.

E o principal elemento que um bom filme de terror deve ter está aqui: não contar tudo. O espectador não precisa ver tudo, não precisa ter tudo mastigado. A parte subjetiva é o que coloca-o dentro do filme. O roteirista Scott Kosar (o mesmo da refilmagem de O Massacre da Serra Elétrica) não poupou esforços em colocar buracos na história para serem preenchidos pelas cabeças pensantes de que assiste ao filme. É muito gratificante, por exemplo, quando no ato final, no momento mais importante do filme, o clímax máximo, a história pula da noite para o dia em segundos. E por que não citar o misterioso padre Callaway (Philip Baker Hall, em um dos papéis mais importantes de sua carreira), que demonstra ter uma grande história em sua vivência que, satisfatoriamente, não nos é apresentada?

Outra opção acertada que foi fundamental para o sucesso do filme é o fato de, no mesmo ato final já comentado anteriormente, o suspense dar lugar para a ação desenfreada. Terror é sempre interessante. Suspense também. Mas o clímax de um filme do gênero que se preze deve ser lotado de perseguições: como é delicioso ver o assassino, o monstro, ou quem quer que seja, ficar correndo atrás da mocinha ou da família indefesa. Isso porque é sempre complicado imaginar o final desse tipo de cena, e aqui o diretor Andrew guarda a surpresa até os últimos segundos – mesmo aqueles que dizem terem adivinhado o final de O Sexto Sentido não conseguiriam adivinhar o que iria acontecer aqui.

Eu poderia gastar mais um tempo falando das atuações. Do fato do mocinho andar o tempo todo semi-nu (sexo sempre combina com suspense) e das moças (mãe e filha) serem pessoas dotadas de uma inteligência superiora, o que torna todos os acontecimentos mais complexos e intrincados. Mas seria me repetir demais. Já elogiei muito o filme. Horror em Amitville é, assim como a safra recente de suspenses vinda de Hollywood, um filme obrigatório para qualquer pessoa que curta uma boa sessão de cinema. O ideal é falar com o proprietário da sua vídeo-locadora favorita e exigir que sejam compradas dezenas de cópias. Assim ninguém vai sentir a decepção de não poder assistir ao filme o quanto antes.

Comentários (2)

Francisco Moura | quarta-feira, 16 de Maio de 2012 - 10:39

Nunca vi tanta irônia junta.

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